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GREVE CONTRA A REFORMA
Professores municipais de SP organizam forte greve contra a Reforma da Previdência a partir do dia 19
Aline Toffoli

Em meio a um cenário nada promissor para garantia dos direitos trabalhistas historicamente conquistados por meio de muita luta, professores da rede municipal de ensino de SP unem-se para organizar a categoria contra a Reforma da Previdência de Temer e o Sampaprev de Dória. Mostrando, não apenas para o governo, mas, também, para os sindicatos, que os docentes têm muita vontade de lutar.

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Nas últimas semanas, foi notável o forte movimento de professores de toda a cidade para dialogar com demais docentes sobre quais as consequências das alterações previdenciárias. Uma vez que ainda não existem subsedes/regionais com diretores que organizem os comandos de greve e as passagens nas escolas – mesmo esta pauta tendo sido aprovada na última Assembleia Geral do Sindicato dos Profissionais de Educação no Ensino Municipal (Simpeem) em dezembro de 2017 – os professores organizaram-se voluntariamente e iniciaram passagens nas escolas não apenas para conversar com os professores, mas para chama-los a paralisar dia 19/02 e dirigir-se à frente da Prefeitura de São Paulo às 14 horas contra as Reformas das Previdências Federal e Municipal.

Os comandos de greve espontaneamente organizados têm atuado, então, em sentido contrário ao pouco movimento que têm feito os dois principais sindicatos da categoria dos professores municipais de São Paulo – Simpeem e Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo (Aprofem) – no sentido de organizar e mobilizar os professores para comporem a Paralisação do dia 19/02, uma vez que a votação está prevista já para o dia 20/02 e não há até agora um plano de luta concreto que direcione os trabalhadores do país para barrar esse enorme ataque.

Dentre as alterações previstas na reforma da Previdência estão a progressão da idade de transição para a aposentadoria, que sobe 1 ano a cada 2 anos a partir de 2020 e o “pedágio”, que consta do valor de 30% sobre o tempo que falta hoje para a aposentadoria por tempo de contribuição, para dar alguns pequenos exemplos dos ataques que estão por vir aos professores. Com o Sampaprev, umas das modificações se dá no teto de pagamento da aposentadoria, como acontece na iniciativa privada estabelecido pelo Regime Geral da Previdência Social, dentre outros ataques. Na prática, o que acontecerá é que poucos serão os servidores que, de fato, irão conseguir se aposentar. Dos raros que conseguirem cumprir as novas exigências, menor ainda será o número de trabalhadores que poderão gozar de alguma qualidade desse período que deveria ser um descanso justo e merecido após anos de contribuição.

Nesse sentido, na contramão do que seus principais sindicatos têm feito, os professores da região da zona oeste de São Paulo têm se unido em comandos de greve, passando nas escolas da região para conversar com os colegas sobre o que significa a Reforma da Previdência e o Sampaprev e fazer um chamado para que a categoria paralise no dia 19/02 para participar da Asssembleia que definirá os rumos do movimento, votando ou não o início da primeira greve dos professores do município de São Paulo.

Na Zona Oeste de SP, durante as passagens nas escolas que compõem a região dirigida pela Diretoria Regional de Ensino (DRE) do Butantã o rechaço às reformas era nítido. A partir das trocas de informações que surgiram na rede virtual criada pelos próprios professores, até o momento, a grande maioria das escolas já confirmou que irão paralisar no dia 19/02. Para se ter uma ideia do nível da adesão, segue uma lista com algumas das escolas que vão paralisar:

EMEF Prof Roberto Mange 100%
EMEF Pres. Campos Salles 100%
EMEF Marechal Deodoro 100%
EMEF Des Theodomiro Dias 95%
EMEF Arthur Whitaker 75%
EMEF Brasil Japão 100%
EMEF Elias Shammass 95%
Emei Emir Macedo 100%
EMEF Marechal Deodoro da Fonseca 100%
EMEF Marechal Rondon 100%
EMEF CEU Butantã 100%
EMEI Delfino Azevedo IP 100%
EMEI Idemia de Godoy 98%
EMEF Pedro Nava 100%
CEI José Ozi 95%
EMEF José de A Machado Filho 75%
EMEF Amorim Lima 98%
EMEF EDA Terezinha Chica Medeiros 100%
EMEF Paulo VI 98%
EMEF Pres Campos Salles 100%
Emei Rio Pequeno I: 80%
EMEF Solano: 80% de manhã e 50% a tarde

DEPOIMENTOS

Colhemos o depoimento de uma professora de história de uma das Emef da região que preferiu não se identificar por temer represálias em um momento político extremamente antidemocrático, em que vemos, por exemplo, o judiciário, ignorando direitos previstos na Constituição como do povo escolher em quem votar.

De acordo com ela a reunião realizada com o comando de greve que, neste caso, era formado por nós professores do movimento Nossa Classe Educação, contribuiu para elucidar algumas questões a respeito do Sampaprev e as alterações em relação à aposentadoria. Em suas palavras:
Acredito que tenha ficado claro para todos os presentes que seremos muito prejudicados com essa mudança e, portanto é extremamente necessária nossa mobilização nesse momento tão importante de luta, não só dos servidores municipais, mas também de outros movimentos sociais e sindicatos, que estão tentando barrar a reforma da previdência, pauta esta também defendida por nós, servidores municipais. A presença de todos nos atos chamados para o dia 19 é muito importante, pois eu acredito que só através da luta, de resistência, podemos barrar esses abusos!

De acordo com o professor Sergio de Araujo da Emef Nany Benute, na região da DRE Pirituba, a intervenção militar anunciada pelo golpista Michel Temer no Rio de Janeiro não significa um recuo na pauta de votação da Reforma. De acordo com ele:

Durante uma intervenção federal a constituição não pode ser alterada. Logo, a reforma da previdência não poderia se concretizar, pois os tempos de contribuição e idade de aposentadoria não poderiam ser alterados. Porém, as reformas em níveis municipais podem prosseguir, como no reajuste das alíquotas aqui em São Paulo, apenas esperariam para adequar as idades de acordo com a Reforma Federal. Porém, agora mesmo o Temer se pronunciou e disse que tão logo haja condições para votar a reforma da previdência na câmara (leia-se número de votos necessários para a aprovação) ele fará cessar a intervenção. Ou seja, não há nenhuma razão para arrefecermos nossa luta dia 19!

Nós do Nossa Classe Educação acreditamos que movimentos como esse, organizados pelos professores em seus próprios locais de trabalho devam se espalhar por todas as escolas e categorias do país, de modo a organizar o maior número possível de trabalhadores e ganhar força para lutar contra esses ataques que temos sofrido nos últimos anos.

Assim, fazemos um chamado para que as escolas de todas as regiões de São Paulo paralisem no dia 19/02 e que os professores estejam na Assembleia às 14h em frente a Prefeitura que irá decidir pela continuidade ou não da greve. Acreditamos, ainda, que apenas uma Greve Geral até a retirada das Reformas da pauta de votação é indispensável para o sucesso da luta de toda a classe trabalhadora. É esse o chamado que também fazemos à APEOESP que tem abandonado os professores do Estado, mas também às grandes centrais sindicais como a CUT e a CTB, que parem de corpo mole e organizem já a Greve Geral em todo o país.

 
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