Na lista dos privilegiados com esse auxílio-moradia estão o ex-reitor da USP, Marco Antonio Zago, o atual vice-diretor da USP, Antonio Carlos Hernandes, o atual reitor da Unesp, Sandro Valentini, e seu vice, Sérgio Nobre. Lembrando que, no ano passado, o ex-reitor Zago, enquanto aparentemente mantia sua casa com verba destinada para outros fins, cortou 500 bolsas de auxílio-moradia dos estudantes da USP.
Segundo o Estadão, a análise do portal sobre o caso detectou que pelo menos 69 servidores, quase todos das reitorias, receberam R$2,3 milhões para exercer cargos na capital, sendo que a média é de R$36,5 mil por servidor durante o ano. Desses dois milhões, só a Unesp pagou R$1,8 milhão, como se não houvesse uma suposta crise orçamentária nas estaduais paulistas,
O ex-reitor Marco Antonio Zago, estabelecido em Ribeirão Preto, recebeu R$ 60,2 mil em “diárias contínuas” (quatro vezes por semana). O atual vice, Antônio Carlos Hernandes, que era pró-reitor de Graduação e é professor no campus de São Carlos, recebeu R$ 50,8 mil em diárias contínuas.
As portarias de legislação interna dessas universidades pouco especificam o teto dessas contribuições temporárias, assim como determinam o quanto elas são temporárias e nem quantas vezes um servidor pode requerê-las. A resolução da USP 3502, de 1989, diz que “quando designados para desempenhar missões ou tarefas oficiais, em local diverso da sede de trabalho, receberão diárias”. A portaria da Unesp 569, de 2013, afirma que a diária serve para o “servidor que se deslocar temporariamente da respectiva sede, no desempenho de suas atribuições, em missão ou estudo”.
A resposta das direções das universidades não poderia ser pior. A USP, que hoje é dirigida por Vahan Agopyan (vice na gestão Zago) informou em nota que todos os dirigentes, como qualquer funcionário, precisa se deslocar do interior para a capital e por isso devem ser indenizados pela instituição, como uma prática comum em todas as regiões. “Não é de se esperar, evidentemente, que tais servidores paguem para exercer as suas atividades funcionais (pois incorrem em altos custos em tais deslocamentos, sobretudo aqueles que se dirigem à capital e nela se hospedam) e nem mesmo que as gestões não se valham dos profissionais qualificados dos câmpus do interior em suas equipes”, afirma a nota.
A Unesp também divulgou nota como um comunicado interno que foi alvo de críticas dos servidores que não fazem parte do alto escalão. O comunicado interno diz que a diária é “direito de todo servidor que presta serviço fora da sede de lotação, por designação ou por convocação, para desempenhar missões ou tarefas oficiais de forma a permitir que não custeie tais despesas com recursos próprios”. Sandro Valentini se justifica dizendo que está seguindo as leis: “O sistema atual leva em conta a forma prevista na legislação vigente sobre o tema”.
Enquanto isso, a reitoria da USP afirma que a universidade não têm dinheiro para bolsas, permanência, nem para manter as creches e o Hospital Univeritário, tão importantes para a pesquisa e para a permanência dos estudantes na universidade.
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