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EMPRESÁRIOS PRÓ-BOLSONARO
Dono da Havan mobiliza frente de empresários pró-Bolsonaro e anticomunistas contra os trabalhadores
Odete Assis
Mestranda em Literatura Brasileira na UFMG

No início do mês de agosto um café da manhã com Bolsonaro reuniu 62 empresários para ouvir suas propostas reacionárias. A articulação deste café foi realizada pelo empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, um dos primeiros a sair em campanha aberta pelo representante da extrema direita.

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Na primeira campanha eleitoral sem a permissão “legal” para o financiamento de grandes empresas, o que mais chama atenção é que a candidatura de Bolsonaro, com seus projetos ultra liberais de ataques aos trabalhadores e discursos de ódio às mulheres, negros, indígenas e LGBTs vem conquistando uma lista de apoiadores empresários muito maior do que a de qualquer outro candidato. Além de Hang, fazem parte desta lista Meyer Nigri (Tecnisa), Bráulio Bacchi (Artefacto), Sebastião Bomfim Filho (Centauro) e Luiz Antonio Nabhan Garcia (União Democrática Ruralista).

Da comemoração da prisão arbitrária de Lula, ao apoio a reacionária mobilização pró-patronal dos caminhoneiros

Luciano Hang, dono da rede de lojas de departamentos Havan, o primeiro da lista que declarou seu voto em Bolsonaro nas redes sociais é hoje um dos maiores cabos eleitorais do candidato. Em seu canal do facebook ele divulga seu voto e conclama outras pessoas a se unirem ao movimento reacionário, ao mesmo tempo que busca organizar outros empresários para aderir a campanha do ultra direitista. Entre as justificativas para assumir tal posicionamento político está a sede de lucros dos patrões, enquanto a crise capitalista deixa mais de 27 milhões de brasileiros sem emprego, libera a terceirização irrestrita e aprova uma série de cortes para garantir o pagamento do roubo da dívida pública, Hang se orgulha de ter aumentado seus lucros.

Segundo palavras do próprio empresário "Quanto mais eu falo a verdade, mais eu vendo". A verdade no caso é seu apoio descarado as propostas ultra liberais de Bolsonaro. De acordo com o empresário, a Havan cresceu 45% em vendas só no primeiro semestre deste ano e deve fechar 2018 com um faturamento de 7 bilhões de reais. Mas sua sede de lucros é tão imparável que ele quer agora aproveitar o avanço do golpismo institucional, que vem manipulando essas eleições tentando retirar o direito do povo decidir em quem votar, para poder alavancar Bolsonaro como futuro presidente do país e implementar seus ataques aos trabalhadores, como o fim do ministério do trabalho.

Em janeiro deste ano, Hang publicou em sua página dois vídeos comemorando a prisão arbitrária do Lula, sendo que em um deles transmitiu ao vivo a queima de 13 fogos de artifício em comemoração. Mostrando da forma mais escrachada possível, como essa extrema direita comemora cada avanço do golpe institucional, sendo um dos mais entusiastas da arbitrariedade judicial contra o direito do povo decidir em quem votar, já que seu candidato ultra reacionário é um dos que mais se beneficiam com as eleições manipuladas, mesmo Bolsonaro não sendo o candidato preferido da Lava Jato.

Hang foi um dos empresários mais entusiasta da manifestação reacionária de caminhoneiros pela diminuição do preço do diesel e aumento dos lucros da patronal, em maio deste ano. Em 16 de maio de 2018, antes da greve dos caminhoneiros, o empresário publicou um vídeo em frente a um posto de gasolina no qual criticava o aumento do preço dos combustíveis. No vídeo ele anunciava que os postos de combustíveis da Havan venderiam 20.000 litros de gasolina sem impostos, no valor de 2,69 reais o litro. Oito dias depois começava a manifestação de caminhoneiros que parou o país a serviço dos interesses das patronais dos transportes e do agronegócio, movimento esse que foi apoiado também por Bolsonaro. Em seu canal, Hang defendeu diversas vezes a redução de impostos para empresas e a privatização da Petrobras. Após a mobilização do caminhoneiros, a Procuradoria-Geral da República solicitou uma investigação contra grupos suspeitos de inflar a greve. Entre os investigados, estava Hang. Segundo uma reportagem da CBN, empresário havia sido identificado como uma das lideranças do movimento mesmo sem ser parte da categoria. Mas a investigação não foi levada a frente pelo Ministério Público.

Um histórico de acusações por sonegação de impostos e corrupção

Em seu passado, figura uma série de processos inconclusos a respeito de sonegação de imposto e outras formas de corrupção. Mais uma mostra de como a corrupção é inerente ao sistema capitalista e de que a extrema direita, assim como a justiça burguesa, é conivente com a impunidade e a manutenção dos privilégios dos grandes empresários contra os direitos dos trabalhadores.

Em seus histórico várias acusações de sonegação e fraudes. Em 1999, a Procuradoria da República em Blumenau deflagrou uma operação de busca e apreensão na Havan, que resultou na autuação da empresa em 117 milhões de reais pela Receita Federal e 10 milhões pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A autuação foi considerada a maior já realizada pela Receita Federal até então. A empresa recorreu a um financiamento da dívida por meio do REFIS e obteve um prazo, estimado pelo MPF à época, de 115 anos para quitar a multa. E assim a justiça burguesa vai mostrando seu caráter, perdoam as dívidas dos empresários, mas jamais as dos trabalhadores.

O empresário já foi condenado a 13 anos, 9 meses e 12 dias de reclusão em regime fechado pelo crime de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, em um processo que correu em segredo de Justiça. No entanto mais uma vez a impunidade reinou, Hang e os demais réus puderam recorrer sucessivas vezes e conseguiram reduzir a pena do empresário para 5 anos, 8 meses e 1 dia de reclusão em regime semiaberto. Em 2016, o ministro Rogerio Schietti Cruz do Supremo Tribunal de Justiça (STJ), em decisão monocrática afirmou que o prazo prescricional de oito anos que começa a correr após a condenação já havia vencido, de modo a punibilidade estava extinta, ou seja, os réus, mesmo condenados, não teriam mais que cumprir a pena pois o judiciário perdeu os prazos para responder aos recursos da defesa. O caso nunca transitou em julgado e por isso o certificado de antecedentes criminais de Hang permanece limpo. A contradição que não conseguem explicar é porque alguém que discursa tão ferozmente contra a corrupção e por esse motivo defende a prisão arbitrária do Lula, não fala nada sobre seus próprios processos e acusações, pelo contrário nesse caso usam a lentidão da justiça burguesa a seu favor para manter a impunidade.

Contra a aliança dos empresários e Bolsonaros é preciso unir a classe trabalhadora, as mulheres, negros, indígenas e LGBTs desde uma perspectiva anticapitalista

Se Bolsonaro tem ao seu lado empresários capitalistas apoiando seu discurso de ódio para descarregar os custos da crise nas nossas costas, nós temos ao nosso lado a força da nossa classe. A luta contra a extrema direita não vai se resolver apenas pelo voto nessas eleições, precisamos estar na primeira fila da defesa incondicional do direito do povo decidir em quem votar, mas tendo clareza que ao contrário do que muitos candidatos e o próprio PT defendem, essas eleições não vão acabar com o golpe, só vão aprofundá-lo. Por isso, nossa batalha pela construção de uma voz anticapitalista contra o golpismo e o judiciário, também é parte da luta contra a extrema direita. Não apoiamos o voto no PT porque sabemos que a lógica do mal menor sempre leva ao mal maior, foi o que vimos durante os anos de governo desse partido, que teve o antigo partido de Bolsonaro como parte da sua base aliada, que abriu espaço para a direita se fortalecer ao colocar seus representantes mais reacionário em governo, como Malafaia e Feliciano na Comissão de Direitos Humanos, ou os acordos com o Vaticano para não legalizar o direito ao aborto permitindo que milhares de mulheres seguissem morrendo. Dando início às privatizações, ao mesmo tempo que esse partido se orgulha de ter pagado o roubo da dívida pública, que subordina nosso país aos interesses do capital estrangeiro.

Por tudo isso nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores defendemos que a única forma de combater a extrema direita é organizando nossa classe desde uma perspectiva anticapitalista. Defendendo um programa pelo direito do povo decidir em quem votar, contra essa falsa “democracia dos ricos e juízes” lutamos para que os juízes sejam eleitos, revogáveis e ganhem o mesmo salário que uma professora. Lutamos para que todo crime de corrupção seja julgado por júri popular. Medidas que precisam ser acompanhadas da luta pelo não pagamento da dívida pública, para evitar que esse verdadeiro roubo continue jogando a crise nas costas dos trabalhadores, com reforma da previdência e reforma trabalhista. Muitos dirão que pra fazer tudo isso precisaríamos mudar a constituição: então precisamos impor uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana com a força da mobilização para discutir essas e outras medidas, que vão na contramão da sede de privatização de Bolsonaro e seus aliados empresários. Defendendo a estatização de todas as empresas privatizadas e corruptas colocando-as sob controle dos trabalhadores e também para garantir os direitos das mulheres, legalizando o aborto que ao ser ilegal mata 4 mulheres por dia, sendo 3 negras. Defendemos esta constituinte na perspectiva de um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

Colocamos nossas candidaturas anticapitalistas como parte dessa batalha contra as eleições manipuladas pelo golpismo e o fortalecimento da extrema direita representada por Bolsonaro, apostando na mobilização da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros e da juventude levantando estas ideias para construir uma alternativa que supere o PT pela esquerda, contra o golpismo e a extrema-direita, para que sejam os capitalistas que paguem pela crise.

 
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