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DESABAMENTO EM SP
Narloch: uma tempestade de idiotices para criminalizar os sem-teto e salvar o PSDB
Raimundo Nonato
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Não são apenas os governos municipal e estadual do PSDB não se importam com a vida dos trabalhadores e pobres que podem morrer ou estar soterrados nos escombros de seu projeto de “Cidade Limpa”. O “ilustre” Leandro Narloch não se incomodou em colocar a coleira no pescoço e latir, na Folha de S. Paulo, contra os movimentos sociais que lutam por moradia e culpá-los como responsáveis pelo desabamento do prédio no Largo do Paissandu, em SP. É parte da direita fantasia escrever frases provocativas, buscando os flashes do dia.

Pouco lhe importava a vida das vítimas do desabamento; nem menciona o drama das famílias que estão sem casa por culpa do governo do PSDB, e aqueles que podem ter perdido seus familiares. Seu artigo só tem um objetivo: repetir sem criatividade a opinião já dada por outro “grande intelectual” da nossa época, o lobbista João Dória, que disse que aqueles que ocupavam o prédio eram “criminosos”. Cada um faz o que pode.

Investigador nato, Narloch deduziu de “um programa do Profissão Repórter” da Globo (sic!) que “havia morador que saía de SUV da garagem do prédio”. Daí, o cérebro de nosso escritor se fez audaz e aos tropeços iniciou uma enfiada de conclusões “evidentes”: para não repetir a frase do ex-prefeito de São Paulo e dono da quarta maior mansão da capital paulista, acrescenta que os sem-teto “trabalham como as milícias do RJ”, pegando uma propriedade de graça para lucrar com a venda da posse ou o aluguel.

O movimento Luta por Moradia Digna não oferecia uma moradia exatamente digna a seus clientes. Sobram relatos de sujeira, instalações elétricas incendiárias, ratos pelos corredores e cortes frequentes de energia”. Parece que o LMD geria o governo municipal de São Paulo, e não o PSDB; quem desligava a energia dos prédios eram os próprios sem-teto, que aí moravam. Um crânio distinto!

O ilustre raciocínio, invertendo a realidade e deixando-a de ponta cabeça, chega à bombástica conclusão: “É um negócio, que busca lucro por meio da especulação imobiliária”. Os sem-teto são os especuladores imobiliários, nos esclarece Narloch. Se é assim, porque a burguesia se arrepia ao ouvir a proposta de expropriar todos os imóveis ociosos do “sem-teto” para conferir moradia digna a todos?

Nessa fábula de Narloch não existem empresários donos de imóveis ociosos, não há os governos controlados pelo PSDB, não há o prédio que era da União Federativa sob a batuta de Temer, e os verdadeiros especuladores são aqueles que não têm nenhum imóvel. O pobre Narloch reluta em ser convencido pelo poderoso aparato midiático que, a serviço dos “criminosos sem-teto” está em campanha para...criminalizá-los.

Colocando o mundo de volta sobre seus pés, pedimos licença para mostrar ao ilustre Narloch que a responsabilidade pela tragédia é do governo federal de Temer, e dos governos estadual e municipal do PSDB, de Geraldo Alckmin/Márcio França (PSB) e de João Dória. A especulação imobiliária é dos grandes detentores de imóveis na capital paulista, empresários que lucram com a falta de moradia para milhões. Os movimentos de luta pela moradia não tem nada a ver com as milícias do RJ – que junto ao tráfico e aos especuladores capitalistas impedem que a população pobre carioca tenha acesso à moradia digna. E os verdadeiros criminosos são os tucanos e os jornalistas que atribuem aos próprios moradores a responsabilidade por essa tragédia capitalista.

Já existem imóveis para abrigar todas as pessoas em situação de rua. Os imóveis ociosos, que só servem a especulação financeira de grandes imobiliárias e milionários muito bem abrigados em suas mansões, devem ser imediatamente expropriados para atender as necessidades dos ocupantes. Não sem uma séria inspeção e revitalização desses espaços, garantindo condições de vida digna aos imigrantes e trabalhadores dessas ocupações.

Mas fundamentalmente, a profundidade do problema exige que seja respondido com um programa sério de construção de moradias populares. É preciso um plano de obras públicas para todos, sobre a base de impostos às grandes fortunas (mansões, por exemplo) e o não pagamento da fraudulenta dívida pública, que apenas enriquece os banqueiros milionários nacionais e estrangeiros. Um plano coordenado pelos próprios trabalhadores e sem-teto, criando empregos, e a possibilidade desses sem-teto viverem nos grandes centros em que trabalham, com moradia digna para suas famílias.

O irracionalismo do gênio e aquele do estúpido se distinguem apenas pelo fato de que o irracionalismo deste último é o alto-mar para o qual nenhuma bússola foi ainda inventada.

 
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