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Professores de Campinas: seja uma voz anticapitalista nessas eleições
Ana Carolina Fulfaro
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Nessas eleições, os professores se perguntam em quem votar e qual é a saída frente a tantos ataques aos nossos direitos. Essa não é uma eleição normal, e querem que ela seja parte de aprofundar os ajustes inclusive na educação. Os professores podem ser linha de frente em denunciar e resistir à esse processo. Por isso, queremos ser parte de construir em Campinas uma voz anticapitalista nestas eleições manipuladas.

O golpe institucional veio para aprofundar ainda mais os ataques. Não à toa, a Reforma do Ensino Médio foi a primeira das reformas de Temer, sancionado via decreto para que tivesse uma tramitação relâmpago no Congresso, além da PEC do teto de gastos (Emenda Constitucional nº 95) e Reforma Trabalhista, e da Reforma da Previdência tão cobiçada pelos golpistas e empresários. Para garantir tudo isso, o mesmo Judiciário inundado de privilégios, que ataca nosso direito de greve, aprova o ensino confessional (religioso) nas escolas, e suspende o aumento salarial dos professores do estado (aumentando o deles próprios), manipula as eleições mantendo a prisão arbitrária do Lula e sua proscrição eleitoral. Eles querem escolher quem será o próximo presidente para garantir a continuidade dos ataques, para isso, impedem que a população tenha o direito de decidir em quem votar.

Em Campinas, assim como em todo o estado de São Paulo, a situação da educação pública é cada vez mais agravante. Nas escolas estaduais os professores enfrentam o fechamento de salas de aula, demissão de professores, falta de estrutura e de materiais básicos, salários defasados, políticas de responsabilização dos professores, chegando ao cúmulo de ter uma escola inaugurada (com meses de atraso) no início do ano sem materiais didáticos e sem merenda, e mais uma lista enorme de feitos que, Geraldo Alckmin (PSDB) quer agora levar para todo o Brasil.

No município o problema da falta de professores também aumenta. Os servidores municipais também se enfrentam com a precarização, defasagem salarial, ataques à previdência, e ainda com outros ataques que a câmara dos vereadores da cidade quer servir de exemplo aos setores mais reacionários da sociedade. Tudo isso afeta diretamente a qualidade de ensino para a população da cidade, no início deste ano, por exemplo, mais de 5.700 crianças não tinham vaga em creche, tendo que esperar em média 2 anos para ter acesso a esse direito básico. Esse é o projeto pra educação do PSB de Jonas e Márcio França.

Em 2015, após uma greve dos professores estaduais de mais de 90 dias, os vereadores da cidade quiseram aprovar a “emenda da opressão”, uma proposta elaborada pelo vereador Campos Filho (DEM) para proibir as discussões de gênero e sexualidade nas escolas da cidade e vetar os debates nas elaborações legislativas. No ano passado, o vereador Tenente Santini (PSD) quis aprovar o projeto Escola Sem Partido na cidade, apoiado por setores reacionários como o “Direita São Paulo”. Assim como contra a “emenda da opressão”, houve a mobilização de diversos setores contrários ao projeto, movimentos sociais, professores, estudantes e universidades.

Não esquecemos que essa mesma câmara foi a que votou a moção de aplauso à reitoria da Unicamp que suspendeu por dois semestres um estudante que apagou uma lousa durante a greve que conquistou as cotas nesta universidade em 2016, e aprovou uma moção contra o pensamento de Simone de Beauvoir, filósofa e feminista francesa do século XX, após uma questão no ENEM de 2015 que citou a autora.

Na última cidade a ter abolido a escravidão, na cidade em que nos enfrentamos com os escândalos de feminicídio de Isamara e sua família na virada do ano para 2017; Maria de Fátima, brutalmente assassinada após sair para caminhar na região do Campo Grande; Marília, estudante de medicina da PUC-Campinas, assassinada pelo namorado na sua própria casa, e muitas outras mulheres que se enfrentam com a violência machista cotidiana, é absurdo que essas medidas que visam impedir discussões tão fundamentais nas escolas sejam defendidas, o que mostra que o que esses vereadores querem é manter essa realidade de violência e opressão.

A escola deve ser um espaço com debates livres e as questões de gênero e sexualidade fazem parte do cotidiano dos nossos estudantes, e inclusive é uma demanda de debates deles próprios. Durante as ocupações de escola, por exemplo, isso ficou bastante evidente. A frase “lute como uma menina”, junto com “escolas de luta”, “hoje a aula é na rua”, “por uma educação que nos ensine a pensar, e não a obedecer”, foi uma das frases que representou a concepção de educação e de movimento que os secundaristas estavam disputando: com as meninas a frente, lutando em defesa da escola e contra o machismo reproduzido no cotidiano escolar.

Em 2015 em Campinas foram mais de 10 escolas ocupadas, tendo uma entre as últimas a ser desocupada em todo o estado, conquistando a renúncia da diretora autoritária do cargo. Em 2016 estudantes também ocuparam várias escolas contra a Reforma do Ensino Médio e a PEC do teto de gastos, e foram brutalmente reprimidos pela polícia. Agora em 2018 os estudantes se organizam contra essa reforma e a Base Nacional Comum Curricular. Já fizeram atos e debate no centro da cidade, mostrando que são contra esse projeto de educação autoritário, que visa a precarização e que quer esvaziar ainda mais o conteúdo das escolas.

Professores de várias escolas estaduais da cidade também rejeitam a BNCC. Na farsa do “Dia D” proposto pelo governo federal, dezenas de escolas boicotaram o questionário sobre a Base, como as escolas E.E. Maria Julieta, E.E. Álvaro Cotomacci, E.E. Eliseu Narciso, E.E. Claudio Francisco da Silva, E.E. Prof. Paulo Mangabeira, E.E. Reverendo Nogueira, E.E Dr. Tomás Alves, E.E. Rita de Cássia da Silva, E.E. 31 de Março. A consulta tinha como intuito nada mais do que passar uma cara democrática para um projeto que está sendo totalmente imposto pelo governo. Professores, estudantes e toda a comunidade escolar, os principais interessados na proposta, não teriam nenhum poder de decisão sobre.

Mesmo com as traições das diretorias dos sindicatos, com a CUT e o PT dirigindo a APEOESP, e o PSB (mesmo partido de Jonas Donizette, prefeito da cidade) e PC do B na diretoria do STMC (Sindicato dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Campinas), os professores deram várias mostras que não estão satisfeitos com a atual situação e estão dispostos a se posicionar contra os ajustes e a precarização das escolas. No entanto, essas direções sindicais trabalham para desmoralizar a categoria e ser um verdadeiro entrave para que qualquer mobilização possa ser vitoriosa.

Precisamos passar por cima dessas burocracias sindicais e construir uma força à esquerda do PT, que nada fez para barrar os ataques e o golpe. Para enfrentar o endurecimento do regime, o judiciário que hoje retira o direito do povo decidir em quem votar, para enfrentar os reacionários de Campinas, e todos os ataques à educação pública que se aprofundam ano a ano, desde o sucateamento, até o cerceamento de debates fundamentais, queremos construir uma voz anticapitalista da classe trabalhadora nessas eleições manipuladas.

Como parte de construir uma força que esteja à serviço de denunciar esse processo eleitoral manipulado por juízes que não são eleitos por ninguém e vivem de mega salário e privilégios, e de impedir que a crise seja descarregada sobre as nossas costas, convido todos os trabalhadores da educação e estudantes para o lançamento das candidaturas de Maíra Machado para deputada estadual, professora da rede pública estadual, e Diana Assunção para deputada federal, trabalhadora da Faculdade de Educação da USP, que acontecerá em Campinas no dia 1 de setembro, às 15h00 na Av. Francisco Glicério, nº 2265.

 
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