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CAMPINAS
É necessário uma terceira via em Campinas
Danilo Paris
Editor de política nacional e professor de Sociologia
Flávia Silva
Campinas @FFerreiraFlavia

A cidade de Campinas há muito tempo sofre nas mãos de diversos partidos. Eles se alternam no poder, nos últimos anos PSB, PDT e PT. Mudam os que ganham os cabides de emprego no Palácio dos Jequitibás e no entanto a cidade desigual só se aprofunda. Das periferias do Jardim Fernanda, Campo Belo, Campo Grande e Ouro Verde, aos mais luxuosos condomínios da elite campineira, a cidade dos extremos, aflora em contradições a cada metro quadrado, mantendo a “tradição” da última cidade a abolir a escravidão no país.

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Um polo tecnológico e industrial para quem?

A região metropolitana de Campinas tem alta concentração industrial, podendo segundo algumas estimativas empresariais, ultrapassar a produção metalúrgica do ABC nos próximos anos. É conhecida como o “Vale do silício brasileiro”, pelo nível de pesquisa e produção de tecnologia de ponta, através de parcerias com as Universidades, especialmente Unicamp e PUC.

Essa mesma cidade é, segundo o Ministério do Trabalho, a segunda no ranking de acidentes de trabalho no Estado de São Paulo, o campeão do país. Campinas e região, conta com aproximadamente 60 mil metalúrgicos, além de uma forte indústria química, um pólo petroquímico e o maior aeroporto de cargas do país. Essa poderosa classe operária, enfrenta condições de trabalho nas fábricas campineiras muito mais próximas do alto grau de exploração das fábricas do terceiro mundo do que da renomada zona de tecnológica da Califórnia.

Segundo dados do Ministério do Trabalho e Emprego, o número de desempregados até maio composto por um “exército” de quase 130.000 pessoas. Com a queda de 22% na oferta de vagas somente no primeiro semestre, com recorde em demissões na indústria chegando a 4.200 somente no segundo trimestre, as perspectivas são de piora das condições de vida da população trabalhadora e pobre.

Falta moradia e sobra especulação

Um terreno no bairro San Martin, foi ocupado por cerca de 700 famílias no último final de semana. Esse terreno é de propriedade do Estado e deveria ser destinado para construção de moradias populares. No entanto essa não é a prioridade nem de Alckmin, nem de Jonas. O mesmo ocorre em Sumaré, em que buscar desocupar a Vila Soma, aonde moram cerca de 2,5 mil famílias. Campinas tem um problema histórico e crônico em sua política habitacional, não a toa foi palco da maior ocupação urbana da América Latina, que depois se transformou no Parque Oziel, em homenagem ao jovem morto no massacre de Eldorado dos Carajás.

As regiões do Ouro Verde (cerca de 240 mil habitantes) e Campo Grande (cerca de 190 mil habitantes), juntas, somam 40% da população total de Campinas. Contraditoriamente, essas regiões com maior densidade populacional e concentração de trabalhadores industriais e de serviços recebem menos investimento da prefeitura, com regiões que faltam até saneamento básico. Enquanto isso, condomínios de luxo como Alphaville se desenvolvem em um ritmo acelerado, em regiões cada vez mais distante do centro, aprofundado a distância entre duas cidades com realidades absolutamente distintas.

Condições humilhantes nos serviços públicos

São cotidianas as notícias que escancaram a precariedade dos serviços públicos. Quem já tentou agendar uma consulta, fazer um exame, ou acessar o serviço de emergência no Hospital Mario Gatti, no HC da Unicamp ou no Ouro Verde, já sabem que muito provavelmente ira encontrar uma espera que pode chegar a 10 horas.

O serviço de transporte, cada dia mais caro e cada dia pior, é ator constante dos noticiários por envolvimento em acidentes, como ruptura dos veículos articulados ou mesmo quebra no meio do trajeto.

As escolas, municipais e estaduais, sofrem com a deterioração do seu espaço físico, com salas de aula cada dia mais cheias, e professores que não são valorizados pelo seu importante trabalho. Somente na cidade de Campinas, no ensino estadual quase 300 salas de aula foram fechadas no ano de 2015.

Para piorar esse quadro, o projeto do Prefeito Jonas Donizetti e continuar avançando na privatização desses serviços, seja através das OSs(Organizações Sociais, uma administração privada de serviço público), mas também do aumento do repasse pública às concessões privadas, como no caso dos transportes e agora, da saúde com a aprovação das OSs para a privatização de grandes hospitais municipais como o Ouro Verde e o HC da Unicamp.

A juventude é restrita de cultura e educação

É simbólico que uma cidade do tamanho de Campinas, possua apenas um teatro “público” em funcionamento. As infinitas promessas para reformar do Centro de Convivência, abandonado e com ameaça de desmoronamento, as obras desde 2013, e agora novamente paralisado o teatro da Unicamp e a nova suspensão da construção do Teatro de Ópera Carlos Gomes, que seria construído no Parque Ecológico Monsenhor José Salim, mostra que a política cultural é totalmente negligenciada.
Para Jonas, por exemplo, o Centro de Convivência é uma questão de segurança e não uma questão de cultura para a população da cidade. A criminalização e a restrição do uso dos espaços públicos pela juventude se intensificou com o governo Jonas que deu continuidade à privatização da cultura e do lazer e a sua consequente elitização. Enquanto isso se gastam milhares de reais com a “revitalização” (ou elitização) do centro da cidade.

Campinas, também é conhecida pela grande concentração de Universidades. A Unicamp, única universidade pública, possui seus méritos de ser uma das maiores produtoras de patentes do Brasil. Porém essas patentes não estão a serviço de resolver as necessidades e carências da população: geram novas tecnologias lucrativas para grandes empresas com Microsoft e Petrobrás, porém que fecha suas portas para a juventude pobre. Nas universidades particulares, como PUC, Mackenzie, UNIP e Anhanguera, sobram mensalidades altíssimas, onde aquele jovem que pretende acessar o ensino superior precisa se mantar para trabalhar para arcar com esses custos.

É preciso construir uma alternativa política independente para cidade de Campinas

Assim como Dilma, Alckmin e Jonas são responsáveis diretos por esse problemas , o PDT do corrupto Hélio, o PSDB do Carlos Sampaio, e o PT que governou a cidade por quatro vezes não são alternativas para todos aqueles que querem uma cidade realmente voltada para os interesses dos trabalhadores e da juventude. Com a crise econômica que já atinge Campinas, com a dificuldade cada vez maior de se achar um emprego e o aumento do custo de vida, os trabalhadores e o conjunto da população pobre não podem pagar pela crise em nome dos lucros do empresários da multinacionais que lucram milhões na região.

Nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores, queremos fazer parte da construção dessa alternativa junto a milhares que também tenham esse objetivo. Para debater esse projeto e refletir sobre qual Campinas queremos, convidamos todos para o Encontro Aberto do MRT, que ocorrerá esse domingo, dia 23 de agosto, às 12:00, na Av. Ruy Rodrigues número 2101.

 
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