Levantando as melhores indicações no quesito repressão, Braga Netto escolheu quem irá substituir o delegado Roberto Sá na Secretaria de Segurança Pública do Rio de Janeiro, o general da ativa Richard Nunes. A indicação deve ser formalizada na terça-feira, dia 27.
Atualmente, Nunes é comandante da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército Brasileiro (Eceme). Comandou entre dezembro de 2014 e fevereiro de 2015 a invasão do Exército no Complexo da Maré, na zona norte do Rio. A invasão durou um ano e três meses, colocou nas ruas cerca de 2,5 mil militares das Forças Armadas e durante esse período foram várias denúncias de abordagens incisivas, agressões verbais e físicas, casos de pessoas assassinadas e mutiladas por parte dos policiais.
O período em que Nunes estava a frente da invasão foi considerado um dos períodos mais tensos, com tanques circulando pelas favelas, trincheiras com sacos de areias e arame farpado e pelas ruas. Um verdadeiro clima de guerra e terror instaurado. Pesquisa realizada após a desocupação em 2015, mostra que 75% da população considerou a ocupação regular, ruim ou péssima e que 98,5% disse que jamais pediu qualquer tipo de auxílio ao Exército, o que demonstra a extrema desconfiança a partir das atrocidades que eram feitas.
Seguindo essa mesma tradição, Braga Netto escolheu o general Mauro Sinott como seu auxiliar, que também tem experiência com as “Forças de Pacificação” e invasão na Maré em 2014. Quando decretada a Garantia da Lei e da Ordem (GLO) no ano passado, foi Sinott quem ficou no comando do Exército e em setembro coordenou a invasão na Rocinha.
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Braga Netto ainda está decidindo quem vai ocupar os pontos de chefia da polícia civil e militar. Mas sendo parte das Forças Armadas ou não, o sentido desta intervenção não é outro senão instaurar a repressão com licença para matar, enquanto o caos social segue e o tráfico se mantém com o aval do próprio Estado.
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