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ANÁLISE
As eleições brasileiras em meio a divisões e disputas imperialistas
Redação

O que explica a ONU, agência por excelência do imperialismo ter se pronunciado a favor do direito de Lula ser candidato, sendo que o golpe institucional contou com o apoio ou aceitação de boa parte dos interesses imperialistas? O que está por trás da mudança de posicionamento de todos porta-vozes internacionais das finanças?

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Como é possível entender que o Financial Times, o The Economist e até mesmo a Bloomberg que vinha publicando matérias neutras ou elogiosas a Bolsonaro tenham passado a critica-lo e até mesmo postarem uma versão em língua inglesa do "#EleNão"?

Pode ajudar a explicar a guinada na cobertura brasileira da Bloomberg a mudança de alinhamento partidário de seu dono bilionário. De Republicano passou a democrata faz poucos dias, sendo um grande financiador das campanhas deste partido nas eleições legislativas que ocorrerão em 6 de novembro (e todas pesquisas dão vitória democrata). Ele agora é até mesmo pré-candidato presidencial pelo partido de Obama e Hillary.

Trump e Bloomberg na cerimônia de 11/9/2016, pouco antes da eleição presidencial de novembro daquele ano. Foto: Brendan Smialowski

Alguns jornais imperialistas até tecem ocasionais elogios a Haddad, "prefeito de êxito" segundo The Economist. Claro que esse êxito se refere à responsabilidade fiscal ou seja a cortes na saúde, na educação, e direitos trabalhistas para seguir pagando a dívida e enriquecendo os capitalistas.

Para se aprofundar na divisão entre as finanças nacionais e estrangeiras veja "Finanças elegem entre os ataques de Bolsonaro e os de Haddad"

Este alinhamento dos grandes jornais das finanças imperialistas significa que já não existam interesses imperialistas com Bolsonaro? Não é verdade, existem.

Mas há interesses materiais e disputas políticas se cruzando, e uma aposta "segura" que ganhe quem ganhar há incríveis negócios capitalistas no Brasil e que tanto o reacionário capitão como Haddad promoverão ataques. Daí que se for assim não é necessário tanto trabalho anti-petista, isso fica evidente em artigo de opinião destacado no site global daBloomberg e na análise brasileira da mesma rede datada do dia 21/09.

A diplomacia antes da Bolsa

A liminar da ONU foi expedida pela representante dos EUA, Sarah Cleveland, nomeada por Obama e foi co-assinada por Olivier de Frouville, designado para representar a França pelo ex-primeiro ministro Hollande.

A representante dos EUA com um mandato que vence este ano é notória crítica de Trump. Viu-se na diplomacia um adiantamento do que depois virou capa na inglesa Economist e diárias disputas internas em vários imperialismos.

Capa do The Economist

Este movimento ocorre ao mesmo tempo em que se desatou renovada crise no seio do imperialismo americano, com matérias anônimas no New York Times firmadas pela "resistência dentro da administração Trump", de diários vazamentos no New York Times sobre agressivas políticas de Trump para a Venezuela impedindo-o de tomar medidas ou apoiar um golpismo militar, e no vértice oposto na fervorosa luta política de ala mais à direita no Vaticano.

No Reino Unido há disputas em meio à fragorosa derrota da primeira-ministra conservadora britânica Theresa May em sua negociação com a União Europeia por um "Brexit light" e a sinais de alas "imperialistas democráticas" na União Europeia de impor constrangimentos aos governos de extrema-direita na Polônia e Hungria.

Há aparente alinhamento de uma maioria de interesses imperialistas do capital financeiro em uma política diferente a adotada por Trump e "pelos populismos de direita" e isso tem um reflexo na América do Sul em procura de saídas mais negociadas, ao menos no Brasil e Venezuela.

Para se aprofundar na crise nos EUA leia "Escândalo e operações políticas no coração do Império

Mirando outros interesses e vendo uma correlação de forças que pode tornar mais difícil implementar um neoliberalismo senil, sem bases materiais de expansão e sem ofensiva ideológica, pode estar ocorrendo um realinhamento não tanto de interesses mas de seu reflexo imediato na política do imperialismo para alguns países.

Não se deve procurar nenhuma coerência ideológica nas frações imperialistas. Os mesmos interesses que admoestam o machismo de Trump e Bolsonaro fazem negócios com a Arábia Saudita. Os mesmos que criticam violentamente o reacionário Duterte das Filipinas, estão prontos para tomar seu lado em qualquer disputa que trave o avanço chinês no Pacífico. E para não ficar só na agressividade de "populistas de direita" vale lembrar não somente os ataques com drones de Obama em numerosos países mas o uso agressivo de numerosas escutas promovidas pelos EUA contra a Petrobras e Dilma - que seguramente alimentaram a Lava Jato - foram feitas no governo Obama.

Parte destas disputas também atravessam a pugna imperialista com a crescente presença chinesa no continente e no Brasil em particular. Para se aprofundar, veja "O agronegocio na economia e na política brasileira em meio à guerra comercial EUa-China (Parte1)" e "O agronegocio na economia e na política brasileira em meio à guerra comercial EUa-China (Parte2)"

Os interesses materiais acima de tudo

Bolsonaro está longe de ser um completo mal visto no imperialismo. É difícil encontrar uma matéria crítica a ele no Jerusalem Post ou no Haaretz de Israel, ao contrário este segundo jornal normalmente associado à uma "centro-esquerda" de Israel costuma tratar Lula de "extrema-esquerda" (sic).

A matéria de ontem na Bloomberg Brasil "Expropriação ou privatização" destaca como a política de Bolsonaro para o crucial setor de petróleo não é de privatização total, mas é mais liberalizante que a de Haddad. Possivelmente as gigantes do petróleo, várias delas menos críticas a Trump que outras alas do imperialismo americano, vejam com melhores olhos o ex-capitão do que o petista.

Com Bolsonaro ou com Haddad, o Brasil é um grande negócio para os capitalistas, vaticina a Bloomberg.

A eleição brasileira em meio a esta disputa e jogos de interesses

A eleição brasileira é uma peça deste intrincado xadrez global de interesses complementares e contrapostos, mas também seu resultado não é direta e totalmente determinado por este jogo, ele mesmo pode influir em qual política setores do imperialismo adotarão na América do Sul em meio à grave crise venezuelana e num crescente desafio da luta de classes na Argentina ao governo neoliberal de Macri, hoje mesmo sendo palco de nova greve geral.

Uma parte das reviravoltas na Bolsa e no comportamento da grande mídia brasileira pode ser entendida pelas tensões e disputas no imperialismo.

E, como mostram interesses concentrados como os da Bloomberg, o imperialismo aposta que também vai sugar recursos intermináveis mesmo que o país seja dirigido pelo PT.

Contra o imperialismo faz falta construirmos uma força que levante em alto e bom som o não pagamento da dívida, a reestatização de todas empresas privatizadas e combata à extrema direita e o golpismo. Para isso é preciso se enfrentar com toda negociata que o PT faz, expropriando a raiva do golpismo para manter intacto um regime golpista e seguir a entrega do país.

 
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