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Carnaval
Paraíso do Tuiuti faz samba-enredo contestando a Reforma Trabalhista
Bruna Motta

A escola de samba Paraíso do Tuiuti, situada na região de São Cristóvão no Rio de Janeiro vai desfilar esse ano com um samba-enredo que contesta a reforma trabalhista, relacionando as novas leis trabalhistas com as condições de trabalho de regimes escravocratas.

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Com o enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?” a escola do grupo especial Paraíso do Tuiuti fará um desfile esse ano criticando os ataques aos direitos dos trabalhadores à partir da aprovação da Reforma Trabalhista que retira direitos conquistados historicamente através da luta de trabalhadoras e trabalhadores, precarizando ainda mais as condições de trabalho da maioria da população. A analogia a escravidão proposta pelo enredo está relacionada a uma crítica direta as reformas do governo golpista e ilegítimo de Temer, que à partir da reforma da trabalhista, regulamentação da terceirização irrestrita e outras medidas recentes que tem o objetivo de despejar as contas da crise nas costas dos trabalhadores, que somadas ao racismo estrutural mantêm negras e negros nos cargos mais precarizados e com piores salários.

O título escolhido para o enredo foi usado no ano de 1969 pela escola de samba Unidos de Lucas que fez um desfile comemorando de maneira acrítica a Lei Áurea e elogiando a princesa Isabel pela libertação dos escravos. O carnavalesco da Paraíso do Tuiuti, Jack Vasconcelos, ao fazer a escolha de utilizar o mesmo título para o enredo deste ano, acrescentando o ponto de interrogação no final da frase, questiona a ideia de justiça e liberdade defendida por aqueles que acreditam na bondade dos antigos senhores de escravos que do alto de seus privilégios cortam direitos e precarizam ainda mais as condições de vida da classe trabalhadora.

Uma das fantasias que será utilizada no desfile é de um trabalhador que precisa desenvolver várias funções ao mesmo tempo, utilizando uma carteira de trabalho danificada que se torna um escudo de proteção.

A escola também traz em um dos carros alegóricos um enorme pato amarelo que está sendo montado por um manifestante munido de sua panela, como crítica as manifestações de apoio ao golpe institucional que retirou a ex-presidenta Dilma de seu cargo em agosto de 2016, representando de maneira muito criativa o quanto esses ataques aos trabalhadores em geral e a população negra em específico está relacionada diretamente ao golpe, já que este só aconteceu para que as reformas pudessem ser aprovadas com mais agilidade.

Na sinopse oficial da escola Jack Vasconcelos diz: “Pão e circo para aclamação de uma bondade cruel, pois não houve um preparo para a libertação e ela não trouxera cidadania, integração e igualdade de direitos. Mais viva do que nunca, os aprisionou com os grilhões do cativeiro social (...) Ainda é possível ouvir o estalar de seu açoite pelos campos e metrópoles.Segue vivendo espreitada no antigo pensamento de “nós” e “eles” e não nos permite enxergar que estamos todos no mesmo barco, no mesmo temeroso Tumbeiro, modernizando carteiras de trabalho em reformadas cartas de alforria.”

O enredo já é um dos mais escutados e ganhou o título de melhor samba-enredo do carnaval do Rio de Janeiro de 2018 segundo pesquisa feita pelo site carnavalesco.

 
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