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Conheça os neoliberais cotados por Haddad para governo de conciliação com os golpistas
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.

De olho na aprovação do “mercado” Haddad dá muitos sinais aos banqueiros e a todos golpistas. Promete governar junto com eles e ajudar na reconstrução do regime, uma reconstrução à direita do degradado e golpeado regime de 88. Enquanto Bolsonaro oferece elogio à tortura e promete que pobres pagarão mais impostos do que os ricos, o PT tenta expropriar a raiva do golpe e da extrema-direita. Aos banqueiros não faltam sinais de “paz e amor”, conheça quem são os interlocutores de Haddad para agradar a Bovespa e Wall Street.

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Foto: Adriano Vizoni

A extrema direita de Bolsonaro promete racismo, machismo, reforma da Previdência e até mesmo que os pobres paguem mais impostos do que os ricos. O ódio à direita e o repúdio a um judiciário que contou com o apoio das Forças Armadas para intervir nas eleições enerva milhões de brasileiros. O PT tem buscado conduzir esta raiva à conciliação com os golpistas e com o "mercado" em um pacto para "pacificar o país".

Por fora desta movimentação de Haddad e do PT corre Ciro que passou a adotar uma retórica muito similar a de Alckmin "contra a polarização" ao mesmo tempo que também promete ajuste e rigor fiscal e uma reforma da previdência, tudo para continuar, tal como o PT, pagando a ilegal e ilegítima dívida pública.

Enquanto Bolsonaro negocia com Temer a aprovação da Reforma da Previdência em novembroe promete manter Ilan Goldfjan, diretor do Banco Central e ex-diretor do Itaú comandando o roubo do país para pagar a dívida pública com os banqueiros, Haddad faz numerosos gestos de expropriar a raiva dos golpistas e da extrema-direita para conciliar com os mesmos bilionários e golpistas.

Esta conciliação se expressa em mil e uma negociatas com o “centrão” mas também em numerosos sinais que ele dá ao mercado e a importantes banqueiros. Haddad tem se reunindo frequentemente com dois formuladores da “Ponte para o Futuro” de Temer, Marcos Lisboa e Samuel Pessoa.

Essas conversas não são nada neutras e meros sinais ao mercado. Elas vem acompanhadas de declarações favoráveis a reforma da previdência e em defesa de “responsabilidade fiscal”. Não à toa um setor das finanças internacionais, como o The Economist já o elogiaram.

Conheça a declaração do MRT: "O PT quer transformar nosso ódio a Bolsonaro em pacto com os golpistas"

Tal como Bolsonaro que foi beijar a mão do comandante das Forças Armadas, e aceitar sua tutela nas eleições, Haddad também se reuniu com Villas Boas antes de começar sua campanha e que nem o reacionário ex-capitão, já sentou-se duas vezes com Ilan Goldfajn do Itaú nos últimos dois meses afirmando “ter uma relação pessoal” com o sócio do banco dos Setubal&Moreira Salles.

Outro ex-sócio do mesmo gigante das finanças é um interlocutor frequente de Haddad, Marcos Lisboa. Boa parte da mídia especula que ele seria um eventual ministro da Fazenda de Haddad. Mas quem são os interlocutores de Haddad junto as finanças e nomes cotados para seu ministério.

Marcos Lisboa

Lisboa em palestra na AmCham - câmara de comércio que representa os interesses dos EUA no Brasil

Marcos Lisboa é o dono da Insper, “think-tank” neoliberal que Haddad foi dar aula. Foi sub-secretário da Fazenda no governo Lula, depois foi diretor do Itaú. Foi um dos principais formuladores da “Ponte para o Futuro” de Temer junto a Mansueto Almeida e Samuel Pessôa.

Tanto Haddad como Lisboa tem dado declarações que são só amigos e interlocutores sem nomear ou negar um hipotético cargo futuro, mas não deixa de ser um sinal ao PT que este homem das finanças internacionais e ávido defensor de ataques como a PEC 55, reforma trabalhista, previdenciária e privatização de estatais tenha escrita uma coluna na Folha de São Paulo de domingo passado tentando usar uma fraseologia menos neoliberal, colocando que o lugar do “economista” no governo é tão importante quanto do ministro da educação, da saúde. A mais absoluta demagogia, já que é em nome da dívida pública que se corta gastos sociais, seja com a agressiva EC 95 dos golpistas ou antes disso com o superávit primário e outras medidas nos governos petistas.

Haddad promete tudo para os mercados e seu “queridinho” promete conter sua língua desde que os ataques andem, vale a pena a leitura do link acima para ver o lobo em pele de cordeiro.

Samuel Pessoa

Junto a Temer

Tucano de carteirinha e membro do Instituto Millenium bancado pela Globo, ex-representante do Brasil no FMI, e igualmente formulador da Ponte Para o Futuro, desconversou a jornalistas que será ministro, mas confirmou sua contribuição na “governabilidade” de Haddad desde que ocorram as reformas antipopulares que ele defende. Diz matéria da Infomoney muito similar a outra do Valor: “Pessoa diz que nem sondado foi para ser ministro de Haddad: “Sou eleitor do Geraldo Alckmin”. Além disso, ele ressaltou que o mais importante agora não é definir quem vai ser o ministro da Fazenda, mas sim a construção da base política sólida para poder sustentar um possível governo petista.”

Em curioso movimento ensaiado com seu parceiro de Ponte para o Futuro e governabilidade de Haddad, Samuel Pessoa também escreveu uma coluna na mesmíssima Folha de São Paulo no domingo passado onde também fala da pouca importância do ministro da Fazenda, desde que ocorra uma reforma da Previdência.

Luiz Carlos Trabuco Cappi

O presidente do Conselho de Administração do gigante das finanças Bradesco é outro cotado como ministro de Haddad. Em 2014 foi cotado como ministro de Dilma para promover os ajustes que ela jurou que não faria durante as eleições, preferiu no lugar de assumir o cargo colocar seu funcionário no lugar, Joaquim Levy.

Os cortes na saúde e educação, alteração nas regras do seguro desemprego, privatização de parte do pre-sal durante o governo Dilma são o cartão de visitas dos business men do Bradesco, que provam ao mercado que é possível tirar grandes lucros com o PT sentando no mando do Palácio do Planalto.

Josué Gomes da Silva

Lula, Temer e Josué Gomes se reunem no Jaburu em 2013

Filho do ex vice-presidente José Alencar, o herdeiro do império industrial da Coteminas é outro cotado como ministeriável de Haddad, e caso não seja ministro que possa tal como seu pai atuar como ponte com a FIESP e com os bancos, alguém que possa mostrar que tem um “poder de veto” e que grandes negócios estarão garantidos.

Bernard Appy

Tal como Marcos Lisboa também foi secretário no governo Lula, depois ingressou no “mercado”, abrindo uma empresa de rating, empresas especializadas em especulações na Bolsa de Valores e chantagem contra os países para que garantam o pagamento da dívida pública. Foi um dos principais assessores econômicos de Marina em 2014, campanha apoiada pelo Itaú naquele momento e que tinha como uma de suas principais propostas a “autonomia do Banco Central”, ou seja que ganhasse quem ganhasse toda a condução da economia seria tocada para agradar os lucros dos donos da dívida.

Sinais ao mercado, sinais de que PT quer expropriar a raiva contra a direita e os golpistas e garantir os negócios capitalistas

Os nomes de interlocução de Haddad junto ao mercado são o complemento de suas promessas de implementar parte da agenda golpista de Temer, como alguma reforma da Previdência e garantir profundos cortes de gastos para pagar a dívida. O próprio Haddad utiliza a “sobra” de 5 bilhões de reais na prefeitura de São Paulo como demonstração que é um responsável administrador capitalista.

Mas de onde veio esta “sobra”? De cortes nos gastos sociais, de atacar o funcionalismo público. Os professores do município de São Paulo, bem se lembram que uma de suas mais duras greves foi contra Haddad e que o projeto de Reforma da Previdência que Doria tentou implementar ano passado era o mesmo Sampaprev do Haddad.

A força que a nova extrema direita vai manter depois das eleições, seja qual for o resultado, e os pactos que os petistas já estão começando a construir para ganhar e depois constituir um mínimo de governabilidade, são um prova evidente de que o golpe institucional não se vai derrotar com votos. A "velha direita" com quem o PT que um pacto de unificação (Ana Amélia, PSDB, Centrão, etc.) não é menos escravista que Bolsonaro. Essa direita que poderia tranquilamente também integrar a base de um governo Bolsonaro caso esse ganhe. Se hoje parte desses setores derrotados, ao verem as possibilidades de triunfo de Haddad no segundo turno, se oferecem à construção de um pacto de reconciliação para vencer Bolsonaro e constituir alguma governabilidade em um eventual novo governo do PT, trata-se de um apoio oposto em 180° às esperanças dos eleitores que votando no PT pretendem derrotar o golpe institucional e recuperar suas condições de vida perdidas nos últimos anos

O MRT sempre lutou contra o golpismo judiciário que impediu o direito da população votar em quem ela quiser e agora até mesmo rouba diretamente o voto de milhões de brasileiros (sobretudo pobres e nordestinos) que não fizeram seu cadastramento biométrico. Nos opusemos a prisão arbitrária de Lula e defendemos o direito da população votar em quem ela quiser, mesmo que nunca apoiamos o voto no PT, lutamos para impor aos sindicatos a luta por Assembleia Constituinte Livre e Soberana que possa votar livremente pelo não pagamento da dívida pública; pela reestatização sob gestão dos trabalhadores e controle popular de todas grandes empresas estratégicas como a Petrobras, a Eletrobras, os serviços de água e transporte, que passem a ter licitações públicas transparentes e controladas pela população; pela anulação de todas as leis reacionárias votadas pelos governos anteriores e a aprovação do aborto legal, seguro e gratuito; pela eleição por voto direto de todos os juízes e políticos, que passem a ganhar como uma professora e sejam revogáveis se traírem o mandato popular. Que todos os casos de corrupção sejam julgados por júri popular, assim como a abolição do Senado e a unificação em Câmara Única do Legislativo e do Executivo. Assim a população poderia livremente debater os rumos do país e tirar das mãos dos golpistas e dos banqueiros nossas vidas, o que para nós exige impor um governo operário de ruptura com o capitalismo.

 
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