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UNICAMP
Instituto de Economia debate crise com diretor executivo do FMI
Caio Silva Melo

Nesta segunda-feira (03), esteve presente no Instituto de Economia da Unicamp (IE), o diretor executivo do FMI, Otaviano Canuto. Sendo tema do debate “Expansão e crise na economia global”, organizado pelo Grupo de Mercado Financeiro e pela direção do IE. Entre os debates, foi reafirmado a posição do FMI em relação aos cortes e ajustes que vem sendo executados a nível mundial e mostra o pessimismo de como o capitalismo pode se renovar.

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A palestra foi dividida em duas partes, a primeira abordou o “longo ciclo de expansão com profunda mudança estrutural” aberto em 2001 e tendo fim em 2008, baseada em 3 vetores-chaves de crescimento: as bolhas financeiras, a oferta ilimitada de mão-de-obra e as cadeias de valor estruturadas mundialmente. Com relação as bolhas financeiras foi discutida a enorme injeção de liquidez e a redução dos riscos (juros). A grande migração chinesa para as cidades junto com outros países asiáticos e africanos marcou uma nova mão-de-obra pouco qualificada que reduziu os custos das manufaturas, reduzindo os salários e aumentando a produtividade em alguns lugares. O último vetor foram as cadeias globais de produção, que no caso brasileiro fortaleceu os setores de extração de minério e de soja enquanto o papel da indústria vai ficando secundário.

A segunda parte abordou o desmoronamento desse ciclo de expansão, através do debacle dos ativos financeiros e as crises de dívida, tendo como protagonistas os Estados Unidos e a União Européia respectivamente. Segundo Canuto, o fim do ciclo para os países emergentes, como China e Brasil, levou ao fim do crescimento “caído do céu” através das exportações. Para os economistas do FMI e outras instituições fica difícil enxergar uma saída que renove as maneiras de acumulação do capital. O debate se encontra hoje dividido entre os que vêem a artificialidade do crescimento mundial, denominado de ‘estancamento secular’ por Larry Summers e os neo-schumpeterianos, que veem novas fronteiras tecnológicas, mas nenhuma que consiga transformar o capitalismo a níveis, por exemplo, do que foi a Segunda Revolução Industrial.

Debates

Questionado sobre a contradição entre a defesa incondicional dos ajustes e a não-possibilidade de renovação e de uma nova trincheira de crescimento para o capitalismo, Canuto deixou de lado uma premissa de “amplo debate”, em que defendeu que todas as posições seriam debatidas, para uma posição oposta. A adjetivação da pergunta como “infantil” e “fantasiosa” para a contradição citada nos casos grego e brasileiro não significa somente uma ridicularização daqueles que se mobilizam contra a “troika” na Grécia e os ajustes no caso brasileiro, mas também mostra um limite fundamental na teoria mainstream atual. Como colocada na segunda parte da palestra com relação a renovação do capitalismo, os pensadores dos grandes centros não conseguem dar uma saída viável para a acumulação capitalista, somente repetir o receituário dos ajustes sob os trabalhadores como elaborado aqui.

Quando discutido os ajustes, o principal exemplo a ser debatido é a Grécia, onde os acordos com o FMI e o Banco Central Europeu prometem uma suposta regularização dos níveis de produtividade internos, e como esse desnível gestou um déficit que depois do estouro da crise vem sendo descarregado nos trabalhadores e no povo pobre. Para o representante do FMI não é nenhum problema que esse ajuste seja feito sob os setores mais precarizados e explorados enquanto a burguesia grega não é tocada e enquanto os detentores da dívida grega são reembolsados. Para essa instituição, não lhes cabe distinguir classes, mas sim o superar as condições orçamentárias ruins, um cinismo que já custou penalizações tremendas aos brasileiros e latino-americanos e hoje aflige o povo grego. Uma posição consequente, no caso da Grécia tem que debater que o Estado grego é uma articulação da burguesia grega com seus pares da União Européia, sempre pensando em benefício próprio inclusive, que não onera as grandes fortunas e a propriedade nesse país.

Com relação ao Brasil, os ajustes também são formas de equalização de disparidades e benefícios que os trabalhadores possuem, elementos que, pelo discurso do FMI, tem que corresponder melhor a realidade da produtividade no país. Um dos exemplos mais indignantes que são colocados pelos defensores dos ajustes são as mudanças no seguro-desemprego, sem explicar que o aumento dos gastos com seguro desemprego durante a era Lula se deram pelo aumento da rotatividade do emprego, gerando insegurança para o trabalhador e gestando a precarização desses postos. Fora da realidade de precarização e rotatividade do trabalho, os articuladores dos ajustes justificam a mudança no seguro-desemprego a partir de exemplos isolados de oportunismo entre patrão e empregado, longe de problematizar o que está acontecendo para a juventude e os trabalhadores.

 
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