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RESISTÊNCIA INDÍGENA
Garimpo e usineiros estão por trás do fim da aldeia PV da comunidade Munduruku, no Pará
Letícia Parks

No dia 17 de janeiro, os líderes da aldeia PV publicam nota denunciando o descaso das autoridades frente à situação enfrentada pela comunidade, de invasão e destruição pelo garimpo. Mas há muito mais forças interessadas no fim da aldeia do que apenas a exploração de minerais preciosos.

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Há anos, os membros da aldeia vinham alertando as autoridades - Ministério Público Federal e FUNAI - de que a prática do garimpo vinha destruindo a comunidade, localizada dentro da Terra Indígena Munduruku, no Pará. No dia 17 de janeiro, publicam a nota (reproduzida abaixo), onde denunciam o descaso dessas autoridades frente à situação enfrentada pela comunidade.

As autoridades haviam sido informadas de que "A aldeia PV é hoje o principal ponto de doenças e invasões do nosso território, lá tudo é controlado pelos pariwat, a pista de pouso que existia para que o atendimento a saúde pudesse chegar até os moradores, foi mudada de lugar, porque atrapalhava o garimpo.Os pariwat estão armados e deram armas para os parentes defenderem eles".

A síntese desse contato hostil, baseado numa contradição das forças armadas do garimpo contra a comunidade que luta pela preservação de seu território, também é denunciada pela carta, que diz que "com muita dor e vergonha, que a aldeia PV na Terra Indígena Munduruku não existe mais. O garimpo invadiu tudo corrompeu com doenças nossos parentes e matou a floresta e as roças, trazendo doenças, prostituição, uso de álcool entre os homens e mulheres e drogas entre os mais jovens".

Segundo os autores da nota, as autoridades decidiram "ficar fazendo reunião" ao invés de vir resolver a situação de explícita invasão de território que vinha sendo denunciada pelos líderes da comunidade. A origem do descaso também é explícita. Há alguns anos, a Eletrobrás, em nome de construtoras como Camargo Corrêa e Odebrecht, vem fazendo pesquisas para explorar energia elétrica no território da comunidade, onde está localizada a Bacia do Rio Tapajós.

A resolução da Justiça Federal exige que não haja pesquisas para usinagem em territórios com comunidades indígenas, o que significa que com o fim da aldeia, a Eletrobrás e as intenções milionárias de lucro das construtoras que estão por trás do projeto da Usina, ganharão mais um território para fazer pesquisa. O presidente da associação de comunidades da região, Cândido, quando foi ouvido sobre a intenção de pesquisa e construção da hidrelétrica, afirmou que “Aceitamos conversar. Queremos, sim, ouvir o governo, mas não aceitamos a construção dessas usinas. Se sobrevivemos da pesca, da caça e da roça, como vamos viver se construírem essas hidrelétricas na região?” e ao fim reafirmou que apesar da proibição, são muitos os policiais que circulam pelo território das comunidades.

Você pode dizer que essa nota era sobre como o garimpo destruiu a vida da aldeia PV na Terra Indígena Munduruku. Mas eu me pergunto como esses garimpeiros chegaram, se extenderam e continuaram por lá por todo esse tempo.

Leia a nota na íntegra:

Comunicado para autoridades ambientais e MPF, FUNAI

Nós movimento Munduruku Iperegayu comunicamos, com muita dor e vergonha, que a aldeia PV na Terra Indígena Munduruku não existe mais. O garimpo invadiu tudo corrompeu com doenças nossos parentes e matou a floresta e as roças, trazendo doenças, prostituição, uso de álcool entre os homens e mulheres e drogas entre os mais jovens.

O Garimpo é controlado pelos pariwat (não indígenas) que pagam parentes para vigiar suas máquinas. A aldeia PV é hoje o principal ponto de doenças e invasões do nosso território, lá tudo é controlado pelos pariwat, a pista de pouso que existia para que o atendimento a saúde pudesse chegar até os moradores, foi mudada de lugar, porque atrapalhava o garimpo.Os pariwat estão armados e deram armas para os parentes defenderem eles.

Muitas vezes o ICMBio, a Funai, o MPF e muitas autoridades foram alertadas sobre esses problemas, mas preferiram ficar nos escritórios ou fazendo reunião. Nada foi feito.

A assembleia do povo munduruku de 2017 decidiu que todos os garimpos deveriam ser fechados. Os caciques do rio das Tropas já não sabem a quem pedir para tirar os garimpeiros.

Nada foi feito e agora os pariwat junto com indígenas gananciosos e doentes querem invadir o rio Kadiridi para abrir novo garimpo.

Por causa desse desespero do nosso povo, nós guerreiros e guerreiras do Movimentos Iperegayu, decidimos:

Fazer uma fiscalização contra garimpos e outros invasores no rio Kadiridi, rio das Tropas indo do waretodi até o rio Tapajós

Prender e Expulsar todo pariwat da nossa terra

Destruir todas as máquinas do garimpo no PV

Denunciar os órgãos responsáveis pela proteção das nossas terras por não fazerem nada.

Jacareacanga, 17 de Janeiro de 2018
Movimento Ipereg ayu
Sawe!!!

Fonte: Amazônia.org.br

 
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