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CAPITALISMO MATA
Dezenas de trabalhadores morreram soterrados em armazéns do agronegócio nos últimos anos
Redação

Levantamento realizado pela BBC aponta dezenas de mortes em silos de grãos nos últimos anos, mostrando mais uma área de trabalho onde o agronegócio é mortífero para os trabalhadores

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Em reportagem desta terça-feira, 28, a BBC Brasil publicou um levantamento que aponta que 106 trabalhadores morreram enquanto trabalhavam em silos de grãos, em sua maioria milho e soja. Na maior parte desses casos, as pessoas são soterradas por toneladas de grãos em um efeito similar ao da areia movediça, no qual em instantes a pessoa é engolida e morre asfixiada.

Segundo Idelberto Muniz de Almeida, esses números já colocam o setor de armazenamento de grãos, um dos pilares do agronegócio, como um dos que mais matam trabalhadores em serviço, atrás apenas das funções sujeitas a acidentes de trânsito. Isso levando em conta que essas 106 mortes são somente aquelas que foram noticiadas pela imprensa, o que leva a crer que o número real de casos seria bem maior.

Entretanto, existem poucos dados sobre esse setor, que para as estatísticas do Ministério da Previdência Social são contabilizadas junto com outros tipos de armazenagem, o que não impede o setor de armazenamento em geral de estar entre os 25% campos econômicos que mais matam trabalhadores. Para quem trabalha na área, os silos são conhecidos como lugares muito perigosos, onde até mesmo os bombeiros têm receio de entrar quando acontece algum acidente.

Essas mortes seriam facilmente evitáveis com medidas simples de segurança e que são obrigatórias por lei, como a obrigatoriedade de os trabalhadores estarem presos por cordas enquanto trabalham nos silos e necessidade de treinamento para qualquer um que entre no silos. Mas como aponta depoimentos de trabalhadores que sobreviveram a acidentes de trabalho nesses armazéns, é comum que os patrões e gerentes mandem trabalhar sem esses equipamentos de proteção, para acelerar os trabalhos.

Em muitos casos, não há sequer onde amarrar as cordas para a ancoragem dos trabalhadores, que são obrigados a se expor ao perigo e ainda são responsabilizados caso aconteça algum acidente, como em outro caso citado pela reportagem da BBC onde a empresa disse que a culpa era dos trabalhadores por não utilizarem os equipamentos adequados, ainda que os auditores do Ministério Público do Trabalho afirmem que não havia qualquer tipo de equipamento de proteção no local. Em outros casos, o resgate é dificultado pela recusa dos patrões em esvaziar o silo para resgatar o trabalhador acidentado, preferindo correr o risco de matar um ser humano do que ter algum prejuízo por perda dos grãos.

Esses acidentes acontecem em toda a cadeia de produção do agronegócio, com casos em silos de ração, café, açúcar, ração animal e feijão, em latifúndios típicos, cooperativas de produtores ou nas fazendas mecanizadas de gigantes do agronegócio, como Cargill e Bunge, mostrando o quão difundido é o descaso e o desrespeito ao trabalhador no agronegócio e como, sem o controle e gestão dos trabalhadores sobre sua própria produção, a mecanização do agronegócio não serve para deixar a vida do trabalhador do campo mais fácil mas apenas para aumentar os lucros de latifundiários e multinacionais.

 
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