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A crise capitalista e a desnutrição nas semi-colonias
João Salles
Estudante de História da Universidade de São Paulo - USP

O recente relatório da ONU sobre segurança alimentar e nutricional no mundo colocam o Brasil entre os 51 países mais suscetíveis e um dos elementos chave para essa condição desses países é justamente a alta dependência da agricultura para o sustento de grande parte da população.

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Ao lado de países como Etiópia, Indonésia e outros países da África central e Ásia central, o Brasil vem enfrentando um vertiginoso aumento do número de pessoas subnutridas. Longe de ser um fenômeno isolado, esse número vem crescendo no mundo todo, e em 2017 atingiu a quantia de 821 milhões. Se analisarmos mais de perto, podemos ver que a concentração se dá praticamente por inteiro em países da periferia do capitalismo, onde sofrem com a exploração de seus recursos naturais e força de trabalho pelas potências imperialistas da Europa e principalmente dos EUA, sendo 15,5% da América latina e 76% da África e Ásia.

A ONU aponta meias verdades para explicar esse fato ao colocar que a crise e a pobreza são fatores determinantes para a insegurança alimentar. Ao mesmo tempo que parece explicar tudo, não explica nada e sequer dá uma saída para o problema, atuando com seus órgãos como comentadores da barbárie capitalista. Se é verdade que nos países em que o sustento da maior parte da população vem da agricultura o risco é maior devido à vulnerabilidade das mudanças climáticas e a crise “dificulta” a aplicação de recursos para manter a quantidade e a qualidade da produção nos deixa a seguinte questão: O que permite que nos países do centro do capitalismo, no caso as potências já citadas nos outros continentes, essa variabilidade climática seja combatida efetivamente?

Nos últimos anos vivemos uma relocalização do imperialismo, fenômenos de nacionalismo econômico e o aprofundamento da crise capitalista mundial que colocam na agenda das potências a aplicação de planos cada vez mais duros de saque das riquezas para a manutenção das taxas de lucro de sua burguesia e a tentativa de resgatar suas economias com o sangue e o suor da classe trabalhadora.

Trazendo o debate para o contexto da América latina e do Brasil, o governo Trump vem intervindo - diretamente com aumentos de tarifas em recursos e acordos bilaterais ou com instrumentos como o FMI que, por meio da dívida pública, mantém a subordinação e tem uma renda fixa absurda que poderia ser utilizada na saúde e educação - para os interesses do seu projeto de “America first”, e em nosso país chegando ao nível de, através do judiciário, aplicar um golpe institucional no país para avançar ainda mais nos ataques e no pagamento dessa dívida (que o PT já vinha fazendo e mostrou sua face mais clara de como não defendem nossos interesses quando no governo Dilma vivemos cortes em diversas áreas sociais e a repressão de protestos).

Entendendo que há um alinhamento do projeto golpista no Brasil com os interesses do imperialismo, não se pode concluir outra coisa senão que realmente os recursos do Estado vão para o bolso dos banqueiros e empresários internacionais e o interesse em lidar com as mudanças climáticas sequer existe.

Vivemos hoje um cenário de desemprego e aumento da pobreza, a necessidade de um programa de emergência para que os capitalistas paguem por essa crise e não nós é enorme, a defesa do não pagamento da dívida pública – cerca de um trilhão de reais por ano – e a reversão dessa quantia para criação de postos de trabalho e ampliação dos direitos a saúde e educação, com a anulação das reformas e fazendo com que nos locais de trabalho e estudo se inicie o debate de como fazer com que nossos interesses sejam discutidos, a organização para impor na luta uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, onde poderemos nos chocar com a bancada ruralista e pautar uma reforma agrária com desenvolvimento de tecnologia para lidar com as mudanças climáticas, por exemplo, é como resolveremos essa questão da insegurança alimentar no Brasil.

 
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