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ELEIÇÕES 2018
Ciro Gomes: falsa alternativa à direita golpista e busca pelo “extremo centro”
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.
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Ciro Gomes ainda aparece para um setor de jovens e trabalhadores como uma alternativa contra a extrema direita. Entretanto, o candidato do PDT, que tem como vice a perseguidora de indígenas e inimiga das mulheres, Kátia Abreu, adota cada vez mais um discurso semelhante ao do reacionário tucano Geraldo Alckmin, que apela a uma falsa "paz social" enquanto os golpistas aplicam ajustes, os capitalistas implementam a reforma trabalhista e negam o direito ao aborto para as mulheres.

Ciro Gomes também quer desviar nosso ódio legítimo contra a extrema direita e Bolsonaro para seu palanque eleitoral, que promete atender aos interesses dos mercados, como o PT faz.

Com o avanço do PT nas pesquisas eleitorais toda sua retórica de centro-esquerda foi caindo por terra em busca de um voto “anti-petista” e ao mesmo tempo para tentar entrar na feroz competição com o PT para ver qual candidato consegue atrair mais setores burgueses anti-Bolsonaro.

O discurso cada vez mais de direita de Ciro Gomes não é alternativa para enfrentar os capitalistas sedentos por reformas, nem ao pacto que o PT oferece à direita (PMDB, PSDB, Centrão) para integrar-se ao regime e reescrevê-lo à direita.

Há uma corrida ao centrão e ao “mercado”.

Até pouco tempo atrás Ciro e Haddad ainda competiam no mesmo espectro “anti-golpe”, mesmo mantendo propostas de reforma que continuavam a investida dos golpistas. Mostrávamos como detrás dos discursos do político do Ceará, seu programa, tal como o do PT, incluía uma reforma da previdência e agressiva “responsabilidade fiscal” para garantir o pagamento da dívida. Mas agora com a consolidação do cenário eleitoral, há uma corrida a agradar ao mercado e buscar governabilidade com o centro político golpista.

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Hoje o site de Ciro destaca como uma das principais menções a ele na mídia, um artigo de opinião da ex-tucana Monica de Bolle (ela foi parte do governo FHC e hoje é membro do Instituto Millenium ligado à Rede Globo), a neoliberal coloca Ciro como um bom gestor para os negócios capitalistas e realizar as reformas que os empresários desejam, na contramão do que uma parcela importante de seus eleitores desejam.

O principal assessor econômico de Ciro, Mauro Benevides Filho, já deu diversas entrevistas propondo uma reforma da Previdência que tenha como um de seus pilares a “capitalização”. Ou seja, parte do valor das aposentadorias não seria mais garantida pelo Estado mas seria necessário que cada trabalhador criasse uma poupança.

Isto é exatamente o que o tucano Nelson Marchezan quer fazer com os municipários de Porto Alegre, e o que o tucano João Doria só não conseguiu em São Paulo graças a forte greve dos professores e servidores que o derrotou.

Mauro Benevides também afirmou, durante o Exame Fórum, que das 148 estatais brasileiras existentes hoje, “cerca de 77 poderiam ser privatizadas” num governo do PDT. Aqui também se assemelha à campanha de Alckmin, cujo assessor econômico, Pérsio Arida, afirmou que "não existe estatal estratégica" no Brasil.

A campanha de Ciro também propõe um ajuste fiscal, ou seja corte nos gastos em saúde e educação, respeitando a neoliberal Lei de Responsabilidade Fiscal. Isso tudo para pagar os custos da "bolsa banqueiro", a fraudulenta dívida pública, que Ciro Gomes se gaba de ter pago integralmente quando era governador do Ceará, afirmando que fará o mesmo com a dívida pública federal.

Nosso combate à extrema direita não pode ser resolvido com o voto

Não será por “mal menor” e conciliação com os capitalistas, com a direita e com os empresários, que se combaterá o golpismo. E o “mal menor” que já casava em sua própria chapa a conciliação com a direita ruralista ao ter Kátia Abreu de vice, está cada vez mais indiferenciável de Alckmin e do que quer uma economista querida da Rede Globo.

Estas eleições estão marcadas pela manipulação do judiciário que impediu o direito da população votar em quem quiser, e com uma odiosa extrema direita com força eleitoral a maioria dos trabalhadores e dos jovens procurou uma maneira de expressar a raiva contra o golpismo e a extrema direita. O PT já oferece abertamente um pacto de unificação - precário e instável - com a direita que operou o golpe institucional e as brutais reformas antioperárias de Temer. O reflexo do fortalecimento do PT levou Ciro Gomes a passos ainda mais firmes à busca de um leito mais confluente com sua trajetória política, o velho “centrão” de um político que começou a carreira no partido de Maluf, foi depois tucano, do PPS, do PROS e agora está no PDT.

Este passo retórico ao centro “correndo atrás do PT” completa a coerência com seu programa político. Por trás da retórica desenvolvimentista escondia-se a defesa de acelerar o pagamento da dívida pública, entregando ainda mais recursos ao imperialismo. Por trás da promessa de revogar a PEC 95 que congela os gastos públicos escondia-se a defesa de cortes em gastos sociais para garantir a “responsabilidade fiscal”, em tempos de crise, essa responsabilidade com os negócios dos empresários é sempre repleta de medidas antipopulares, como vimos nos governos do PT, especialmente no segundo mandato de Dilma.

Por uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana

A resposta à direita e aos capitalistas não passa em assumir um programa que tem a odiada reforma da previdência, que carrega o mais agressivo agronegócio em sua vice-presidência e que quer promover um agressivo “ajuste fiscal”.

Frente a essas ameaças de ataques inclusive de Ciro, e a voracidade da extrema direita em meio a 28 milhões de pessoas sem emprego, há que levantar um plano de emergência que coloque a população trabalhadora para debater os grandes temas estruturais do país: uma Assembleia Constituinte.

Uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, que possa votar livremente pelo não pagamento da dívida pública; pela reestatização sob gestão dos trabalhadores e controle popular de todas grandes empresas estratégicas como a Petrobras, a Eletrobras, os serviços de água e transporte, que passem a ter licitações públicas transparentes e controladas pela população; pela anulação de todas as leis reacionárias votadas pelos governos anteriores e a aprovação do aborto legal, seguro e gratuito; pela eleição por voto direto de todos os juízes e políticos, que passem a ganhar como uma professora e sejam revogáveis se traírem o mandato popular. Que todos os casos de corrupção sejam julgados por júri popular, assim como a abolição do Senado e a unificação em Câmara Única do Legislativo e do Executivo.

Essa é uma proposta emergencial que fazemos, pois cremos que no marco de uma luta como essa, estas consignas ditas "utópicas" nos marcos da "democracia capitalista" se tornarão amplamente populares, e consideráveis setores da classe trabalhadora perceberão que o poder real na sociedade capitalista não está no voto que damos a cada dois anos, mas sim no poder econômico e militar da burguesia. Será uma experiência que permitirá avançar na compreensão da necessidade de lutar por um governo dos trabalhadores que rompa com o capitalismo.

 
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