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ARTE TRANS
Escola Livre de teatro apresenta: Furta Cor
Filipe Punhagui

O espaço da escola foi ocupado por diversas intervenções de variadas linguagens. O
evento foi aberto ao público nesta tarde de sexta-feira, 15 de Junho.
No Palco Dandara dos Santos, ouvimos e nos encantamos com Malka. A artista sentada no chão iluminada apenas por 3 velas e uma luz de LED colorida, encantou todos os presentes com a sua voz e suas composições. A intimidade do público ali sentado de frente a ela deixou o ambiente familiar e aconchegante.

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artista gráfico: Leo Lima [https://m.facebook.com/LImaLeo19?viewer_id=100001638477626]
Foi pensado assim: do nada e com nome e tudo. A ideia veio da jovem Renan Okê,
estudante da Escola Livre de Teatro de Santo André.

Renan [ https://m.facebook.com/renan.oke] a frente do Trans Articula, grupo de estudantes que visa inserir as pessoas trans e travestis dentro do ambiente acadêmico da arte, pensou em tudo sozinha, bateu de frente com os professores e criou, do zero, com a ajuda de alguns outros estudantes e artistas transgêneros, o Furta Cor.

O espaço da escola foi ocupado por diversas intervenções de variadas linguagens. O
evento foi aberto ao público nesta tarde de sexta-feira, 15 de Junho.
No Palco Dandara dos Santos, ouvimos e nos encantamos com Malka. A artista sentada no chão iluminada apenas por 3 velas e uma luz de LED colorida, encantou todos os presentes com a sua voz e suas composições. A intimidade do público ali sentado de frente a ela deixou o ambiente familiar e aconchegante.

As letras tocavam todos e Malka, no primeiro show como ela mesma, recebeu poucos aplausos. A artista deixou como deixa a informação de um CD que logo sai e que irá ter apenas ela mesma como estrela.

A Sala Trans: Transokê? Fez com que ficássemos indefesos em frente a um vidro vazio. Com as canetas nas mãos escrevemos as palavras que, com força e representatividade, iniciavam-se ou terminavam com “trans”. E assim foi, durante toda a tarde, sempre que alguém transcrevia algo que outra intervenção havia transpassado. E o vidro, que tem como ideia permanecer ali e mostrar aos outros alunos a força da população trans, ficou cheio.

O Banheiro unissex: O Pixo TRANSgressor de Isabel é o primeiro soco no estomago que o Furta Cor nos dá. Deitada ao chão, em cima de uma lona preta, ela olha dentro dos nossos olhos e grita o que todos um dia quiseram gritar. O banheiro pichado, de uma intervenção que aconteceu anos antes, com todas as frases que um dia atingiram alguém é tomado por Isabel como responsabilidade agora, para que seja limpo.

Ela fala sobre os militares e a milicia, prontos para matar. Como sabemos que estão.
Segundo ela cada um de nós tem a porra de uma bomba por dentro de si, prestes a
explodir. É bom que o país esteja preparado porque com o passar dos dias todos os lugares estão sendo ocupados por mais e mais minorias. Até que todas as bombas tenham explodido.

Na Sala Travesti, Terra a travesti que se auto-intitula não tradicional banha com o sangue das mulheres que o país matou. A bacia cheia de beterraba com alusão ao sangue que já escorreu pelas mãos da população que mais mata mulheres cisgeneras, transgêneras e travestis, encharcou o vestido branco que Terra vestia. Marielle, Dandara e Claudia, estão presentes dentro da sala e o país continua a matar.

A Sala Pare de Nos Matar: Manifesto performático: Por uma Pedagogia Trans de Fernando logo na entrada nos barra: passar ou não por baixo de uma escada? O que isso pode nos privar de ver e sentir? O formato simples da intervenção por áudio faz com que quem ouve sinta-se ouvindo a própria consciência. Até que momento a escola e a pedagogia deve se focar em feminino e masculino mas não em transpassar isso? O quanto isso pode ou não ser saudável?

Os áudios de Fernando nada respondem, pelo contrário, ao somar tudo já visto na escola e ouvir aquilo, de alguém que largou a faculdade de pedagogia por conta dessa forma convencional de ser, da primeiramente um alivio, em segundo um turbilhão de perguntas que nunca serão respondidas.

Por último e não mais leve o Saguão Cis nos propõe uma sequencia extraordinária. Cynthia nua e de cara pra rua, segurava um espelho e fazia cada um se encarar como quem encara cada uma das suas verdades. Eu por eu, eu e meu amigo do lado e o fragmento de mim pra uma terceira pessoa.

Essa é sem dúvida a mais forte de todas as intervenções. Cynthia, a artista, nada falou e cada um tirou suas próprias conclusões. O espelho quebrado no final de tudo intrigou; seria uma demonstração de empatia? Ou uma demonstração de como não importa como nos vemos e sim como os outros nos vêem? No momento em que o espelho se quebrou todos ali também se quebraram, impactados e de certa forma ou de outra, ou ela quebrava o espelho ou ele iria quebrar sozinho.

Durante todo o dia a Escada Queer: Queer e Não-Binário, feita por Leila e Gua Num Bi foi nascendo por entre as intervenções. Lembrando-nos de onde vieram os termos Queer e Não-Binário e nos fazendo questionar:

Por quê não há um abrasileiramento do queer? Por que temos de tomar a luta de outros países como nossas? Quando é que iremos “queerizar” uma palavra que defina e abranja todo a nossa pluralidade de ser?

A ELT não é realmente livre porque quem fez tudo ali no centro de uma cidade considerada interior pela grande metrópole que rege seu estado, não foi a escola, não foi o governo. Foram os alunos, liberados por eles e só eles. Abriram com peito e cara a tapa as portas da escola para o abranger as travestis que não podem entrar da forma convencional. A questão que fica transpassada na garganta é: quando a Escola Livre de Teatro será livre dos preconceitos institucionais que impede que a minoria LGBT+ seja livre para estudar ali?

 
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