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45 ANOS DO GOLPE NO CHILE
Hoje nossa homenagem é aos trabalhadores dos Cordões Industriais
La Izquierda Diario

Hoje se completa 45 anos do golpe civil militar, que tinha entre seus objetivos eliminar a experiência de organização dos trabalhadores. Naquele 11 de Setembro os tanques chegaram ao Palacio de La Moneda e as fábricas.

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Em 11 de Setembro de 1973 os militares chegaram diretamente nas fábricas, aos Cordões da Morte como os chamava Pinochet. Mais de 60% dos detidos e muitos desaparecidos foram foram trabalhadores, trabalhadoras e dirigentes dos Cordões Industriais. Atacaram, reprimiram e assassinaram o mais avançado da classe operária chilena.
Há 5 anos, quando se cumpria 40 anos do golpe militar, junto a Ana Lopez, companheira de militância no trotskismo, e com o Coletivo Artístico Tarea Urgente decidimos embarcar em uma investigação para recuperar a história e memória dos Cordões Industriais, sendo assim realizamos uma peça de teatro, um livro e um documentário.

Já ouviu falar alguma vez sobre os Cordões Industriais?

Com essa pergunta iniciamos nosso documentário, perguntando na rua, as pessoas nas manifestações. É duro ver como a ditadura parecia haver apagado a história de luta da classe operária, é ainda mais duro pensar que os partidos socialistas, comunistas, a Concertación, o Nueva Mayoria, mantiveram em cadeias de luxo os violadores dos Direitos Humanos como Punta Peuco, e que agora Piñera os concede o indulto. Manuel Contreras morreu na impunidade!

Mas não nos aniquilaram, a história nos pertence, investigamos ela, recorremos as ruas de Vicuña Mackenna, o que foi a fábrica Cristalerias Chile, (onde agora está o Mega) Elecmetal, e assim tantas outras. Entrevistamos os protagonistas, como Rafael Kries, que foi parte daqueles que redigiram a carta dos Cordões Industriais ao presidente Allende, um documento digno de ler (veja aqui).

A clareza dessa carta, escrita 7 dias antes do golpe militar, nos faz estremecer.
“O advertimos, companheiro, que com o respeito e confiança que ainda temos em você, se não se cumpre com o programa da Unidade Popular, se não confia nas massas, perderá o único apoio real que tem como pessoa e governante e que será responsável de levar o país, não a uma guerra civil, que já está em pleno desenvolvimento, senão ao massacre frio, planificado, da classe operária mais consciente e organizada da América latina.

E será responsabilidade histórica deste Governo, levado ao poder e mantido com tanto sacrifício pelos trabalhadores, colonos, campesinos, estudantes, intelectuais, profissionais, a destruição e decapitação, quem sabe a que prazo, e a que custo sangrento, não só do processo revolucionário chileno, senão também o de todos os povos latino-americanos que estão lutando pelo Socialismo.”
Os Cordões Industriais abrem discussões, pois estavam inseridos no coração da economia e da organização, e também das decisões como buscaram fazer. O debate de “avançar sem planejamento” ou “consolidar para avançar” se fazia vivo em cada conversa e assembleia.

Conhecer o processo dos Cordões Industriais nos permite pensar outro lado do Governo da Unidade Popular, não só como uma época de alegria, cultura e avanços para as classes populares, mas também com as próprias contradições da “via chilena ao socialismo”, o Plano Millas, a Lei do controle de Armas, entre outras medidas, que buscaram manter intactas as bases do sistema capitalista, em um contexto onde se podia ir por muitíssimo mais.

É difícil reduzir a quatro ou cinco parágrafos um processo histórico, é difícil refletir em uma peça de teatro a experiência dos Cordões. Mas é uma “Tarea Urgente” (tarefa urgente) recuperar a história da classe trabalhadora. Há 45 anos do golpe militar nossa homenagem é para essas mulheres e homens que quiseram não só transformar suas próprias vidas, mas sim uma sociedade inteira.

Nas palavras de Guillermo Orrego, trabalhador dos Cordões Industriais:

“Éramos valiosos, os Cordões Industriais demonstraram que os trabalhadores, se tivéssemos as condições para, digamos, desenvolvimento, absolutamente, que se nos tivessem entregado esse poder popular ao qual gritávamos ao vento, seriamos indestrutíveis.”

Conhecer a profundidade da experiência dos Cordões Industriais me fez mudar minha perspectiva da história, e lutar por uma sociedade como a que sonhou minha avó e milhares de trabalhadores e trabalhadoras, sem injustiças, sem opressão, sem exploração, sem classes sociais.

 
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