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MACHISMO E CAPITALISMO
"Bumbum na nuca": padrões estéticos no capitalismo e a morte na cirurgia plástica
Redação

Lilian Calixto, 46 anos, faleceu por embolia pulmonar após aplicação de material para aumento das nádegas. O procedimento foi realizado por César Denis, médico, que realizava cirurgias em seu apartamento, com auxílio de sua mãe e namorada. Mais uma vítima do machismo e do capitalismo, que aprisiona mulheres na busca violenta pelo padrão estético perfeito.

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César Denis César Barros Furtado, conhecido como Dr. Bumbum, é um médico carioca que realizava procedimentos estéticos em seu apertamento no Rio de Janeiro e que agora encontra-se foragido da justiça. César e sua mãe, Fátima, estão sob mandato de prisão após morte de Lilian Calixto que havia ido até o apartamento deles realizar o procedimento estético na madrugada de domingo (15).

Famoso nas redes sociais, César tinha mais de 655 mil seguidores no Instagram e 700 mil no Facebook, onde fazia propaganda dos procedimentos estéticos publicando fotos dos resultados. A bancária teria sido socorrida pelo próprio médico, pela sua mãe e namorada. Suspeita-se que Lilian teria falecido por embolia pulmonar devido à aplicação de polimetilmetacrilato, tipo de material utilizado para preenchimentos faciais e corporais. Apesar de liberado pela Anvisa, a Sociedade Brasileira de Cirurgia já havia alertado sobre os riscos da aplicação do material, principalmente nos glúteos.

O médico realizava procedimentos cirúrgicos nas mulheres, que deveriam ser utilizados em pequenas quantidades e em local adequado, com equipamentos que pudessem garantir a segurança daquelas que passassem pelo procedimento.

Em fotos de conversas de Whatsapp de pacientes de César, mostram que os procedimentos custavam até R$23 mil reais para injeção de 800ml a 1000ml do produto. Segundo UOL, a paciente que preferiu manter sigilo, afirmou que César aceitava escambo como forma de pagamento: ""Eu tive contato com o Denis pelas redes sociais. Combinamos de fazer o procedimento pelo WhatsApp. Como tenho uma empresa na área de construção civil em Brasília, ofereci serviços de reforma em troca de procedimentos estéticos. Ele topou e já estava tudo certo. Até combinamos de dividir o valor em dez vezes", conta ela, que havia acertado pagar R$ 23.650,00 pelo procedimento —parte dele em serviços. "

A morte de Lilian Calixto em sua busca pelo padrão de beleza escancara a pressão que estão submetidas mulheres de atingir um padrão estético praticamente inatingível. O "corpo perfeito" vendido pelas revistas e propagandas, o machismo que objetifica e sexualiza os corpos femininos, aprisionam mulheres fazendo com que busquem caminhos traumáticos e dolorosos, podendo até perder suas vidas.

Não configuram como um problema em si os procedimentos estéticos que mulheres buscam, e sim um padrão de beleza incansável contaminado por uma pressão de um corpo que não existe por fora de sofrimento. Este padrão serve ao capital, para incutir nas mulheres um consumo que as torna escrava da indústria da beleza. Para o capitalismo, o corpo feminino não vale nada: é um corpo que não interessa que pense ou produza, e sim que seja esteticamente impecável.

Apoiados em um dos pilares que sustenta a opressão das mulheres, clínicas mercenárias, muitas vezes ilegais e que fazem uso de produtos inseguros, colocam a vida das mulheres em risco. Médicos como César colocam as mulheres em risco para que possam enriquecer, apoiados nessa barbárie, como injeção de silicone industrial.

Todos os dias mulheres morrem não só por serem bombardeadas pela ideia do corpo perfeito e pela infelicidade estética, mas também morrem por abortos clandestinos, jogadas aos postos de trabalhos mais precários e sem direitos mínimos. É preciso batalhar para que de fato as mulheres tenham autonomia integral sobre seus corpos: sejam procedimentos estéticos que devem ser realizados em segurança, até mesmo a possibilidade de decidir interromper uma gravidez; decisões que devem ser garantidas pelo SUS, com atendimento de qualidade e seguro. Nessa batalha pela autonomia integral pelos seus corpos, não sejam submetidas à padrões de beleza inatingíveis, e que além disso disciplinam seus corpos para que estejam constantemente infelizes, e que disciplinadas, irão recorrer à procedimentos inseguros que são impostos pelo capitalismo.

 
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