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ARGENTINA
Argentina: o plano de guerra do governo de Macri contra o povo trabalhador
Redação

Esta quinta-feira, 7, foi um dia chave na crise argentina. O macrismo anunciou o acordo com o FMI, que implicará uma forte aceleração do plano de ajuste. A “governabilidade” estará de volta no debate. A classe trabalhadora tem a força para evitar um novo saque histórico.

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“Monumental ajuste fiscal”. Depois do anúncio do acordo com o Fundo Monetário Internacional, essa foi a conclusão de um reconhecido colunista político local.
O dado saliente é que quem assim escrevia nesta quinta-feira à noite não é um fervente opositor do governo de Maurício Macri, e sim um dos principais editorialistas do oficialista jornal Clarín.

É que não se pode tampar o sol com a mão. O “gradualismo”, como foi chamada a fase de ataques, não foi suficientemente ofensivo como era necessário aos capitalistas que operam em território argentino. Já não se falará mais e será como uma velha recordação de algo que não só não foi bom, mas também fracassou.
Apesar disso, e como se as fórmulas do assessor político do governo Durán Barba pudessem ter efeito neste marco, nesta quinta-feira pela tarde, o presidente Macri tinha apontado que o combinado com o FMI ia “ser um grande acordo para os argentinos, para ajudar a gente”.

Pela noite, depois de escutar o ministro da fazenda, Nicolás Dujovne, e o presidente do Banco Central, Federico Sturzenegger, não ficava muito claro a que “gente” o presidente tinha se referido. Ou sim, porque alguns ganham sempre. Os especuladores financeiros que fazem negócios com a dívida pública, garantiram que a festa seguirá pelo menos por mais um par anos.

O certo é que desde o Centro Cultural Kirchner o macrismo anunciou nesta quinta-feira, de mão dada com o FMI, um plano de guerra contra o povo trabalhador.
Os anúncios, se conseguem ser levados adiante, implicarão milhares de demissões por esfriamento da economia, assim como grande ajuste fiscal que redundará em novos tarifaços, menos orçamento para os salários e empregos estatais, educação, saúde, obra pública, e que os aposentados sigam em sua enorme maioria na pobreza.

Os números são eloquentes. Com o novo roubo que querem fazer contra o povo trabalhador, pretendem baixar o déficit primário (sem contar o pagamento da dívida) a 2,7% este ano, a 1,3% em 2019 e a “déficit zero” em 2020. Sim, déficit zero, outro símbolo que faz a memória lembrar da crise de 2001. O que sim crescerá, claramente, é o pagamento das taxas e juros de uma dívida pública que segue aumentando.

Segundo alguns cálculos, a magnitude deste ajuste fiscal implicaria para 2019 um recorte de aproximadamente 7 bilhões de dólares, e outro tanto para o ano seguinte.

Em relação ao crescimento econômico, que o orçamento estipulava em 3,5% para este ano, o próprio ministro Dujovne anunciou na conferência que isso não só não ocorre mais, mas também que o número caiu para uma margem de entre 0,4% e 1,4%, ou seja, quase um estancamento.

Em relação à inflação, foi eloquente a atitude de Federico Sturzenegger, que evadiu responder qual será o índice deste ano. Que não ocorra a ninguém perguntar se nessa mesma proporção aumentará o seu salário. O tipo de câmbio flutuante também prevê algo nada bom neste terreno.
Quem sustentará o ajuste?

Como se sente na rua e se lê em cada pesquisa, o Governo não faz mais do que cair em sua popularidade desde dezembro, quando efetuou o saque aos aposentados.
Os tarifaços posteriores, a inflação, e agora o grande fracasso econômico e simbólico de sua política, que se sintetiza na volta a um odiado FMI, não fizeram mais do que aprofundar a crise do Governo.

O grande salto no ajuste que começa nesta etapa, abre então um grande sinal de interrogação sobre como será a “governabilidade” neste marco, além de tornar muito distante e incerto o calendário eleitoral para brigar por um segundo mandato. Governo com popularidade baixa, estancamento econômico e ajuste, são elementos para prognosticar novas crises políticas e irrupções da luta de classes.

As cúpulas sindicais, assim como os governadores, senadores e deputados peronistas, foram chave para sustentar até hoje o plano de ajuste macrista nestes dois anos e meio, aplicando os mesmos planos em suas províncias, votando suas leis e oferecendo uma grande e prolongada trégua.

De agora em diante se abre uma nova equação. A burocracia e o peronismo político, entre seu papel “responsável”, sua especulação eleitoral e a enorme pressão do descontentamento popular, irão tratar de se reacomodar e andar na linha até as eleições de 2019. Um dado chave será a votação do orçamento de 2019, quando se discuta o duro ajuste para este ano.

O que é seguro, é que nenhum deles irá se propor para derrotar o “monumental” plano de ajuste. Isso foi demonstrado outra vez pela CGT nesta quinta-feira, postergando mais uma vez o chamado a uma paralisação nacional, como se não sobrassem motivos. Enquanto que o peronismo, que busca capitalizar o descontentamento para leva-lo às urnas, para ganhar em 2019, demonstraria a falsidade de sua demagogia, porque nestas condições não faria mais do que administrar o plano de ajuste. Os anos de “vento de cauda” da economia internacional não existem mais.

A classe trabalhadora tem a força para derrotar a tentativa de um novo saque histórico

A imensa maioria da classe trabalhadora, que move a economia do país e é a maior parte da sociedade, rechaça os planos de ajuste. É necessário colocar esta gigantesca força em movimento para evitar que uma crise termine outra vez em mais pobreza, desocupação e precarização do trabalho e da vida.
Mais do que nunca, é urgente apoiar cada luta em curso, como as dos trabalhadores do metrô ou do sistema viário, entre muitos outros, mas também denunciar a trégua das centrais sindicais e exigir uma paralisação nacional que seja o começo de um plano de luta que culmine em uma greve geral ativa para derrotar o plano de ajuste. Contra os tarifaços, o acordo com o FMI, pela reabertura das paritárias e o triunfo de todas as lutas.

Levando esta perspectiva a cada lugar de trabalho, lutemos por construir grandes agrupações classistas que se proponham recuperar os sindicatos, corpos de delegados e comissões internas, hoje de mãos dadas com a burocracia sindical, para coloca-los a serviço da luta. Também no movimento de mulheres, se aproximam momentos decisivos na luta pelo aborto legal, seguro e gratuito, enquanto que no movimento estudantil é necessário lutar para ganhar grandes frações que se unam à luta da classe trabalhadora, e lutar por uma educação a serviço dos trabalhadores e do povo pobre.

Mas também é necessário, no calor de cada combate, lutar pela única alternativa realista e de fundo para evitar que outra vez a crise termine em um novo saque histórico: a construção de um grande partido revolucionário da classe trabalhadora que lute por um governo dos trabalhadores que, sob um programa revolucionário, dê uma saída anticapitalista à crise.

Desde essa perspectiva, o PTS na Frente de Esquerda, junto com a participação em cada luta, também está levando adiante uma grande campanha pelo não pagamento da dívida pública, a anulação dos tarifaços e a estatização sob gestão dos trabalhadores e controle dos usuários populares de todas as empresas privatizadas, como algumas das medidas fundamentais para uma saída de fundo.

 
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