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DEBATE
PSTU é atacado pela mídia governista defensora de Dilma
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais

Em nota e artigo recentes o PSTU foi atacado e teve sua política falsificada por mídias ligadas ao governo Dilma que usaram velhos argumentos também dirigidos contra a ex-candidata do PSOL à presidência, Luciana Genro

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Na nota publicada no portal da Carta Capital no dia 27/07, “PSTU defende impeachment de Dilma Roussef ” a revista que desde seu comitê editorial é uma ávida defensora do governo Dilma, afirma que o PSTU teria se tornado um aliado da direita ao defender o impeachment. Porém, essa política nunca foi defendida pelo PSTU e qualquer jornalista sério deveria no mínimo buscar as páginas virtuais deste partido para conhecer suas posições sobre tema tão importante no debate da política nacional. O mesmo artigo foi reproduzido no portal Pragmatismo Político, também do espectro de defesa do governo.

Já o artigo “Esquerdismo exacerbado e seu eterno papel de ajudante da direita”, publicado no “Portal Vermelho”, editado pelo partido que compõe a base aliada do governo, o PCdoB, Pedro Camargo afirma que o PSTU faria parte do “coro com a direita golpista” e segue atacando a ex candidata do PSOL à presidência, Luciana Genro, por esta ter dito que “o Brasil precisa de um novo junho de 2013”.

O que há em comum entre os artigos além de terem sido publicados em portais descaradamente defensores do governo petista? Ambos artigos utilizam a lógica de que numa polarização no Brasil o governo Dilma seria a representação da esquerda e toda a oposição a este governo seriam os defensores da direita defensora do impeachment. Então, inferem desta lógica banal que o PSTU e Luciana Genro, por serem opositores ao governo, seriam aliados da direita.

Mas não precisa ser estudioso em lógica formal para saber que um governo como o de Dilma e do PT é um governo de ajuste contra os trabalhadores e o povo. Isso porque implementa ataques à aposentadoria, ao seguro desemprego, quer introduzir o PPE à revelia dos trabalhadores como na Mercedes, já que na realidade trata-se de um Plano de Proteção aos Empresários quando reduz a jornada de trabalho reduzindo o salário e as demissões já são um realidade em ramos importantes na indústria.

“Ora”, dirão nossos adversários defensores assíduos do governo Dilma, “esse é o plano do Congresso e da direita e nós somos defensores da democracia contra a direita”. Escondem que quem está no Congresso implementando muitas dessas medidas é Joaquim Levy, Ministro da Fazenda do governo Dilma, a CUT que defende a redução da jornada com redução de salário e outros que foram ao longo de anos da base aliada do governo, como o próprio Eduardo Cunha – que só agora se proclamou oposição, depois de um semestre.

Aqui então entra um segundo aspecto importante na semelhança dos artigos. Ambos querem aparecer como defensores da democracia contra um suposto golpe organizado pela direita por via do impeachment defendido por setores da oposição de direita como Aécio Neves e Eduardo Cunha.

Esses argumentos remontam aos velhos argumentos stalinistas encobertos pelos portais “vermelhos” do PCdoB e da Carta Capital. São defensores de uma democracia que serve aos empresários e capitalistas que se esbanjaram ao longo dos governos de Lula e de Dilma. Alguns desses empresários estão envolvidos nos escândalos de corrupção da Petrobrás e lucraram sempre às custas da super exploração dos trabalhadores. Marcelo Odebrecht, por exemplo, preso e acusado de corrupção na investigação da Lava Jato, filho daquele que construiu sua fortuna desde a época da ditadura militar no Brasil nos governos do general Emílio Médici e de outro ditador, Geisel. Essa empresa junto à Camargo Correa são campeãs nacionais desde a época da ditadura e foram duas das que mais lucraram e mais usaram a mão de obra terceirizada ao longo dos governos petistas de Lula e Dilma.

Assim, vê-se que o argumento de “golpe da direita” pelas palavras de quem defende o governo Dilma não passa da defesa dos interesses fisiológicos de seus partidos com os velhos empresários capitalistas que sempre retiraram dos trabalhadores suas riquezas.

Filho de peixe, peixinho é

Mas onde aprenderam tosca artimanha política tentando reduzir a política a fórmulas tão distantes da luta dos trabalhadores e do povo? Misturados nessa política existem herdeiros do stalinismo como o PCdoB, diversos matizes da blogsfera petista e correntes que sofrem enorme pressão dessa “opinião publica” da esquerda tradicional e acabam entrando no jogo do PT “em defesa democracia”. Além de falsificação, Stalin também usava o método de transformar toda crítica ao stalinismo em “jogo da direita” e “aliança com os capitalistas” para esconder a Santa Aliança do stalinismo com o imperialismo e até com Hitler. Sua “convivência pacífica” com o imperialismo atuou diretamente para a derrota de processos revolucionários mundo afora e quando se viu obrigado a expropriar burguesias no pós segunda guerra mundial o fez às custas de impedir revoluções operárias e populares baseadas na organização soviética e na democracia operária. Assim conseguiu manter seu poder como casta usurpando dos trabalhadores vitórias que seriam realmente capazes que derrotar a burguesia, e não gerir o mundo conjuntamente a esta como fez o stalinismo.

Por isso que tudo que soa popular e por fora do seu controle, como as jornadas de junho de 2013, é visto como de direita. Assim o artigo do “Portal Vermelho” diz que as manifestações de junho foram um caldo de cultura para a direita capitalizar politicamente. Dizem isso pois junho foi um marco do fim de ciclo dos governos petistas e sua ilusão de que era possível governar para ricos e pobres.

Os “amigos de Dilma”

O PCdoB, que carregam o fardo da herança stalinista, busca com esses argumentos aliados fora de suas fileiras. A lógica é a mesma: todos que estão contra mim são de direita. No caso atual do debate nacional, para o PCdoB todos que estão contra o governo Dilma estariam com a direita. A direita no Brasil é golpista. Logo, todos que estão com a direita estão contra a democracia.

Usando essa lógica que forças governistas mantêm em sua órbita forças políticas importantes como o MTST que também convoca o ato do dia 20 de agosto junto à CUT, CTB e UNE “em defesa da democracia” . O MTST e essas centrais sindicais e estudantis devem romper com esse “clube de amigos” que em nome da “defesa da democracia” acabam por defender o governo Dilma.

Por isso é preciso uma terceira força, dos trabalhadores, independente da direita e do governo. E nesse sentido a esquerda antigovernista tem que dar passos para conseguir aparecer como alternativa real capaz de combater o governismo e a oposição de direita. Como já apontado em outro artigo deste Esquerda Diário: “Defender os interesses dos trabalhadores só pode ser contra este governo, por isto o PSTU foi tão atacado pelo petismo nos últimos dias. Sua argumentação de ‘derrubada do governo’ pelos trabalhadores, por fora da existência desta força só podia ser interpretado como apoiando a derrubada realmente existente hoje, a da direita, por mais que este partido busque se explicar depois. É preciso sair do mundo da propaganda e fazer uma terceira força ganhe os locais de trabalho e às ruas. Faz falta à esquerda um polo na luta de classes que seja anticapitalista, ou seja que defenda os trabalhadores contra os dois bandos capitalistas em disputa, os ajustadores petistas e os sempre neoliberais tucanos e outros setores de direita.”

Assim, diferente de uma política propagandista a esquerda tem que efetivamente ter uma saída política independente dos trabalhadores, independente da oposição da direita conservadora e reacionária como Aécio, PSDB e Cunha e também independente do governo e do PT e PMDB. Uma saída política como essa deve estar baseada na organização dos trabalhadores desde seus sindicatos e locais de trabalho que possam ser base para uma verdadeira Assembleia Constituinte Livre e Soberana capaz de acabar com os privilégios de uma casta de políticos e empresários nesse regime democrático dos ricos que é cada vez mais podre e distante das verdadeiras necessidades dos trabalhadores e do povo.

 
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