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TRIBUNA ABERTA
Parem de difamar Marielle. Sua história não será apagada pela canalhice
Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré – CEASM
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É doloroso demais amanhecer o dia e se deparar nas redes sociais com notícias difamatórias a respeito de Marielle tão absurdas que beiram ao inacreditável, principalmente quando você percebe que milhares de pessoas replicam as mentiras sem sequer se darem ao trabalho de averiguar a veracidade. Absurdos como aqueles que foram ditos por uma desembargadora do Rio, chamada Marilia Castro Neves deveriam ser no mínimo punidos com a sua exoneração do cargo e pagamento de indenização a família da vítima por sérios danos morais e à dignidade humana. Isso porque, ouvir de uma representante do judiciário brasileiro que Marielle foi eleita pelo tráfico e que ela é um “cadáver comum” que estão dando muita atenção e ibope chega a dar ânsias de vômito por tamanha desumanidade.

Mas atitudes como esta, vindas de membros do judiciário no Brasil, não chega a ser exatamente uma novidade por aqui, visto que quase todos os dias, pobres, pretos e favelados são criminalizados em suas mortes violentas com o aval das instituições “democráticas”. Cabe a nós, sempre numa jornada inglória, provar a inocência dos nossos mortos para que, além de suas mortes físicas, não sejam também assassinados em suas reputações.

É criminoso o que fazem com a população periférica deste país todos os dias. É criminoso o que estão tentando fazer com a trajetória de vida da Marielle. Mas não vão conseguir. Seus amigos, familiares, eleitores não descansarão um segundo sequer na defesa da sua dignidade e da sua história de vida recheada de tantas lutas e conquistas. Não conseguirão apagar a história desta mulher valente, fruto do suor e do sangue derramado nas favelas. Terão que saber que Marielle era uma trabalhadora incansável na luta pelos direitos humanos (inclusive pelos desumanos que hoje espalham tantas calúnias contra sua pessoa). Terão que conhecer que Marielle, assim como milhões de mulheres neste país era uma mãe dedicada que sempre se esmerou para cuidar de sua família e ao mesmo tempo correr atrás dos seus sonhos para buscar uma vida com dignidade. Marielle era uma mulher forte, e mesmo tendo que passar por tantos preconceitos raciais por ser negra e moradora de favela, não esmoreceu no caminho que ela trilhou em direção aos seus sonhos.

Não foi por acaso que ela conseguiu ser vereadora no Rio de janeiro com uma das maiores quantidades de votos registradas na última eleição. As pessoas viram nesta mulher incrível, a possibilidade de ter reavivada a esperança por uma sociedade justa. Elas viram em Marielle, a forma de terem sua voz levada a sério, num espaço parlamentar historicamente dominado pelas elites brancas e masculinas. Milhares de favelados votaram e acreditaram na Marielle porque viram na sua atuação, a força inabalável de cada trabalhador que luta diariamente pela sua vida.

Nossa querida amiga não decepcionou. No pouco tempo em que esteve na câmara de vereadores do Rio ela fez o que pôde pra tornar público o sofrimento dos seus iguais. Ela não esqueceu sua trajetória de lutas e dos espaços em que ela ajudou a construir ao longo de sua caminhada. Não esqueceu por exemplo do Centro de Estudos e Ações Solidárias da Maré (CEASM) na qual foi aluna do pré-vestibular comunitário e onde adquiriu parte significativa da sua formação política. Não esqueceu do Museu da Maré que há mais de uma década cumpre um papel fundamental na construção da memória das favelas no Rio de Janeiro. Não por acaso, Marielle já tinha sido convidada a ministrar a aula inaugural no pré-vestibular do CEASM e falar do seu exemplo de vida para centenas de jovens; e não por acaso, também, ela já havia escolhido o Museu para realizar um seminário sobre o direito à favela e construir alternativas para que seus moradores fossem tratados com a devida dignidade.

Nossa amada amiga não decepcionou. Assumiu o papel de falar pelos humilhados da cidade; pelas mulheres negras e pela população LGBT. Denunciou as arbitrariedades da polícia militar e se posicionou contrária à Intervenção Federal do governo ilegítimo de Michel Temer. Aliás, ela seria a relatora de uma comissão na câmara dos vereadores para acompanhar a ação dos militares no Rio de janeiro e denunciar a truculência dos agentes do Estado.

Certamente, por tudo isso é que ela foi executada. Porque lutava pelo que é justo. Postura que historicamente incomodou e ainda incomoda os membros da elite brasileira profundamente colonizada e escravocrata. Era necessário pra essa gente a serviço dos poderosos calar uma voz tão expressiva quanto a da Marielle. Uma voz que veio da favela e que estava fazendo o seu papel. A forma brutal como ela foi assassinada não deixa dúvidas pra gente. O objetivo era dar um recado de medo aos favelados que ousam levantar sua voz por justiça. A finalidade era silenciar a nossa alma.

A única coisa que podemos fazer por nossa querida amiga é mostrar pra eles que a sua morte não foi e jamais terá sido em vão. Seu sangue virou a semente para regar nossa indignação. Os sonhos de Marielle e a sua linda trajetória de lutas estarão com cada um daqueles que continuarão as batalhas e caminhadas por justiça. A canalhice de alguns não vai apagar o ímpeto de uma multidão que prefere escolher o amor ao invés do ódio. A desonestidade não vai apagar o brilho eterno da estrela de Marielle.

#Mariellle Vive. Sempre

 
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