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Exército nas ruas para desativar bloqueios, e caminhoneiros pedem intervenção militar
Letícia Parks

O exército ameaça reprimir mesmo ações parciais do dia de mobilização dos petroleiros, tiradas nessa segunda-feira (28/05), como preparação para a greve chamada para quarta feira (30/05). Enquanto alguns ainda pensam que a mobilização de caminhoneiros poderia ser um sopro à esquerda nos ventos da realidade, são eles mesmo que pedem incessantemente intervenção militar. GLO não é intervenção militar, mas já mostra a que vem o exército que os caminhoneiros tanto querem.

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Segundo comunicado emitido na noite do dia 26/05 (sábado), a Federação Única dos Petroleiros decidiu entrar em greve a partir da noite da próxima quarta-feira (30/05). A greve, segundo deliberação da FUP, é contra o aumento dos combustíveis em geral e também pela saída de Pedro Parente da presidência da Petrobras. Ontem, entretanto, algumas refinarias espalhadas pelo país decidiram que iniciariam algumas ações parciais imediatamente, como a não entrada nos turnos da manhã, frente ao anúncio de Temer de um novo acordo com a mobilização dos caminhoneiros. Enquanto alguns caminhoneiros seguem em "luta" pela sua pauta de intervenção militar, os petroleiros se vêem ameaçados por esses mesmos militares se preparando para reprimir sua greve.

Boa parte dos bloqueios que existiam no país, frente ao anúncio de Temer, foram retirados. Os que se mantiveram, exigiam a reivindicação não atendida: intervenção militar. O curioso é que até o final da semana passada, algumas polêmicas circulavam nas redes apresentando dúvidas sobre o caráter do movimento de caminhoneiros.

Atendidas as demandas patronais, a grande maioria do movimento sai das ruas. As demandas atendidas isentam cerca de R$10 bilhões em recolhimento de impostos das transportadoras e empresas logísticas, favorecendo os patrões e retirando recursos que poderiam ser dedicados a direitos sociais, como aqueles que viriam do PIS/Cofins - em grande parte transmitido para seguro desemprego e saúde pública.

Isso comprova um movimento dirigido pela patronal, com um programa que não tem nada de "popular". Politicamente, podemos dizer que o saldo do movimento é um só: o fortalecimento da candidatura de Jair Bolsonaro, inimigo feroz da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros e dos LGBTs.

O PT, depois de muito silêncio e de defesa de sua "política de preços" da Petrobras (entrega de dinheiro público aos acionistas e petroleiras estrangeiras através de subsídios), saiu em público na figura de sua presidente, Gleisi Hoffman, dizendo que a política de preços da Petrobras é culpa da privatização. Escondem que quem incentivou a privatização foi justamente o governo do PT, que iniciou e manteve a política de venda do Pré-Sal por anos, reprimindo inclusive a greve de petroleiros que lutou contra a venda do Pré-Sal em 2015.

O PT busca agora com a greve da FUP, ainda que postergando o início de fato da greve para o dia 30, conquistar algum nível de capitalização desse movimento exclusivamente para as eleições. A estratégia do PT é seguir apresentando as eleições de outubro deste ano como saída pra crise do país – mesmo quando sequer poderá apresentar seu candidato forte –, em um momento em que deixaram de existir condições econômicas que deram margem para sua política de conciliação de classes.

Além disso, desde pelo menos o golpe em 2016, e que foi escolha do PT e da CUT deixar esse espaço de direção vazio, e que portanto, continuam abrindo caminho para que a direita capitalize o descontentamento popular contra Temer. Poderíamos citar muitos eventos que comprovam isso. Mas basta falar de como foi (des)organizada a greve geral de 5 de dezembro de 2017, ou mesmo a decisão de não resistir à prisão de Lula com organização das bases sindicais da CUT.

Debate com a esquerda

Houve gente ainda, como Marcelo Freixo, referente do PSOL no RJ, que sequer falou sobre o caráter de direita da mobilização. Na noite de sexta feira, Freixo torcia para o Liverpool (!) em seu Twitter, enquanto dentre as 5 # mais comentadas, estava a questão dos caminhoneiros. Quando se posicionou, o PSOL pedia apoio aos caminhoneiros:

Houve ainda a convocação em todo o país de atos moleculares de apoio aos caminhoneiros, que ao não se diferenciar da direita e ao não refutar veementemente o programa que defendiam os caminhoneiros, mantém a ilusão de que é possível unificar bandeiras com os patrões e com burguesia para conquistar qualquer mudança na realidade, o que, sabemos, é totalmente utópico e infantil.

Isso sem falar da histeria do PSTU, que durante todo o movimento, saudava-o como uma rebelião popular contra Temer.

Esqueceram de dizer que essa tal rebelião é de direita, fortalece as posições de Bolsonaro nas eleições, chegando a exigir intervenção militar. Não à toa inclusive a aparência de simpatia popular já se enfraquece. Esqueceram também de dizer que a resolução da tal rebelião foi um custo caríssimo pago pelos trabalhadores de todo o país para garantir isenção de impostos para os patrões das transportadoras e empresas logísticas.

Ainda resta tempo para falar do MAIS/Resistência, que acha que "a greve de caminhoneiros" foi vitoriosa!!! Ou seja, a mobilização reacionária que transfere R$10 bilhões dos cofres públicos para o bolso dos capitalistas merece aplauso.

Muita ilusão. O resultado de tudo isso é a mobilização dos caminhoneiros, segundo todos eles a antessala de uma revolta popular, é na verdade a voz que pede intervenção militar, que em pequeno é a própria GLO que permite que os militares ameacem reprimir a greve de petroleiros que acontece hoje(!). Um contrasenso, não? Uma mobilização reacionária ligada a setores bolsonaristas terminou de "encantar" a "esquerda caminhoneira", que até agora bradava o "avanço do neofascismo".

Difícil explicar.

 
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