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EDITORIAL DE EDITORIAIS
Até no dia 16 a exigência dos jornais é de governabilidade pelos ajustes
Marcelo Tupinambá

O "espírito" dos jornais não é o que se expressa nas ruas pelo "impeachment" nem no discurso governista de "ameaça golpista". A linha segue de "governabilidade" para atacar. Não podemos aceitar.

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Os editorias dos principais jornais de hoje mostram que a realidade está longe do “espírito” que se expressa nas ruas nesse dia 16, que querem um “impeachment” ou um “golpe”. Também está tão distante quanto, por outro lado, do discurso petista de “ameaça golpista”. Mostram o que viemos denunciando no Esquerda Diário: que as bravatas de “impeachment” ou “golpe” (dia 16) ou de “defender a democracia com armas na mão” (dia 20) são nada mais que bravatas. A realidade é que a burguesia já centralizou o conjunto dos políticos e partidos da burguesia (incluindo o PT) pedindo “ordem e ajuste”. O que o petismo chama de PIG (Partido da Imprensa Golpista”) está à cabeça da operação “governabilidade pelo ajuste”. A imprensa não convocou ofensivamente os atos de hoje e nos editorias dos jornais já não se posiciona claramente ao lado deles apesar de dizer que “são legítimos”.

A Folha de São Paulo disse, num editorial único “De Itamar a Dilma”: “Os protestos marcados para este domingo (16) em diversas cidades do Brasil serão realizados a contrafluxo do que tem se passado nas esferas política e econômica (...) Surgiu nas águas turbulentas, ademais, uma pequena tábua de salvação. Trata-se da Agenda Brasil, um pacote de reformas amarrado por Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado (...) Se quiser tirar o melhor proveito da situação, o governo federal deve priorizar alguns projetos”.

A Folha coloca destacadamente quais são para eles as prioridades: fixação de limite para a dívida da União, “diminuir o custo da estrutura burocrática” e “tornar mais eficiente a gestão pública”, definição de uma idade mínima para aposentadoria e “reforma gradual do PIS/COFINS e do ICMS.

E conclui dizendo que “ Ao jornal "Valor Econômico", o cientista político Fernando Abrucio sugeriu um caminho: "A melhor das hipóteses para Dilma é ser um governo de transição para 2018. Não é pouca coisa para o país, nem para ela, se souber ter estatura política para isso. (...) Dilma é o Itamar [Franco] da vez". Que Dilma Rousseff enxergue essa última oportunidade que, paradoxalmente, a história lhe oferece.

Em síntese, a Folha diz: Dilma até 2018 e hierarquia nos ataques para que de fato ocorram e pressiona Dilma para se definir pelos ataques duros definitivamente.

O Estado de São Paulo segue a mesma linha. Em editorial intitulado “A legitimidade de Dilma” que se soma a outro “O mexidão de Renan”, dizem “Não há como levar a sério a enorme e complexa Agenda Brasil (...) para ajudar o governo a avançar no ajuste (...) o presidente do Senado poderia ter cuidado, há muito tempo, de tarefas mais modestas que a elaboração da Agenda Brasil. Além de poupar à presidente o custo político de vetar as piores propostas, ajudaria o governo a ganhar tempo na execução de suas tarefas. Poderia ter usado seu prestígio para apoiar ações necessárias ao conserto das contas federais, como a reoneração da folha de pagamentos. O presidente do Senado, no entanto, devia estar concentrado em outras prioridades. Só há poucos dias deve ter tido tempo para avaliar a importância do ajuste e das reformas”.

O Estadão também manda recado à Dilma, pedindo a ela também para “baixar a guarda” já que a linha geral é de “governabilidade”. Se apóia no discurso dela “em defesa da democracia” para dizer que “Se a presidente da República realmente tem apreço pela democracia, está disposta ao diálogo e quer ver reconhecida a legitimidade de seu mandato, deve tratar de acalmar os ânimos de sua tropa, baixar o tom e aceitar o fato de que o Estado não é ela”. A referência é à fala do presidente da CUT de “defender o governo com armas na mão”, que ele mesmo depois clarificou que são “as armas da democracia”.

O Globo já demonstrou a linha de não alimentar maiores tensões sequer abordando as manifestações de hoje na sua capa e editoriais, que tratam do “risco ambiental na Amazônia” e da crise hídrica. Sobre a crise política, só colocou notícias ligadas à corrupção e deixou o já folclórico Merval Pereira com suas bravatas anti-PT (pela direita), mas até ele já estava desanimado com o que seriam as manifestações de hoje, sabendo que seriam incapazes de gerar um expressivo movimento nas ruas. A linha é a mesma, “hierarquia nos ajustes”, com Elio Gaspari chamando a “Agenda Brasil” de Renan-Dilma-Lula de “xepa de feira”.

Não aceitemos a “governabilidade dos ajustes”

As ruas hoje não expressam a insatisfação massiva dos trabalhadores e do povo pobre contra Dilma e o PT, mas sim principalmente de setores de classe média. Os que mais sofrem com os ajustes não se sentem representados por estes atos. Mas os atos do dia 20, governistas, também não.

Por isso, insistimos no chamado ao PSOL a romper com os atos do dia 20 e convocar junto ao PSTU e outras organizações e entidades ligadas à esquerda anti-governista, um terceiro ato. Esse é o caminho concreto necessário para um terceiro campo que não seja nem governista nem com a oposição de direita.

 
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