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HOSPITAL UNIVERSITÁRIO
Por que o Movimento Estudantil deve lutar em defesa do Hospital Universitário?
Bianca Coelho - Estudante de Letras USP

A nova gestão da reitoria da USP assinala que vai tentar aprofundar o processo de desmonte e privatização do Hospital Universitário (HU) e alega desconhecer a emenda estadual que prevê investimento de R$48 milhões para novas contratações na unidade.

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Para entender a profundidade do ataque:

A nova gestão da reitoria da USP assinala que vai tentar aprofundar o processo de desmonte e privatização do Hospital Universitário (HU) e alega desconhecer a emenda estadual que prevê investimento de R$48 milhões para novas contratações na unidade.

Em entrevista ao portal UOL no mês passado, o reitor Vahan Agopyan declarou que não cabe à universidade manter o hospital, apesar de se tratar de uma unidade fundamental pro ensino e pesquisa em diversas áreas da saúde e para a extensão universitária com a comunidade externa.

Sob a gestão anterior, da qual Vahan era vice-reitor, o hospital sofreu um processo de sucateamento sobretudo desde 2014, quando a reitoria teve que recuar de seu plano de desvincular a unidade. Foram centenas de demissões nesse período que resultaram no fechamento de uma grande parte dos leitos, do pronto socorro, da pediatria, e outras especialidades.

A Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) aprovou no ano passado uma emenda que destina R$48 milhões dos royalties da exploração de petróleo do pré-sal para novas contratações no HU, como fruto da luta da população pela saúde pública. Segundo denúncia recebida pelo Sindicato de Trabalhadores da USP (Sintusp), a reitoria estuda um projeto para conceder esses recursos a uma fundação privada que administraria essa verba.

Se trata de um grande avanço do projeto privatista no marco do golpismo, que vem atacando os direitos da população e descarregando a crise sobre a classe trabalhadora. Ao invés de investir na universidade pública, Vahan prefere submeter a USP aos interesses do empresariado, subvertendo a função social do HU, fazendo com que atenda a planos de saúde particulares e terceirizando postos de trabalho. Isso diretamente prejudicará ainda mais os salários, as condições de trabalho e o atendimento à população.

Por que os estudantes devem lutar pelo HU?

Essa pergunta é bastante pertinente para nós estudantes, que entramos na universidade e produzimos para ela. A quem serve as nossas pesquisas? No caso do Hospital Universitário, que além de atender 500 mil pessoas da zona Oeste por mês, em sua grande maioria uma população oriunda de comunidades vulneráveis ao redor, também serve como Hospital Escola em que os estudantes de enfermagem e medicina realizam suas pesquisas e estágios.

Uma empresa privada possui o interesse de lucrar. Será possível sob a administração privada que os estudantes de medicina e enfermagem façam suas pesquisas e tenham um primeiro contato qualitativo, seguro e acompanhado por profissionais mais experientes? Não seria essa uma das primeiras funções do Hospital, o seu valor para a ciência deixado de lado? Além do fato, de que consequentemente as pesquisas dos estudantes estariam voltadas e submetidas aos interesses dessa empresa, o que fere a autonomia da pesquisa.

E a sua função social? Essa é uma segunda pergunta. Quem lucra com as nossas pesquisas? Para onde elas vão? A quem beneficiam? No caso do Hospital Universitário, grande parte de todo esse trabalho é voltado para a população, e a qualidade que o HU possuía era visível. Estudantes podiam fazer cirurgias de apendicite, bem como ser atendidos a qualquer momento. Hoje, tanto os estudantes e comunidade USP quanto a população só são atendidos em casos de extrema emergência, como atropelamento e tiro. Ou seja, você precisa estar morrendo para ser atendido.

Recentemente um morador da zona oeste foi diagnosticado como algo não grave, se dirigiu ao posto mais próximo não aguentou e morreu. Estudamos para ver a população morrer e ver os resultados de nossas pesquisas irem para as mãos de empresas privadas que têm o único interesse de lucrar e não vamos fazer nada?
Sexta-feira passada houve um importante ato, que foi divulgado uma semana antes pelos trabalhadores reunidos no coletivo Butantã em Luta, mais representantes do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP) e estudantes em uma carreata que percorreu a região da zona Oeste divulgando a importância de lutar para que o hospital seja da população. O ato, na sexta-feira, foi bastante expressivo, reunindo inclusive calouros que já estão se somando a essa importante luta, trabalhadores e moradores da região.

Porém, é só o começo da luta. Sigamos o exemplo desse ato e façamos uma frente única para impedirmos que o Hospital Universitário, que é uma das poucas unidades da USP que retorna para a população o dinheiro que esta paga para a universidade existir, seja fechado. Somente essa aliança entre estudantes, trabalhadores e população organizada poderá barrar esse tremendo ataque. Faz-se necessário que o DCE e Centros Acadêmicos organizem assembleias que pautem a continuidade dessa luta, para que nos organizemos desde a base de nossos cursos para uma forte luta que só terminará quando o HU voltar a ser de excelência e do povo.

 
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