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ELEIÇÕES 2018
Candidatos a governador do RN: muitos "gestores", nenhuma alternativa de independência de classe
Marie Castañeda
Estudante de Ciências Sociais na UFRN
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Na semana passada aconteceu o primeiro debate entre candidatos ao governo estadual do Rio Grande do Norte, pela Band. Participaram os 8 candidatos inscritos na corrida eleitoral do Estado: Robinson Faria (PSD), Carlos Eduardo (PDT), Breno Queiroga (Solidariedade), Freitas Jr (Rede Sustentabilidade) e Heró Bezerra (PSB) como candidatos direto do golpismo e Fátima Bezerra (PT), Carlos Alberto (PSOL) e Dário Barbosa (PSTU), parte da esquerda que não acredita na existência de um golpe institucional.

Estamos em eleições manipuladas pela Lava Jato e o autoritarismo do Judiciário, um punhado de juízes eleitos por ninguém ataca o direito de milhões de brasileiros manifestarem sua vontade nas urnas, retirando os direitos políticos de Lula ser candidato. Apesar disso, nenhum candidato a governador do RN fez uma denúncia contundente dessa aberração autoritária. O debate foi marcado por resposta ao desemprego que só favorecem patrões e a promessa de mais repressão na temática da segurança, como não poderia ser diferente no RN, com índice de desemprego que chega a 15%.

O RN é o segundo Estado a entrar no Plano de Ajuste Fiscal do golpista Temer, cujo governo estadual (Robinson Faria, candidato pelo PSD) atrasa sistematicamente o pagamento de salários dos servidores estaduais, o que ocorre também a nível da capital potiguar, cujo prefeito também é candidato (Carlos Eduardo, candidato pelo PDT).

Nas pesquisas eleitorais quem lidera é Fátima Bezerra (PT) com 34% da intenção de votos, em segundo lugar está Carlos Eduardo (PDT) e Robinson Faria (PSD), Carlos Alberto (PSOL) com 2% e Breno Queiroga (Solidariedade) com 1%.

Os cargos no RN, a política e a economia no geral são há muitíssimas décadas controladas pelas mesmas famílias oligarcas no RN, os Alves (dos quais Carlos Eduardo é herdeiro), os Faria (dos quais Robinson não se desconecta nem mesmo com o nome de figura pública), os Maia e Rosado, que se apresentam como famílias rivais mas foram todas fervorosas defensoras do golpe institucional que veio para massacrar as condições de vida da classe trabalhadora.

Assim, Robinson Faria e Carlos Eduardo fizeram trágicas encenações de acusações de irresponsabilidade frente ao salários não pagos dos servidores ou de pouca atuação no combate à violência, quando Robinson se vangloriou da construção do Presídio de Alcaçuz, onde a média nacional de 40% de presos sem julgamento se mantém e que é uma das maiores expressões da crise carcerária brasileira e do destino que a burguesia e as oligarquias querem dar aos jovens negros: presos, assassinados pela polícia ou sem acesso ao mínimo de serviços públicos e em trabalhos precários. Robinson teve a pachorra de defender seu governo, que endividou para toda a vida os servidores públicos estaduais e no qual não conseguiu aprovar ainda com totalidade seu pacote de privatizações, sua promessa para um possível próximo governo.

Robinson e Carlos Eduardo, assim como Breno Quiroga do SD, são a continuidade do golpe institucional, representam os ataques diretos que os professores da rede estadual, e os professores da rede municipal de Natal, receberam neste último período, com atrasos salariais e repressão a suas greves. São verdadeiros inimigos do povo.

Gestão e administração: a bola da vez dos candidatos ao governo

De acordo com todos os candidatos, o problema do RN é de gestão, de administração das contas públicas e não de a quem elas servem e da necessidade de manutenção dos lucros dos empresários, privilégios dos juízes e políticos.

Breno Queiroga (Solidariedade) se declarou defensor dos capitalistas e da Reforma Trabalhista, colocando abertamente seu apoio ao golpe institucional e sua defesa de que os trabalhadores que paguem pela crise,

Fátima (PT), a favorita da corrida ao cargo de governadora, discursou como antagonista de Robinson Faria e das oligarquias. Ela carrega consigo a ilusão petista de tempos que eram materialmente melhores aos de hoje, mas tem como "exemplo" do que é um Estado governado pelo PT o de Minas Gerais. Em MG, o governador petista Fernando Pimentel vem atrasando e parcelando salários como Robinson Faria, atacando a classe trabalhadora, também reprime as greves, ou seja, não é alternativa para enfrentar a direita asquerosa de Flávio Rocha da Riachuelo, os empresários e latifundiários, verdadeiros donos do Rio Grande do Norte. Também faz política falando dos 19 IFs que trouxe como Senadora para o RN, fingindo que estes já não sofriam arduamente com os cortes de Dilma e agora estão ameaçados de fechar, os desloca também do cenário de crescimento econômico do país.

Fátima está de acordo, como o restante dos candidatos do PT, com o pagamento da fraudulenta dívida pública aos banqueiros internacionais, roubo esse responsável pelos mais de 25 milhões de desempregados no país, assim como a dívida do Estado do RN com a União, responsável pelo desemprego galopante no Estado.

Discursos inflamados sem organização da luta não barraram a Reforma Trabalhista, não farão nem cócegas no autoritário judiciário que não dá ouvidos nem à ONU, uma organização à serviço dos interesses imperialistas.

Já o PSOL falou em defesa da riqueza dos burgueses locais, do maior investimento em inteligência da polícia para que “os verdadeiros bandidos sejam presos”, uma intervenção trágica e a promessa de um governo “mais eficiente e gestor”. Não poderia ser diferente, já que o PSOL apresentou um candidato empresarial ao pleito: Carlos Alberto declarou um patrimônio de mais de 4 milhões de reais, superando até mesmo o patrimônio declarado por Carlos Eduardo (que quando era do PT, em 2014, disputou eleições numa coligação que envolvia, além do PCdoB, partidos de direita como PSD, PTdoB, PP, PEN). Sequer denunciou o veto autoritário à candidatura de Lula. Zero independência de classe, sem a qual é impossível enfrentar verdadeiramente os golpistas, de maneira independente do PT.

No tema de segurança pública, qualquer programa de esquerda deve partir de que o problema da violência social é decorrente do desemprego, da pobreza, da precaridade da educação, da falta de cultura e lazer para a juventude e o povo das periferias. Porém, nem isso foi levantado por Carlos Alberto.

Para enfrentar as oligarquias, a burguesia e seus governos verdadeiramente, é necessária a construção de uma voz anticapitalista da classe trabalhadora, é a serviço disso que se coloca o Esquerda Diário. Em São Paulo, Minas Gerais e no Rio Grande do Sul lançamos candidaturas que se colocam à serviço de denunciar fortemente o caráter fraudulento destas eleições, manipuladas pelo judiciário, STF, Ministério Público, que querem escolher a dedo quem será seu candidato e mantém Lula fora das eleições.

Não votamos no PT, que abriu caminho ao golpe institucional quando governou com a direita, assumiu e acobertou métodos de corrupção próprios deste sistema capitalista e atacou os trabalhadores, principalmente com os ajustes no segundo mandato de Dilma Rousseff em 2015. Mas defendemos irrestritamente o direito de Lula ser candidato, contra a tutela autoritária do judiciário num dos últimos vestígios de soberania popular que restam nas repúblicas burguesas.

 
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