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ELEIÇÕES 2018
Bolsonaro diz que "haverá fraude se perder", ecoando Villas Boas para deslegitimar novo governo
Redação

Em vídeo gravado no hospital, Bolsonaro apresentou uma tese que justificaria a sua possível derrota no segundo turno: fraude. Acamado, o reacionário fez de muleta a declaração de Villas Boas sobre a facada em Bolsonaro como a possibilidade para o candidato “questionar a legitimidade do próximo governo”. A politização das forças armadas fermenta os desejos obscuros do regime de decidir o resultado das eleições.

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O vídeo resume-se a Bolsonaro criticando as pesquisas que apontam sua derrota em segundo turno, dizendo que não tem medo de perder no voto, mas na fraude. O fracasso de um dos seus únicos projetos no Congresso, o do voto impresso, teria sido "o começo de toda a farsa".

A manipulação que existe nas eleições hoje é fruto do golpismo do judiciário com tutela das Forças Armadas, que já impediu a população de votar em quem quisesse ao tirar Lula arbitrariamente do pleito (um auxílio, para dizer o mínimo, a Bolsonaro ou qualquer outro defensor do legado do golpe institucional). Nesse sentido, é ridículo o discurso de "fraude" do Bolsonaro.

Bolsonaro diz ainda que o Brasil "irá virar uma Venezuela", se ele perder para Haddad, e uma série de cacoetes proto-fascistas como justificativa para, antes do primeiro turno, justificar que o resultado das urnas pouco importará às suas bandas, ainda que sem apoio definitivo. Bandas bolsonaristas essas que, recentemente, fizeram cânticos contra a população LGBT em partida de futebol, e disseram "não ter havido holocausto algum" durante o nazismo.

Os comentários grotescos de Bolsonaro, que não deixam dúvidas sobre o golpismo da extrema direita, fazem dobradinha com o general Villas Boas, que em entrevista disse que a facada e a crescente polarização poderiam vir a criar uma situação de legitimidade questionada do eleito.

Segundo o comandante, a situação política estaria criando "dificuldade para que o novo governo tenha uma estabilidade, para a sua governabilidade, e podendo até mesmo ter sua legitimidade questionada. Por exemplo, com relação a Bolsonaro, ele não sendo eleito, ele pode dizer que prejudicaram a campanha dele. E, ele sendo eleito, provavelmente será dito que ele foi beneficiado pelo atentado, porque gerou comoção. Daí, altera o ritmo normal das coisas e isso é preocupante".

Na mesma entrevista, Villas Boas reconheceu, apesar de dizer que Bolsonaro não é candidato das Forças, que "Obviamente, ele tem apelo no público militar, porque procura se identificar com as questões que são caras às Forças, além de ter senso de oportunidade aguçada".

Depreende-se daí que, para o portavoz do Alto Comando do Exército, Bolsonaro, que tem questões caras às Forças Armadas e apelo no público militar, tem direito de questionar o resultado após a facada, segundo o general.

Não é acidental que Bolsonaro tenha enveredado pela ideia da "fraude que ocorrerá se perder". Recebeu a chancela do comandante do Exército. Cumpre lembrar que Villas Boas costuma intervir na política sempre em prol do golpe institucional: em abril, quando pressionou o STF a não acatar o habeas corpus de Lula, levando-o arbitrariamente à prisão; em setembro, pressionando a favor do veto à candidatura de Lula, dizendo que o parecer da Comissão de Direitos Humanos da ONU em favor de Lula era uma "invasão à soberania nacional" (curioso, para alguém que se ajoelha diante de toda interferência imperialista, especialmente norte-americana, na Amazônia ou na América Latina).

O golpismo da extrema direita se assanha junto à caserna. Com a politização das Forças Armadas, sempre em prol de assegurar a continuidade do golpe institucional, Bolsonaro ganha um aliado nestas eleições manipuladas pelo Judiciário autoritário.

Vimos nos últimos anos a cara escrachada de um STF, TSE, PF, da Lava-Jato, de negarem o direito da população escolher em quem vai votar, negando a candidatura de Lula após prendê-lo arbitrariamente. Com medidas espúrias de condução coercitiva, vazamentos junto à mídia, delações premiadas condenatórias – já usadas contra a população negra nas favelas e periferias do país – negando qualquer referência a Lula no horário eleitoral, que aparecesse nas pesquisas. Provaram que o regime (via judiciário) vem se dispondo a todo tipo de violação de direitos democráticos para decidir sobre o resultado dessas eleições, favorável à continuidade dos ajustes e do golpe.

Ainda que, para além de tais intenções contidas em segredo dentro do próprio regime pactuado com os militares não passem disso, intenções, esse tipo de declaração mostra que estão cada vez mais incontidas as medidas de controle de resultado.

Não votamos no PT, que governou junto à direita, assimilou os métodos de corrupção próprios dos capitalistas, fortaleceu as Forças Armadas enviando tropas para repressão dos negros no Haiti, e encorajou as forças arbitrárias do Judiciário. Em especial no segundo mandato de Dilma mostrou que respeita todas as leis da crise de ataque aos trabalhadores e cortes nos serviços públicos, aprofundados depois por Temer. Por isso não são uma alternativa à extrema direita, pois fizeram parte da sua gestação. De fato, Haddad agora já fala em "discussão permanente" com ninguém menos que os golpistas do PSDB, para arquitetar uma "frente ampla" em eventual segundo turno contra Bolsonaro que inclua a mesma direita que realizou o impeachment e os ataques contra os trabalhadores, as mulheres, os negros e os LGBTs.

Entretanto, repudiamos estas declarações golpistas da extrema direita que, auxiliados pela manipulação do regime, já conseguiram impedir que a população votasse em quem quisesse. É preciso preparar uma grande força anticapitalista, à esquerda do PT, nas fábricas, nos serviços, nas escolas e universidades, para enfrentar de fato a extrema direita odiosa e fazer com que os capitalistas paguem pela crise que criaram.

 
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