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IGREJA X ESTADO, ASSUNTOS SEPARADOS
Alckmin diz que o Estado não deve estar ’distante das igrejas’
Débora Torres

Geraldo Alckmin (PSDB) participou ontem da abertura da Feira Expo Cristã e disparou mais uma de suas pérolas. Afirmou que há uma visão “equivocada” de que o Estado, por ser laico, deve estar “distante das igrejas”.

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Geraldo Alckmin (PSDB) participou ontem da abertura da Feira Expo Cristã e disparou mais uma de suas pérolas. Afirmou que há uma visão “equivocada” de que o Estado, por ser laico, deve estar “distante das igrejas”. Disse:

“Há uma visão, às vezes equivocada, de que, pelo estado ser laico, ele deve estar distante da sociedade, distante das igrejas, distante das religiões. Não é assim. Ambos buscam o bem comum, defendem valores, defendem princípios. Isso é de todos. Acho que é importante: quanto mais próximos estivermos, melhor”. Mais uma de suas incansáveis tentativas de conquistar votos, buscando agora agradar os líderes religiosos, com quem tomou café da manhã antes de sua participação no evento.

É um enorme absurdo que a bancada evangélica, que cada vez mais desfere profundos golpes às mulheres, LGBTS e à classe trabalhadora e que de mãos dadas com os golpistas, continue a atacar os direitos mais elementares de toda a população. Nos últimos anos, a atuação dessa bancada na Câmara dos Deputados visa avançar seus métodos e pensamentos mais retrógrados com propostas conservadoras e preconceituosas, como a retirada da palavra "gênero" no Plano Nacional de Educação, e as incansáveis audiências e comissões para tentar barrar qualquer direito da comunidade LGBT e das mulheres.

Num país em que as mulheres morrem todos os dias vítimas de abortos clandestinos, é um crime barrar e sobretudo lutar contra a legalização do aborto. E é isso que defendem os golpistas, o PSDB e a própria bancada evangélica, que com unhas e dentes defendem que as mulheres não tenham direito aos seus corpos, baseando-se em discursos moralistas que tem como objetivo somente fazer com que a ordem das coisas permaneça como está: a favor dos capitalistas.

Hoje o aborto é a quarta causa de morte materna no Brasil.A pesquisa nacional de aborto estima que até chegar aos 40 anos, uma a cada cinco brasileiras terá provocado pelo menos um aborto. Ainda de acordo com tal pesquisa, realizada em 2016, em 2015 mais de 500 mil mulheres praticaram aborto. E destas, as mais pobres e as negras, têm o risco de morrer em complicações com aborto 3 (três) vezes mais.

Os dados escancaram o que sentimos na pele: trata-se de uma questão classista, para além de tudo. Mulheres que podem pagar, recebem atendimentos em clínicas de elite, com segurança para que se efetivem os procedimentos de interrupção de gravidez, o que inclusive gera bastante lucro aos capitalistas.

A direita e a bancada evangélica de mãos dadas se escondem atrás de seu discurso moralista pró-vida e contra a legalização do aborto como forma de mascarar seus reais interesses e com isso, continuam compactuando com as milhares de mortes de mulheres negras e pobres. Estes mesmos que hipocritamente dizem defender a vida, buscam criminalizar o aborto até mesmo em casos de estupro, o que deixa bem claro que a vida que menos lhes importa é a vida das mulheres.

Historicamente a Igreja e o capitalismo andam juntos para submeter nós mulheres e a classe trabalhadora aos seus ditames, para que continuemos submissas aos padrões morais e estéticos, para que sigamos oprimidas e exploradas.

Tentam de qualquer forma usar inclusive da força de nossas lutas para perpetuar seus valores abjetos. Acompanhamos nas últimas semanas mulheres que organizaram virtualmente um grupo em repúdio a Jair Bolsonaro. Foram várias as postagens e notícias do grupo, que conta com mais de 2 milhões de participantes. Vídeos e declarações de figuras públicas, artistas e políticos também tomaram as redes, aderindo ao movimento num posicionamento contra a extrema-direita. Inclusive Alckmin, que com todo oportunismo que lhe é peculiar decidiu se utilizar de maneira eleitoreira e hipócrita de tal mobilização das mulheres. As próprias organizadoras do evento propõe o absurdo que Kátia Abreu, a cara do agronegócio e Ana Amélia, escravista, possam ter espaço para fala e que encerrem o ato com todas as presidenciáveis e vices,o que transformará o ato em um verdadeiro palanque eleitoral. Querem usar nosso ódio à extrema-direita para encobrir a conciliação do PT com os golpistas e capitalistas.

Assim como não deve ser a Igreja, os golpistas e a extrema direita a pautarem nossas lutas e a continuar descarregando opressão e exploração sobre nós mulheres e sobre toda a classe trabalhadora, não podemos pactuar com a conciliação histórica que nos trouxe até aqui, até o aprofundamento do golpe institucional.

Como expresso na declaração do Pão e Rosas:

“setores do movimento #EleNão buscam conduzir a força e a luta das mulheres para dizer #HaddadSim e aceitar toda sua conciliação com golpistas como Alckmin e Ana Amélia em nome de ser um "mal menor" contra a extrema-direita. Também fica claro que o próprio Alckmin busca cooptar o movimento como já se expressou em seu programa eleitoral onde ele e Ana Amélia usam a hashtag #EleNão e o ódio das mulheres contra Bolsonaro para tentar ressuscitar sua candidatura golpista e escravista”.

Para derrotar a extrema direita e os golpistas nossa luta deve ser para que sejam os capitalistas a pagar pela crise. Devemos lutar pelos nossos direitos, contra o machismo, a extrema-direita e colocar toda nossa força na mobilização independente da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros e da juventude. E dizer não também a todos os que oportunamente tentam agora usar de nossas lutas para mascarar a conciliação do PT que durante 13 anos de governo rifou nosso direito ao aborto justamente para as cúpulas das Igrejas e manteve a morte de milhares de mulheres por abortos clandestinos.

Sejamos nós as vozes anticapitalistas, lado a lado com toda a classe trabalhadora, a lutar com total independência de classe contra a extrema direita e contra os golpistas. Que nem a Igreja, nem o machismo e nem o capitalismo sejam donos de nossos corpos, de nossas vidas.

 
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