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IGREJA REACIONÁRIA
Igreja Católica chama vigília em defesa do aborto clandestino
Maíra Machado
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No dia 25 de julho a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), órgão oficial da Igreja Católica, divulgou nota reafirmando suas posições contra a legalização do aborto. A Igreja Católica anunciou que vai organizar uma “vigília pela vida” no próximo dia 2/8 contra a legalização do aborto. Sua demagogia e hipocrisia é enorme e chocante, já que não se importam com a vida das mulheres que morrem todos os dias, vítimas de abortos clandestinos.

A CNBB, junto a fundamentalistas religiosos, ao mesmo tempo em se manifestam contrários à descriminalização e legalização do aborto e que diz defender a vida permite que padres pedófilos sigam ministrando missa, mesmo depois de condenados e até com tornozeleira eletrônica, como já denunciamos aqui.
 
Além disso, em nota a Arquidiocese de Porto Alegre ao se manifestar contra a legalização do aborto, reivindica que o PL 478/2007 (Estatuto do Nascituro) seja retomado. Esse PL é uma verdadeira afronta às mulheres, já que seu conteúdo é de rever o Código Penal Brasileiro, transformando em crime os casos de aborto que hoje são garantidos por lei, mesmo de mulheres que são estupradas e também no caso de fetos anencéfalos.
 
A Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, afirma que a posição da Igreja é “em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural”, condenando, “assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam legalizar o aborto no Brasil”. A igreja atesta que o aborto, nos caso permitidos hoje, afronta a dignidade humana e a cidadania e com esse conteúdo afirmam também que não se importam para a vida e a dignidade das mulheres.

A Igreja Católica, assim como as Igrejas Evangélicas, se lançam em uma maratona para impedir que as mulheres tenham direito ao próprio corpo, ao mesmo tempo em que atuam junto aos políticos da ordem para massacrar ainda mais a vida de milhões de trabalhadores e trabalhadoras com as reformas e ataques propostos pelos grandes capitalistas. A defesa da dignidade humana não serviu para defender que não fossem aprovadas leis como a Reforma Trabalhista, que sujeita as mulheres grávidas a trabalharem em locais insalubres, que podem inclusive levar a abortos espontâneos e outros problemas à gestante. A dita defesa da dignidade humana não impediu a Igreja de atuar com políticos para fazer com que o trabalhador tenha que trabalhar cada vez mais em condições cada vez mais precárias. A Igreja perdoa todos os capitalistas, mas não as mulheres, que condenam à morte ou prisão.
 
Os bispos do Rio de Janeiro também soltaram nota onde repudiam qualquer movimento a favor da legalização do aborto e dizem defender a vida. A posição dos bispos está para além de irem contra a legalização do aborto, se colocam contrários à ADPF 442 (Arguição de Descumprimento Fundamental) que será discutida nos dias 3 e 6 de agosto em Brasília e que trata da descriminalização do aborto, para que as mulheres deixem de ser consideradas criminosas por praticarem o aborto.
 
Na audiência pública que debaterá a descriminalização do aborto não será votada nenhuma alteração constitucional ou no código penal, trata-se de colocar em pauta esse debate no STF. Mas mesmo assim, a Igreja já se lança contra as mulheres e contra o debate, Dizem, de forma absurda, que é uma questão de defesa da democracia, pois para eles, se o aborto for legalizado os direitos democráticos serão feridos. Defendem em seu manifesto que a criminalização do aborto está desde 1940 no Código Penal e nunca foi questionada a sua inconstitucionalidade. Querem que retrocedamos até 1940! No entanto ignoram que são cerca de 1 milhão de mulheres que fazem aborto todos os anos, quase 2 mulheres por minuto. Enquanto absolvem e acobertam sacerdotes acusados de abusos e pedofilia, querem manter as mulheres mortas ou encarceradas. Não existe inconstitucionalidade maior do que deixar metade da população brasileira, que é feminina, sujeita à interferência da Igreja nas leis de um país que se diz laico em sua constituição.

A CNBB quer fazer retroceder o direito ao aborto dos casos em que hoje é garantido. Criminalizando ainda mais as mulheres e permitindo que sigamos morrendo sem esse direito elementar que é decidir sobre nossos próprios corpos. É preciso lembrar à CNBB que o aborto ocorre mesmo proibido. No entanto, porque ele é proibido milhares morrem. Se dizer [hipocritamente] pró-vida é se afirmar a favor do aborto clandestino e pela morte de milhares de mulheres no Brasil todos os anos.

Exigimos que todos os processos contra mulheres que abortam sejam retirados imediatamente e que nenhuma mulher seja criminalizada em nosso país por fazer aborto.

Lutamos para que o aborto seja um direito, garantido por lei e que todas as mulheres que precisem recorrer a esse procedimento, tenham garantia de saúde e higiene e que possam recorrer ao SUS, com médicos especializados e tendo a certeza de que não morrerão vítimas do aborto clandestino.

Chamado às mulheres brasileiras: venha marchar dia 8 de agosto pela legalização do aborto

 
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