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UERJ
Forte votação da Chapa 2 ao DCE da UERJ mostra disposição de superar PT/PCdoB pela esquerda
Carolina Cacau
Professora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe
Isa Santos
Assistente social e residente no Hospital Universitário Pedro Ernesto/UERJ

A Chapa 2 – Quero me livrar dessa situação precária (Faísca, outros grupos de oposição e independentes) teve 1306 votos nessa eleição, e mostrou que há entre os estudantes da UERJ espaço para a construção de uma forte oposição ao grupo da Chapa 1 (PT, PCdoB, que este ano tem adesão do Levante Popular da Juventude) que há anos mantém o DCE da UERJ numa paralisia completa.

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A eleição do DCE da UERJ apresentou quatro chapas nesse ano. A Chapa 1 representava o grupo que há anos mantém o DCE sob seu domínio burocrático, sempre adiando a convocação de eleições (a última foi em 2016), utilizando de fraudes e manobras contra seus opositores e mantendo o DCE em uma imensa apatia frente aos ataques da reitoria e dos governos. Nenhuma novidade, já que os grupos à frente da chapa são PT, PCdoB, e este ano tiveram adesão do Levante Popular da Juventude (LPJ), que utilizam esses métodos em todo o país, no movimento estudantil e sindical.

Veja mais: Por que é fundamental tirar o DCE da UERJ das mãos do PT e PCdoB

Para combater essa verdadeira burocracia estudantil, a chapa 2 – Quero me livrar dessa situação precária, expressa um acordo programático entre a Faísca, o RUA (juventude ligada à corrente Insurgência, do PSOL) e Coletivo Negro Patrice Lumumba, além de dezenas de estudantes independentes. A chapa se formou em base a um acordo programático que coloca questões fundamentais para combater o desmonte da UERJ e dar uma resposta à crise do país pela esquerda.

Partindo de colocar um combate ao desmonte da universidade que os governos de Pezão e Temer vêm tentando impor, com a conivência do reitor Ruy Garcia Marques, a Chapa 2 levantou a luta por uma Petrobrás 100% estatal sob gestão dos petroleiros e controle popular, para que a riqueza do petróleo possa financiar a educação e não os lucros de empresários imperialistas que vem abocanhando essa empresa com a privatização dirigida pelo governo golpista; levantou o programa de não pagamento da dívida pública, o maior roubo capitalista aos cofres públicos, que anualmente leva um trilhão de reais para o bolso de milionários especuladores, verba suficiente para manter mil UERJs; a denuncia do golpe, da prisão arbitrária do Lula, uma denuncia de que os governos do PT abriram espaço pra direita com sua política de conciliação de classes e contra a intervenção federal no RJ.

A chapa 2 levantou fortemente a luta em defesa da permanência estudantil plena, com a luta por creches, moradia estudantil e bandejões em todos os campi, o fim da reavaliação das bolsas, reabertura dos laboratórios de informática, retomar as bolsas cortadas, aumentando seu número e pela equiparação do valor ao salário mínimo.

Consideramos essa unidade programática de setores da oposição, que pela segunda eleição consecutiva se deu (http://www.esquerdadiario.com.br/Na-eleicao-do-DCE-da-UERJ-milhares-buscaram-uma-alternativa-a-esquerda-do-PT-e-PCdoB-como-seguir) para batalhar por uma alternativa que supere o PT e PCdoB na gestão do DCE, que paralisam as lutas e mantém um domínio burocrático da principal entidade estudantil da UERJ, uma conquista para o movimento estudantil da UERJ. Mas não deixamos de afirmar que o RUA e o PSOL de conjunto poderiam cumprir um papel muito superior nacionalmente se batalhasse por este programa que acordamos para o DCE da UERJ, que é muito diferente do que temos visto na sua campanha presidencial, com Guilherme Boulos afirmando que “O problema maior do Brasil francamente não é a dívida pública”, ou com uma participação absurda, inclusive da própria Insurgência, no “Pacto pela Democracia” ao lado dos donos do Itaú, PSDB, NOVO, etc..

A força desse programa e de uma oposição que esteja na linha de frente da luta se mostrou com o resultado em diversos cursos onde conseguimos chegar com nossa campanha como Faísca. A juventude Faísca, em particular, esteve fortemente presente no curso de Serviço Social, onde conquistou 152 dos 241 votos, contra apenas 9 da Chapa 1; essa foi a maior proporção de votos de toda a chapa 2 em relação à chapa 1 na universidade. Esse resultado mostra a força de um trabalho de anos no curso, e uma base de estudantes que tomou para si um programa político que responda à crise e a luta contra a burocracia que sequestrou o DCE.

Além disso, no Centro de Ciências Sociais (CCS) a eleição para a representação discente elegeu Carolina Cacau, estudante de Serviço Social e militante da Faísca, para ser representante dos estudantes dentro do Conselho Universitário (Consun), com um programa que não apenas levava adiante os importantes acordos programáticos da chapa 2, mas posições mais profundas sobre o questionamento estrutural à forma de gestão da universidade, propondo o fim da reitoria e do Consun e lutando Congresso Estatuinte para refazer toda a estrutura de poder universitária e para colocar na UERJ uma gestão dos três setores da comunidade (docentes, técnicos e estudantes) respeitando a proporção de cada um deles, ou seja, com uma maioria estudantil. Isa Santos, também do Serviço Social e militante da Faísca, é suplente de Cacau. Agora, os estudantes da UERJ contam com uma voz sua dentro do antidemocrático conselho para fazer suas denúncias, levar suas demandas e fortalecer assim a luta e a mobilização, que são as únicas formas efetivas de garantir nossas conquistas.

Veja mais: Carolina Cacau é eleita para Conselho Universitário da UERJ desafiando a estrutura de poder

Em outros cursos, a Faísca, como parte da chapa 2, teve uma expressiva atuação e conseguiu levar a centenas de estudantes este programa. Na Geociências, foram 88 votos para a chapa 2 e 5 para a chapa 1, que são especialmente do curso de geografia; na Pedagogia, conquistamos 80 votos frente aos 111 da Chapa 1.

Além das chapas 1 e 2, nesse processo duas outras chapas de oposição se apresentaram às eleições. A chapa 3, dirigida pelo MEPR, obteve uma expressiva votação de 568 votos a custo de utilizar o tradicional método de falsificações e calúnias tão característico dessa corrente e de sua tradição, o stalinismo. Além de tentarem se apropriar de uma luta do movimento estudantil (a ocupação do bandejão do Maracanã) como se fosse uma luta “sua” e da sua chapa apenas, afirmavam ser “a única chapa sem partido”, escondendo dos estudantes que em sua composição tinha uma organização política e tentando se aproveitar de um sentimento despolitizado de rechaço às organizações políticas independente do que defendam. Além disso, se apoiaram em outras mentiras, como de que todas as demais chapas já teriam composto a gestão do DCE – sendo que desde 2013 a gestão está nas mãos do mesmo grupo e se houve outros anos em que esse ou aquele grupo pertencente a alguma chapa foi gestão, isso se dava em uma composição totalmente distinta. Procuraram se mostrar aos estudantes como uma chapa “combativa” escondendo quem são de fato e tentando se apropriar de uma luta. O que seus eleitores na grande maioria não tiveram oportunidade de saber é que por trás desse disfarce de “combatividade” se esconde um grupo stalinista cujos métodos fundamentais são riscar cartazes das chapas adversárias e ocasionalmente mesmo atacar fisicamente adversários políticos.

Já a chapa 4, composta por PSTU e independentes, mostrou a extrema debilidade desse grupo político, atingindo apenas 105 votos. Essa expressão irrisória de apoio entre os estudantes para sua chapa foi apesar de que o método do PSTU na UERJ é sempre tentar copiar elementos do programa e discurso da Faísca. O mais novo em relação a isso é o PSTU ficar no Serviço Social falando permanentemente agora “contra a manobra parlamentar que colocou um governo ilegítimo”, tentando esconder sua posição completamente absurda em relação ao golpe institucional, que foram a favor da prisão do Lula e vem agora dizer que estão em defesa da Petrobras mas apóiam o golpe e a Lava Jato que justamente teve como um dos centros a destruição da Petrobras.

A expressiva votação da chapa 2 deixa claro que há na UERJ espaço para construir uma forte oposição que seja capaz de construir uma alternativa que supere pela esquerda o PT e PCdoB, para colocar de pé um movimento estudantil que de fato defenda a UERJ dos ataques e avance para que essa luta se amplie e se coloque a serviço dos trabalhadores e do povo pobre, lutando não apenas pela manutenção e ampliação das cotas, mas também pelo fim do vestibular e estatização das universidades privadas. Em defesa dos trabalhadores, lutando pela incorporação das terceirizadas sem concurso público. Para que as pesquisas sejam voltadas às necessidades da população, como para o desenvolvimento de moradias populares e não Caveirões mais eficazes para matar nas favelas. É por essa luta que chamamos todos os que votaram na Chapa 2 a construir conosco a Faísca, porque não basta uma oposição eleitoral, o fundamental é batalhar para que a força desses votos se transforme em uma força militante e atuante cotidianamente na construção desse projeto.

 
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