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ELEIÇÕES 2018 SP
Candidaturas de vices mulheres PMs NÃO representam as mulheres
Vanessa Duarte

Um elemento que a mídia e as assessorias das candidaturas têm exaltado com frequência nessas eleições é a majoritária presença de mulheres candidatas a vice no governo de São Paulo, no qual 8 são mulheres e, dessas, 3 são PMs. Na falsa tentativa de obter um governo supostamente democrático com a representação de mulheres, essas candidaturas apontam um dos aspectos do que há de mais reacionário na política hoje.

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É o caso da vice de Paulo Skaf (MDB), a coronel da PM Carla Danielle Basson (MDB), que comanda o 11º Batalhão da PM do interior paulista. Também é coronel da PM Eliane Nikoluk (PR), candidata a vice de Márcio França (PSB) que exerce funções na PM há 29 anos. Também é o caso da vice do Major Costa e Silva (DC), a policial militar conhecida como Cabo Fátima Pérola Negra, também do 11º BPM.

As três candidaturas demagogicamente se baseiam na “representação” da voz das mulheres na política, com candidatas comprometidas com a segurança pública, a sociedade e o cidadão de bem, ou seja, comprometidas com a violência e a repressão.

As candidaturas femininas desses partidos de direita como simples presença das mulheres por fora de qualquer debate sério sobre gênero e sobre a questão das mulheres - como a diferença salarial, o feminicídio, a proibição do aborto, a terceirização -, gera o completo esvaziamento de seu conteúdo político. Mais que isso: essas candidaturas não só não apresentam soluções para os principais problemas que afetam a vida das mulheres como se colocam como verdadeiros entraves para qualquer tipo de avanço, como é o caso do aborto, por exemplo, 5ª maior causa de morte materna no Brasil, e que a não legalização faz com que 1300 mulheres morram por ano, e essas candidaturas femininas de partidos de direita se colocam contra a legalização, compactuando com todas essas mortes.

São candidaturas de mulheres que se comprometem com a continuidade e o aprofundamento da Reforma trabalhista, que obriga que as gestantes sigam trabalhando mesmo em caso de locais insalubres e que possam colocar em risco sua saúde ou a dos bebês. Também são candidaturas favoráveis à ampliação da terceirização do trabalho, que afeta principalmente as mulheres negras, pois ocupam os piores postos de trabalho e com os piores salários.

Mas a hipocrisia não para por aí, ainda piora: se já não bastasse não representar de fato não possuir um programa que responda aos principais problemas vividos pelas mulheres hoje, essas candidaturas são de policiais militares, expressando o que há de mais reacionário, com a PM no Brasil batendo cada vez mais recordes em número de assassinatos e prisões arbitrárias, mirando em primeiro lugar na juventude negra e pobre das favelas e periferias do Brasil, deixando claro que essas candidaturas não têm nenhum comprometimento com as mulheres nem com os setores oprimidos.

De nada adianta ter mulheres no poder se estas ecoam o mantra do “Rota na Rua” de Paulo Maluf ou prometem o “padrão Rota” com “polícia na rua e bandido na cadeira” como tem sido o programa de candidatos como Skaf, França e Doria, seguindo o reacionário discurso de “valorização” e reestruturação das polícias para na prática defender que tenham melhores condições para seguir cumprindo o papel de defesa do braço armado do Estado e ter melhores condições de reprimir e assassinar a juventude em sua maioria negra e pobre.

Nós mulheres não somos uma no poder, somos milhares em locais de trabalho e estudo que não aguentam mais a terceirização, a reforma trabalhista, a diferença salarial, o feminicídio e as mortes por aborto clandestino. Não queremos mulheres no poder por fora de debater qual programa as trabalhadoras e as jovens defendem. Muito menos queremos policiais no poder: é preciso acabar com a polícia.

Em tempos que querem dizer que mulheres policiais "no poder" significam algum avanço para a luta das mulheres, também é absurdo que setores da esquerda como o PSOL no último debate da candidatos a governador na Band tenha defendido a contratação imediata de 10 mil policiais civis, com mais investimento em tecnologia e ciência, o que só pode significar aumento de repressão e confiança em uma instituição reacionária do Estado.

As mulheres somente estariam representadas com um programa anticapitalista em defesa das trabalhadoras, contra cada medida de continuidade do golpe que favorece aos empresários e banqueiros ao descarregar cada vez mais os custos dessa crise sobre as nossas costas, com um programa independente dos golpistas e também do PT.

 
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