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CARNAVAL 2018
Paraíso do Tuiuti e o grito negro pela liberdade e contra o golpe institucional
Marcello Pablito
Trabalhador da USP e membro da Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do Sintusp.
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Naquele que foi o maior porto escravista das Américas, o samba enredo da Tuiuti percorreu o passado de dor e de luta do povo negro trazendo para o meio da avenida a escravidão negra de ontem e a escravidão assalariada de hoje, simbolizada na reforma trabalhista e da previdência. A comissão de frente emocionou o país com a força do grito contra a escravidão, relembrando os lutadores e os guerreiros da liberdade. Foi um desfile com muitos símbolos e recheado de significado da luta do povo negro contra a escravidão, mas que também ganhou o país por ecoar a insatisfação popular com o governo golpista de Temer.

Um dos destaques da escola foi justamente Temer, o “vampiro neoliberalista”, uma fantasia que simbolizou todo o repúdio da população as medidas de ataque deste governo. Outro ponto altos do desfile foram os “manifestoches”, referência bem-humorada àqueles que foram às ruas defender o golpe institucional.

A crítica à retirada de direitos foi muito forte em todo o desfile, mostrando o descontentamento popular com a reforma trabalhista - uma reforma que ataca frontalmente os direitos dos trabalhadores, e dos negros em primeiro lugar, que já sofrem com os piores salários e piores empregos. Afinal, como todo o enredo nos mostrou com emoção, esse é o resultado de um país escravista, onde quem manda na política hoje são aqueles que antes eram senhores de escravos ou se beneficiavam com a escravidão.

O sambra-enredo da Tuiuti foi o que mais empolgou quem estava na Sapucaí e fora dela tomou conta das redes sociais. Em um momento onde o Judiciário avança com seu autoritarismo sobre o direito do povo decidir em quem votar, onde o governo se esforça para levar a reforma da previdência para votação, a Tuiuti expressou a indignação do povo negro, dos trabalhadores, das mulheres, da juventude. O desfile da Tuiuti foi mais uma mostra, incrivelmente sensível e profunda, do quão forte são os vários aspectos da questão negra neste país. Esse desfile sensibilizou o país. Os ataques estão de pé.

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Poucos dias depois desse carnaval o governo tentará aprovar a reforma da previdência que pretende nos fazer trabalhar até morrer. No dia 19 de fevereiro as centrais sindicais estão convocando uma Jornada Nacional de lutas contra a reforma da previdência. Chamaremos a todos que mostraram sua indignação com o governo a traduzir sua revolta em mobilização e por isso exigimos das centrais sindicais que saiam do bloco do corpo mole e convoquem já uma greve geral contra as reformas e o direito do povo decidir em quem votar!

Quanta energia, quanto ânimo e disposição de luta não se revelaria caso as centrais sindicais chamassem uma efetiva greve geral contra a reforma e pelo direito do povo de decidir em quem votar? A força do povo negro se faria sentir por todos os poros deste país e seria um impulso para a unidade das fileiras operárias, para luta do conjunto dos trabalhadores contra o governo e contra aqueles que viram as costas a seus interesses. Viva a luta da classe trabalhadora e do povo negro!

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