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VENEZUELA
Nicolás Maduro anuncia mudanças ministeriais que não mudam nada
Milton D’León
Caracas

Maduro anunciou em sua conta no Twitter mudanças e jogadas ministeriais. Na noite de quinta (14) ele as confirmou e falou de uma “profunda renovação”, embora não tenha tocado em nenhuma das áreas chave.

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Embora custe acreditar que Maduro fez suas mudanças ministeriais via twitter, mudando uma dezena de ministérios, em muitos fazendo algumas jogadas, em outros colocando novos personagens mas do mesmo naipe, e sem tocar em áreas chave.

Na noite de quinta, via rede nacional, Maduro ratificou o que havia anunciado em sua conta pessoal na rede social em um breve discurso onde chegou a falar em “salto mágico”. Falou em “mudanças” como se estivesse anunciando novos “rumos econômicos”, criando duas pastas, tal como havia previsto na última semana no marco do que chama de uma “renovação parcial e profunda” que ele “decidiu pôr em marcha”.

Sim, ele não modificou nenhuma das áreas chave como a economia e a petrolífera, para onde os olhos estão mais voltados devido à catastrófica situação que atravessa o país, assim como também não mexeu nos ministérios da Defesa, Interior e Chancelaria.

“Prometo uma Revolução Econômica para construir as bases do bem estar e da prosperidade futura”, disse Maduro em sua conta no Twitter ao anunciar que mandou Tareck El Aissami para a vice-presidência econômica. Com quase 20 anos anunciando uma “revolução econômica”, não se sabe o que Maduro pensa revolucionar, inclusive porque deixa intactas as áreas chaves, assim como coloca indústrias fundamentais como a petrolífera, siderúrgica, etc nas mãos dos militares. Maduro afirmou em discurso que “tem um plano”, enquanto mostrava o “Plano da Nação” escrito 10 anos atrás.

Um governo débil frente à catástrofe econômica e social

Maduro foi empossado perante à fraudulenta Assembleia Nacional Constituinte (ANC) e fez uma ação com as Forças Armadas para que lhe assegurassem lealdade após uma das eleições com maior abstenção. Apesar de manter o controle de todas as instituições do Estado e apoiar-se nas Forças Armadas, o que aparenta ser uma fortaleza, na realidade após essas eleições Maduro permanece como um governo débil. Por isso, o apelo a que os militares reafirmem “lealdade” ao invés de demonstrar uma fortaleza, soa como debilidade e pouca segurança no mundo das espadas.

A catástrofe econômica não parou de se aprofundar, acelerando para níveis nunca antes vistos no processo hiperinflacionário. Maduro disse que o país atravessará “dolorosas dificuldades”, como se esses últimos 3 anos não tivessem sido de grandes calamidades para o povo. Mas o que essa frase implica é na flagrante revelação de que realmente todos os setores políticos do chavismo não sentem nem de perto os grandes sofrimentos do povo trabalhador e dos grandes setores populares.

Os preços do petróleo se recuperaram, mas justamente uma de suas causas é a brutal queda da produção venezuelana. É que eles levaram a uma crise a principal empresa do país e única geradora de câmbio. Como é de conhecimento público, a produção da PDVSA caiu para o mínimo em 33 anos, chegando a níveis de 1,39 milhões de barris por dia de produção, em meio à crise brutal, e cujo cenário se complicou após as ações de Conoco Phillips para apreender ativos e o peso da grande dívida com os credores.

Por isso as “mudanças” de Maduro não passam de blefes políticos, que meio a toda essa situação. Buscam criar essa “imagem” de que “estão agindo”, mas ninguém acredita. Isso porque além de não tocar nos ministérios fundamentais, as jogadas foram em outros ministérios ou áreas onde se realocaram os mesmos personagens de sempre. Assim, a presidente da “Constituinte” Delcy Rodríguez passou a ser a vice presidente executiva do país, substituindo Tareck El Aissami, personagem que agora passar a ser chefe do recém criado Ministério de Indústrias e Produção Nacional.

A ex-presidente da estatal Hidrocapital, Evelyn Vásquez, passa a ser a nova titular da pasta de “Atenção das Águas”, após a divisão da pasta de “Ecossocialismo e Água”. Uma área justamente onde vem ocorrendo um grande processo de deterioração pela total ausência de investimento em infraestrutura, chegando ao extremo dos problemas de água em cidades como Carácas, entre outras.

Entre os que passam a ocupar outros cargos está Marleny Contreras, a esposa de Diosdado Cabello, que vinha atuando como ministra do Turismo, passando agora a encabeçar o ministério de Obras Públicas, antes dirigido pelo próprio Diosdado. Há também a jogada com Stella Lugo, que após dois mandatos como governadora de Falcón e recentemente chefe do Território Insular Francisco de Miranda, agora passará para o ministério de Turismo. Dantes Rivas, um dos homens de confiança de Maduro, volta ao gabinete executivo agora encarregado do Ministério de Pesca e Agricultura, após estar no Saime e ter ocupado o cargo de chefe político do chavismo em Nueva Esparta.

Caras “novas” mas velhos aliados e do mesmo naipe somam-se a este gabinete reestruturado: Mayerlin Arias (na Agricultura Urbana); Yomana Koteich (no Comércio Exterior e Investimento Internacional - é conhecida por ter sido vice-ministra de finanças e atualmente presidir a diretoria que interviu por 90 dias na Banesco); Hipólito Abreu (no Ministério de Transporte); Eduardo Piñate (agora ministro do Trabalho, “constitucionalista” e com longa trajetória em altos cargos burocráticos); Caryl Bertho (no ministério das Mulheres - que trabalhou com El Aissami quando este foi governador).

Há também Heryck Rangel no Ecossocialismo, um “ecologista” que, segundo Maduro, se dedicará a “proteção do meio ambiente e à coleta de resíduos sólidos”. A primeira missão que deveriam lhe dar é o Arco Mineiro de Orinoco, a maior destruição e depredação do meio ambiente levada a cabo pelo governo em busca de ouro nas mãos d empresas transnacionais.

No Diário Oficial que circulou na última quinta, a maior parte do conselho diretor da PDVSA foi ratificada, incluindo seu presidente, o general major Manuel Quevedo, que também atua como ministro do Petróleo. Entre os que saíram do gabinete está Freddy Bernal, que ocupava a pasta de Agricultura Urbana.

De conjunto, nada mais é do que mudanças cosméticas com movimentos entre altos cargos públicos. É uma alta burocracia que se recicla a si mesma, frações políticas que se rearranjam nos espaços de poder em meio à crise econômica, mostrando a completa decadência de um chavismo que é o aplicador direto do ajuste.

 
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