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EDITORIAL SÃO PAULO
Alckmin está repleto de dificuldades, esse é o melhor momento para os professores o derrotarem
Leandro Lanfredi
Rio de Janeiro | @leandrolanfrdi

Dado o controle da grande mídia que tem o PSDB, e a ala de Alckmin em particular, tudo parece estar bem para o governador tucano de São Paulo. Mas a realidade é o contrário. Ele tem dificuldades à direita, ao “centro” e poderia ter também na luta de classes se os professores entrarem em luta contra o fechamento de salas de aula e a demissão de milhares de temporários.

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Alckmin saiu vitorioso contra Doria e pode se impor como presidente do PSDB e virtual pré-candidato presidencial; apesar da greve dos metroviários pode avançar e privatizar as linhas 5 e 17 do metrô.

Mas nem tudo são louros ao governador conservador, privatista e inimigo do funcionalismo. Suas complicações estão se multiplicando em uma velocidade maior do que suas vitórias. O cenário é o melhor possível para que os professores consigam impor a reabertura das centenas de salas de aula fechadas, garantindo assim a qualidade do ensino e emprego para milhares de professores que ficaram desempregados. Para impor essa derrota ao governador será necessário primeiro que os professores imponham ao sindicato dos professores, a APEOESP, que organize uma luta consequente que poderia ser um pontapé para a luta de outras categorias atacadas (como os metroviários) e que poderia desembocar em algo maior que um “dia de luta” mas um verdadeiro grito de guerra, o que é urgente e necessário, uma greve geral, contra a reforma da previdência dia 19.

Vitorioso mas pode ser colocado em xeque

A pesquisa eleitoral da Datafolha foi um verdadeiro dilúvio para várias alas do golpismo, mas ela foi especialmente amarga para Alckmin. Vegetando entre 6 e 11% está estagnado, e pior com várias ameaças vindas do próprio PSDB e de um “outsider” com pedigree tão alto quanto o seu, Luciano Huck, que respira em seu pescoço com 8% das intenções de voto.

Fernando Henrique Cardoso escreveu artigo semanas atrás falando que se Alckmin não alcançasse 10% - muito menos que tinha Aécio o mais fraco tucano no começo das eleições, que tinha 17% - o PSDB poderia olhar para novos nomes, inclusive fora do partido. Todos analistas, e seguramente Alckmin também, leram a mensagem claramente: o plano B pode ser Huck.

No plano eleitoral Alckmin enfrenta um quadruplo desafio: aparecer como renovação da política para dialogar com um sentimento amplo na população e em especial nas classes médias que votavam no PSDB; formar alianças amplas que lhe deem força fora de SP; mostrar-se candidato do mercado; e, sem nunca deixar de aparecer como “centro”. O pior de tudo para Alckmin e suas ambições é que não pode facilmente recuar do plano presidencial, já reeleito para governador não poderia se recandidatar, tendo que se contentar com um cargo de senador, esse cenário o colocaria para escanteio em um partido dividido, por isso tudo o que ele menos pode agora é sofrer qualquer arranhão que lhe arrisque ainda mais a candidatura.

No sul do país um trânsfuga tucano, Álvaro Dias lhe rouba votos na classe média abastada. Com uma posição mais pró-Lava Jato do que o PSDB e mais oposicionista a Temer, parece o arquétipo do que um “tucano” deveria ser, em especial ao público que aplaude Sérgio Moro. No sudeste, perde votos para Marina e para Bolsonaro na mesma camada da população por predominar um procura de “novas respostas” em meio à crise orgânica. Com sua notória falta de carisma, que já lhe rendeu o apelido de “picolé de chuchu”, está empreitada é das mais difíceis de empreender.

Para aumentar sua força eleitoral, especialmente fora do bastião tucano e Alckmista de São Paulo, ele precisa de alianças. Mas todos partidos do golpe institucional de 2016 estão querendo colocar sua própria cara no sol. O DEM quer candidato próprio, o PSD idem. Dos maiores sobram PTB que já está no contra-cheque de Temer graças ao agrado de nomear a inominável Cristiane Brasil e o PP do presidiário Maluf. Sobra o PSB de seu vice-governador.

Para atrair esse partido Alckmin promete que o PSDB deixe de concorrer ao governo de São Paulo e apoie o vice Márcio França em troca do apoio nacional, que pode lhe render alguma máquina eleitoral em lugares como Minas Gerais e no Nordeste. Só falta combinar com o tucanato paulista esse movimento. Doria, derrotado na ambição nacional, exige prévias estaduais (e como plano B ameaça saída do PSDB arrastando deputados atrás de si) e outras alas do PSDB para além do prefeito-vende-tudo não abrem mão de concorrer – e possivelmente ganhar – o maior colégio eleitoral do país.

O rei está encurralado e recorre a ajuda das torres da Bovespa em um movimento de "roque". Para conseguir uma máquina empresarial em seu apoio e conquistar o “voto do mercado” saiu acelerando privatizações, querendo aparecer mais privatista e defensor das reformas que um Rodrigo Maia e um Meirelles, mas esse movimento lhe coloca outros problemas. Ele não pode centralizar todos tucanos em torno da Reforma da Previdência já que isso lhe custaria apoio na presidencial e o “mercado”, nem falar Maia e Meirelles o cobrarão disso, mas seu papel de dirigente partidário é menos absoluto do que ele gostaria. O príncipe de Pindamongaba terá que acomodar dissidências de um partido cada vez mais rachado. E para piorar essa parte de seu salto mortal quádruplo escarpado entra em choque com seu cálculo de manter-se ao centro para não perder votos ex-lulistas ou mesmo para Marina Silva. Aí entra o papel dos professores e o potencial de sua luta, especialmente agora.

Os peões podem encurralar o rei

Difícil algo mais impopular no país do que fechar salas de aula e demitir professores. Esse escândalo está viralizando nas redes sociais graças a denúncias de professores, várias delas feitas por militantes do MRT nesse Esquerda Diário, furando – parcialmente – o bloqueio feito pela grande mídia. Fortalecer essa denúncia e preparar uma grande luta é o que poderia terminar de encurralar Alckmin em seu difícil jogo eleitoral, aumentando as chances de um recuo.

Mas essa não é perspectiva do sindicato de professores, a APEOESP que até o momento não está organizando uma greve apesar do evidente descontentamento na categoria. Uma greve agora conta com um bom cenário contra o governador e poderia dar energia para que outros setores tomem em suas mãos a luta contra a Reforma da Previdência superando os limites que a burocracia sindical está colocando a luta no dia 19. Convocam um “dia nacional de paralisação” que podemos e devemos encampar com tudo, mas para deixar de dar tempo para Temer organizar a Reforma da Previdência, devíamos batalhar por uma greve geral para definitivamente derrotar esse projeto bem como lutar para garantir que a população e não três desembargadores possam decidir em quem votar.

O momento no xadrez é propício. Está na mão dos professores começar a encurralar o tucanato paulista, força crucial da burguesia nos ataques à classe trabalhadora.

 
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