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DROGAS
Senado e Polícia Federal divulgam mentiras sobre efeitos da maconha para defender proibição
Fernando Pardal
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As informações veiculadas em postagem na página "Senado Federal" trazem supostas informações sobre os efeitos nocivos da maconha, citando como fonte a página da Polícia Federal.

Entre os supostos "males" causados pela maconha, alguns são francamente ridículos e viraram motivo de piada entre os comentários na própria página, como o de que a maconha causaria "morte", tanto como efeito "imediato" como também por seu "uso continuado".

Ainda que no Brasil cientistas encontrem inúmeras barreiras legais que impeçam que se realize livremente estudos científicos sobre os efeitos reais da maconha, hoje já se conta com uma quantidade razoável de pesquisas sérias que inclusive levaram ao desenvolvimento de medicamentos utilizados em diversas doenças. O Canabidiol, um dos princípios ativos presentes na maconha, é utilizado para combater efeitos do câncer, tratamento de esclerose múltipla, mal de Parkinson, entre outras patologias.

Já a maioria dos supostos efeitos nocivos relatados na irresponsável postagem feita pelo Senado e na lista desenvolvida pela Polícia Federal não podem ser corroborados por absolutamente nenhuma pesquisa científica séria. Fazem parte de uma campanha ideológica fundada em preconceitos e mentiras para manter uma política absurda de criminalização das drogas que o Estado brasileiro implementa há décadas e que faz parte inclusive da política imperialista - a doutrina da "guerra às drogas" tem origem nos EUA e foi utilizada por distintos governos americanos como pretexto para aumentar sua presença militar e vigilância em países da América Latina.

Não se sabe de nenhum caso registrado de morte causada por maconha. Já a proibição dela, e a guerra às drogas motivada pela proibição dessa e de outras substâncias, faz milhares de vítimas por ano. Essa política sustenta uma rede ilegal de milhões de reais na qual as facções do crime organizado, as milícias cariocas e o próprio Estado, com frações importantes da burguesia no comando, lucram sob o sangue da juventude negra que é quem morre cotidianamente. Mortes como a do jovem Marcus Vinícius, de apenas 14 anos e que foi baleado pela polícia no Complexo Maré enquanto ia para a escola, e cuja mãe certeiramente acusou "A culpa é do Estado doente que mata crianças com roupa de escola", são a consequência mais cruel dessa barbárie.

Os políticos patronais, muitos deles envolvidos diretamente nos lucrativos esquemas do tráfico e da sua "repressão", enquanto fazem campanhas criminosas e mentirosas como essa veiculada pelo Senado, também utilizam o pretexto da repressão ao tráfico para justificar esses brutais assassinatos, como vimos com a caluniosa postagem veiculada tanto por uma sargento da Polícia Militar, como por uma assessora do vereador Carlo Caiado (DEM), em que mostravam fotos falsas de um jovem segurando uma arma como se fosse Marcus Vinícius.

A miséria capitalista coloca milhares de jovens, e toda a população dos morros, favelas e periferias como alvos das balas da polícia e do tráfico. O verdadeiro motivo para esse massacre é conter o descontentamento social gerado pela desigualdade por meio de muita violência, enquanto mantém os setores da burguesia e do Estado que lucram com o tráfico embolsando milhões. A maconha está muito longe de ser o problema dessas pessoas, que estão cotidianamente sofrendo com a polícia, o exército e o tráfico nas portas de suas casas, matando suas crianças - foram 8 crianças pelo meno,s apenas em 2018, mortas pelas balas da polícia.

Além disso, a criminalização das drogas é usada para encerar massivamente os negros e pobres - o Brasil conta com mais de 700 mil presos, a terceira maior população carcerária do mundo, e um a cada três presos respondem a crimes ligados ao tráfico. Entre as mulheres, essa porcentagem é ainda maior: são 42 mil presas, a quarta maior população carcerária feminina do mundo, e62% estão presas por crimes ligados ao tráfico. É claro que essas massas carcerárias não são os capitalistas que lucram milhões com o tráfico, mas os que estão na ponta de baixo, submetidos à barbárie do tráfico pelo desemprego e pela miséria (isso quando não são crimes forjados pela polícia, como no caso emblemático de Rafael Braga).

Basta de querer manter esse massacre por meio de mentiras. Pela legalização das drogas sob controle operário e popular, com liberdade de pesquisa científica, uso medicinal ou recreativo, para acabar com a barbárie da guerra às drogas. A luta pela legalização vem ganhando peso, e nesse ano, ainda que tenha sido escondido pela mesma mídia que divulga mentiras como as do Senado e da PF, cerca de cem mil pessoas foram às ruas de São Paulo e mais centenas nas ruas do Rio. Pela vida da juventude negra, é preciso levar essa luta até o fim, combatendo esse Estado que mente, criminaliza as drogas, assassina e encarcera massivamente os negros.

[ATUALIZAÇÃO - 19:29] A postagem foi removida das redes e um "esclarecimento" foi publicado. Saiba mais aqui

 
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