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CARNAVAL RIO 2018
Tuiuti terá Temer vampiro, ala de “guerreiros da CLT” e paneleiro “Pato da FIESP”
Bianca Coelho - Estudante de Letras USP

“Estamos trazendo a escravidão para análise contemporânea”, diz o carnavalesco Jack Vasconcelos sobre o enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, que a Tuiuti levará para a Sapucaí a situação do trabalhador brasileiro nos dias de hoje

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Com o enredo “Meu Deus, meu Deus, está extinta a escravidão?”, a escola de samba Paraíso do Tuiuti buscará discutir a exploração sofrida pelo trabalhador brasileiro, a partir de refletir o impacto hoje dos quatrocentos anos de escravidão aos quais nosso país foi submetido, e a persistência da exploração nos dias atuais.

Sobre isso, o carnavalesco Jack Vasconcelos afirma “na alegoria de encerramento a gente faz uma reflexão sobre a situação (atual) do trabalhador no Brasil, especialmente o mais pobre que herdou a falta de preparo na hora da abolição. A escravidão fica datada. Essa relação de opressor e oprimido está aí, e as pessoas não percebem isso. Estamos trazendo a escravidão para análise contemporânea.”

A situação dos trabalhadores brasileiros se agrava hoje em meio a um cenário pós-golpe institucional, que trouxe uma série de “reformas” visando a tentar “sanar” a crise econômica, porém pela via de jogá-la nas costas da população para agradar grandes empresários que não estão dispostos a largar mão de seus lucros, acabando, por exemplo, com a CLT como manda a reforma trabalhista.

Tendo esse cenário como pano de fundo, o desfile contará com uma crítica ao golpe e suas consequências. Uma das fantasias das alas, nomeada “Guerreiro da CLT”, mostrará um operário com seis braços, sobrecarregado de tarefas, protegendo-se do que a escola chama de “exploração patronal”, com uma carcomida carteira de trabalho como escudo.

Em outra ala, os integrantes da escola carregarão um pato inflável amarelo, a la “Pato da FIESP”, um dos símbolos das manifestações pró-golpe ocorridas na Avenida Paulista. Os componentes levarão nas mãos panelas, em alusão aos “panelaços” que ocorriam toda vez que Dilma se pronuncia na TV. Esses “manifestantes” serão representados como se tivessem sendo regidos por mãos gigantes, como marionetes. Para completar, o último carro alegórico trará um destaque representando o presidente Michel Temer vestido de vampiro.

Ainda que sejam muitas as contradições a que estão submetidos os desfiles de escolas de samba, por conta do balcão de negócios que os capitalistas buscam transformar essa expressão cultural construída principalmente por mãos negras nas comunidades, é muito interessante que a Escola escancare numa das maiores festas do mundo importantes questões que afligem a população brasileira. A Paraíso do Tuiuti promete, assim, um desfile marcado por muitas polêmicas em meio ao cenário conturbado que o ano eleitoral pós-golpe que 2018 abre.

 
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