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DOSSIÊ DIA DA MULHER NEGRA, LATINA E CARIBENHA
POEMA | "Sangria"
Sara Fernandes
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e o que vai doendo
costuro pra fora
o que dentro corroendo
rompo o silêncio
com a busca
na falta de ar da angustia
pisar firme nas ruas
ainda não tem causado
tornado
enquanto isso
ocupo o territorio que me cabe
rastejo nas linhas sangrentas
dos meus poemas em protesto
rasgo a injustiça burguesa
e vomito o que detesto
desalento do cotidiano trágico
tem sido manifesto
choramos o corpo arrastado
de Claudia
coração rompido no sofrimento
de Amarildo
por mãos covardes, desaparecido
quebramos frente aos cento e onze
estilhaços dos cinco jovens
assassinados no carro
desabamos com a infância interrompida
de Maria Eduarda
subimos o cansaço das ruas
com o vazio no peito e umas sacolas
lembrando que segurança não se tem
nem na escola
o sol continua despertando
mas tem dias que já não o vemos
até que meses atrás um sorriso
rompeu o sombrio
relembrou o calor da esperança
em ter lutado lá no Rio
Rafael Braga solto
senti de novo o arrepio
saber que a gente consegue
prossegue
mas vem o solavanco
logo deixa pra trás o alivio
depois de tantas dores
Marielle Franco nos é tirada
na injustiça do susto
executada
barbárie de sangria desatinada
“quantos mais vão precisar morrer
para que esta guerra acabe”?
ecoou de sua boca
reverberando ousadia
que o medo não nos pare
mas hoje só a dor arrepia
como Criolo dizia
"lavar os corpos
contar os corpos
e sorrir a essa morna rebeldia"
quem sabe amanhã
vá mesmo ser outro dia.

 
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