Sem que ainda tenha sido revelado oficialmente que provocou as duas explosões, que deixaram 114 mortos e 57 desaparecidos, as autoridades chinesas decidiram começar a apontar possíveis culpados.
Hoje o jornal de Tianjin publicou que uma dezena de diretores da companhia proprietária do armazém, Ruihai International Logistics, estão sob custódia policial, entre eles o presidente, Yu Xuewei, e o vice-presidente, Li Liang.
O escândalo também respingou nas autoridades locais: o jornal da cidade, porta-voz do Partido Comunista (PCCh), informou hoje que vários funcionários de médio escalão de Binhai, o distrito portuário de Tianjin, estão sendo investigados, suspeitos de terem aceitado subornos.
Mas o anúncio mais inesperado veio mais tarde, quando o governo chinês revelou ter aberto uma investigação contra o responsável de Segurança do Trabalho do país, Yang Dongliang, por "sérias violações de disciplina", eufemismo oficial para se referir à corrupção, sem vinculá-lo diretamente com a tragédia em Tianjin.
O Conselho de Estado anunciou hoje que montou uma equipe, liderada pelo vice-ministro de Segurança Pública, Yang Huanning, para determinar responsabilidades e definir "a gravidade e natureza do acidente", e que "punirá severamente os responsáveis".
Também a Suprema Corte anunciou no domingo o início de uma investigação para investigar se houve negligências.
Tanto os anúncios, assim como as detenções, são uma espécie de resposta ao clamor da sociedade chinesa e dos familiares das vítimas para saber o que aconteceu, em um país com grande desconfiança com a gestão estatal de catástrofes após experiências como a do terremoto de Sichuan (2008) e o desastre do "trem bala" de Wenzhou (2011).
Nesses casos, a gestão do governo chinês foi muito criticada e, em particular no segundo, a população chegou a pensar que o verdadeiro número de mortos estava sendo ocultado.
Anos mais tarde foi revelada uma extensa rede de corrupção no setor ferroviário que acabou com a condenação a morte em 2013 do ministro de Ferrovias, Liu Zhijun.
Não seria a primeira vez, portanto, que o governo procura um bode expiatório de peso no meio de fortes pressões sociais para saber o que realmente aconteceu, em meio aos temores de uma catástrofe ambiental em um dos portos mais ativos da China.
O Ministério da Segurança Pública confirmou que o terminal continha pelo menos três mil toneladas de 40 produtos químicos perigosos, entre eles 800 toneladas de nitrato de amônio, 700 toneladas de cianureto de sódio e 500 toneladas de nitrato de potássio.
Até agora, segundo as autoridades locais, os especialistas limparam entre 150 e 160 toneladas de cianureto de sódio.
Os químicos contaminaram "dezenas de milhares de toneladas" de água na cratera criada pelas explosões no armazém, e milhares de toneladas de água no porto, situação que pode piorar devido à previsão de chuva para os próximos dias.
EFE
|