Um pouco antes de dar início a última assembleia na quadra do sindicato, o Metrô/SP apresentou uma proposta de acordo para reintegração dos demitidos da greve de 2014. Depois de 4 anos de uma intensa batalha na justiça, "a solidariedade de classe da categoria prevaleceu sobre o autoritarismo governo e da empresa", comentou Marília, uma das metroviárias reintegradas e diretora afastada do sindicato.
Com muita comemoração e emoção de todos os presentes, por unanimidade a assembleia votou acordo.
Em seguida, abriu-se o ponto sobre conjuntura nacional para debater o posicionamento em relação a prisão de Lula no último dia 07/04. Depois de ter imposto um posicionamento por fora de qualquer instância da categoria, a maioria da diretoria CTB/CUT e o coletivo Chega de Sufoco, retiraram do site do sindicato a declaração que se posicionava contra prisão, ao mesmo tempo que fazia uma defesa velada do petismo.
A proposta da mesa foi debater a aprovação da declaração da FENAMETRO, que ao mesmo tempo que se posicionava contra a continuidade do golpe que representava a prisão de Lula, por outro lado não fazia defesa política de Lula, PT e seus aliados.
Guarnieri, operador de trem e diretor da FENAMETRO, defendeu a declaração em base ao manifesto construído pelo Movimento Nossa Classe, oposição a maioria da diretoria, que reuniu 72 assinaturas para a assembleia: "A reforma trabalhista aprovada apos o golpe institucional é a lei que fundamenta os ataques do Metrô na campanha salarial. A prisão de Lula da continuidade a esse golpe, com objetivo de acelerar e aprofundar os ataques aos nossos direitos. Os metroviários de SP ficarão conhecidos nesse dia como uma categoria que não fez coro ao golpismo de Moro e do STF, mas também por um setor representativo da categoria que enxerga que a luta contra essa direita tem que se dar de forma independente da estratégia de conciliação do PT, exigindo um plano de luta imediato das centrais".
Por ampla maioria aprovou-se a declaração contra a prisão de Lula, a qual quem defendeu contra (PSTU e Unidos Pra Lutar) ou se absteve (MES) foi o outro setor de oposição a maioria da diretoria, mais uma vez, assim como no golpe institucional desarmado os trabalhadores para enfrentar os ataques. "O problema desse setor da esquerda em não denunciar a continuidade do golpe, e consequentemente a decisão arbitrária do STF, o fortalecimento do poder seletivo do judiciário e a operação lava jato, é que entrega sem combate à burocracia sindical a defesa das liberdades democráticas nas mãos dos traidores da nossa classe, como a CUT e a CTB", disse Guarnieri após a assembleia.
A assembleia seguiu no debate do plano de luta campanha salarial, e a intransigência que o metrô segue nas negociações em manter os ataques ao ACT, como a redução do percentual pago na hora extra e adicional noturno, implementação do banco de horas, aumento da coparticipação no plano de Saúde da Metrus e retirada do plano odontológico, além da retirada do adicional de quebra de caixa com o avanço da terceirização das bilheterias.
Outro tema bastante marcado nas intervenções foi a mobilização dos funcionários da segurança, que na última comissão de negociação fizeram uma importante manifestação exigindo a contratação de mais funcionários, principalmente por conta das constantes agressões que vem sofrendo no sistema. Alem disso, se não bastasse, a empresa ataca os seguranças querendo retirar o adicional de risco de vida.
Nas setoriais os seguranças votaram uma série de reivindicações para apresentar a empresa, que respondeu apenas que irá criar uma comissão 15 dias após o fechamento da campanha para tratar dos temas. Na assembleia votou-se a incorporação dos pontos apresentados pelos seguranças no aditivo a pauta da categoria por consenso, a única diferença se deu por conta da reivindicação por EPR (equipamento de pronta resposta como spray de pimenta, balas de borracha e armas teaser).
Rodrigo Tufão, metroviário da estação São Joaquim e da bancada eleita da CIPA da L1, em sua defesa reivindicou a mobilização dos seguranças contra a empresa, mas alertou sobre essa proposta: "Os seguranças sofrem com a politica de desmonte da empresa e com a truculência do departamento. Ao invés de contratar mais funcionários, promovem estratégias que colocam em risco a vida dos trabalhadores. Por isso a mobilização é fundamental. Entretanto, mesmo respeitando a decisão em setoriais dos trabalhadores, a reivindicação de EPR não só leva que os seguranças fiquem mais expostos a conflitos, como também abre um precedente para que a empresa utilize a segurança para reprimir manifestações sociais, jogando os metroviários contra a população." Na votação, mesmo com uma parte da assembleia se posicionando contrário, o tema foi aprovado e se manter a na pauta de negociação com a empresa.
No debate sobre plano de luta, Tufão em sua defesa também falou da importância sobre o chamado de um Encontro dos trabalhadores de transporte para unificar as lutas na campanha salarial. "É muito importante nosso sindicato fazer o chamado a esse encontro. Para resistir aos ataques da reforma trabalhista é necessário unificar as categorias de transporte, principalmente com os rodoviários que estão em campanha salarial. Quando fazemos uma greve junto, nossa luta fica mais forte e o governo fica mais encurralado", disse ele.
A assembleia por consenso encaminhou um plano de luta para a próxima semana. Confira abaixo as ações e próximas atividades:
PARA ESQUENTAR A CAMPANHA SALARIAL!
A assembleia de 12/4 (quinta-feira) aprovou várias atividades para a continuidade da Campanha Salarial. Veja o Plano de Lutas:
– Uso de adesivo a partir de 16/4 (segunda-feira).
– Inclusão do aditivo do corpo de Segurança ao ACT 2018 baseado nesses pilares fundamentais: contratação de funcionários com urgência, realização de mais treinamentos, elaboração de estratégias para grandes eventos (jogos de futebol, manifestações…) e a utilização de equipamentos de segurança.
– Luta pela manutenção de todos os direitos dos companheiros da Linha 5-Lilás (contra as transferências compulsórias, pela manutenção da escala-base e dos adicionais Risco de Vida e quebra de caixa e pelo direito do OTM1 assumir a bilheteria).
– Ato na Linha 15 (estação Oratório) no dia 16/4, a partir das 9h, para denunciar a privatização e as entregas eleitoreiras de estações
– Ato na Linha 5 (a estação será definida em breve) no dia 18/4 (quarta-feira), a partir das 9h, também para denunciar a privatização e as entregas das estações
– Setorial da Manutenção, com toda a manutenção noturna, na madrugada de 18 para 19/4, na Sé
– Grande reunião no dia 19/4 (quinta-feira), com todos os companheiros da Manutenção, no Sindicato, às 17h30, antes da assembleia
– Assembleia no dia 19/4, a partir das 18h30, no Sindicato
Fonte: Aplicativo: "Sindicato dos Metrovários de SP" http://goo.gl/hu4JhD
Fotos: Paulo Iannone/Sindicato
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