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SÃO PAULO
Os transportes não estão a venda! Contra a privatização do metro e o aumento da tarifa!
Marília Rocha
diretora de base do Sindicato dos Metroviários de SP e parte do grupo de mulheres Pão e Rosas
Bianca Coelho - Estudante de Letras USP

Nesta semana começa a vigorar o aumento nas passagens de ônibus, trem e metrô na cidade de São Paulo que irão de 3,80 para 4 reais. Em meio aos altos índices de desemprego, com o crescimento dos trabalhadores na informalidade e sem direito ao vale-transporte, o aumento da passagem afeta principalmente os trabalhadores mais precarizados. Os que ganham um salário mínimo terão mais de 70% dos insuficientes 17 reais de aumento, promovido pelo governo Temer, consumidos pela elevação da passagem, apenas para ir e voltar do trabalho.

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O prefeito João Doria, que fez demagogia durante sua campanha eleitoral dizendo que não aumentaria o valor das passagens, mostra mais uma vez como o seu verdadeiro compromisso é com o lucro dos empresários do transporte e não com a população, os trabalhadores e a juventude que utilizam o transporte público e que terão que pagar mais pelo direito de se locomover na cidade. A justificativa de João Doria e Alckmin é que o aumento será abaixo da inflação acumulada em dois anos e que será “bom” porque facilitará o troco.

Além do aumento das passagens, neste ano eleitoral de 2018 o PSDB de São Paulo está preparando ataques ainda mais profundos ao setor de transporte, com as privatizações do setor. O governo de Geraldo Alckmin irá colocar para leilão as linhas 5 – Lilás e 17 - Ouro do Metrô. O processo de concessão que havia sido suspenso no ano passado, foi retomado ao final de dezembro e o leilão está marcado para o início do ano, dia 19 de janeiro às 10h.

O modelo de concessão é um verdadeiro presente para os empresários dos transportes, garantia de lucro a qualquer custo às custas da população. O lance mínimo previsto é de 189,5 milhões de reais, valor que está muito longe do desembolsado pelo governo de SP. Além disso, as tarifas já serão preestabelecidas e não seguirão o sistema de tarifa do Estado, no mesmo modelo que ocorre hoje com a Linha 4 - Amarela do consórcio ViaQuatro, para a qual o governo paga 4,03 reais por passageiro. E o c­­­onsórcio vencedor que ganha de presente todas as estações construídas terá uma linha de financiamento aprovada pelo BNDES para os investimentos obrigatórios e eventuais que terão que realizar, a ser pago daqui 20 anos.

O prefeito João Dória também prepara uma reestruturação do sistema de ônibus da cidade com uma nova concessão por 20 anos apenas para a burguesia nacional, um plano que já vem tendo impactos para a população, como a extinção de alguns linhas de ônibus cujo trajeto passava por dentro da Universidade de São Paulo (USP), o que agora dificulta ainda mais o acesso da população à universidade.

O setor de transporte está na mira do PSDB para fazer suas alianças eleitorais para 2018. Um direito fundamental que não se volta para os interesses da população, mas sim para os lucros do empresariado nacional como a Camargo Correa e multinacional como Siemens e Alstom acusadas de corrupção e que continuam impunes fechando contratos no setor.

O discurso demagógico que Dória e Alckmin fazem, dizendo que pagam altos valores de subsídios ao setor de transporte, na prática é transferência direta de recursos públicos para as empresas privadas que controlam o setor. O investimento do Estado não visa a melhoria do sistema, mas sim arcar com os prejuízos privados e garantir a receita e os lucros da iniciativa privada, arcando na prática com 40% do financiamento do setor. Ou seja, as empresas que possuem o controle do transporte não precisam se preocupar com os custos de manutenção da frota de ônibus usando o discurso do aumento da inflação para justificar o aumento da tarifa para que os capitalistas não percam dinheiro e possam garantir seus lucros exorbitantes às custas do direito de locomoção da população.

A demanda por um transporte público e de qualidade é sentida por toda a população que hoje, na prática, apenas conseguem usufruir desse direito de transporte para ir e voltar, com horas de viagem, do trabalho para casa, sem poder suar um transporte digno nos momentos de lazer e cultura. Por isso, a lembrança das manifestações de junho de 2013 que eclodiram em diversas capitais questionando o aumento da tarifa assustam tanto a burguesia, e são o principal receio dos governos, de que possam ressurgir novamente, abrindo uma nova situação da luta de classes e abalando as estruturas do regime burguês.

Por isso que defendemos o passe livre para estudantes e desempregados, mas essa demanda tem que ser combinada com uma redução radical imediata dos valores cobrados na tarifa, atacando o lucro dos capitalistas do transporte, e principalmente mostrando que a saída de fundo para a crise do transporte é colocar sob o controle dos trabalhadores e usuários que são os setores que podem garantir o funcionamento de um transporte público, de qualidade e acessível para toda a população, em contraposição à lógica do estado que controla e administra o transporte a serviço do interesse econômico dos grandes empresários.

Nesta quinta-feira, dia 11, está sendo convocado o ato contra o aumento da passagem em São Paulo. Apesar da manifestação estar convocada para após quatro dias de já estar vigorando o aumento da passagem, é fundamental que o chamado pelo Movimento Passe Livre incorpore também a luta contra a privatização dos transportes, em especial do Metrô de SP cujo leilão das Linhas 5 e 17 ocorrerá ainda esse mês. Pois, se é verdade que o aumento da tarifa é a demanda mais sensível e imediata para o conjunto da população, também é um fato que se o governo consegue avançar na sua política de privatização de um setores mais estratégicos do transporte como Metrô de SP, essa lógica que sustenta o aumento praticamente anual dos valores da tarifa só irá se aprofundar, com o estado garantindo cada vez mais recursos públicos aos capitalistas, em troca dos partidos dominantes conseguirem pagamento de propina, que é a base de corrupção que está por trás desse sistema e terem o respectivo financiamento nos anos eleitorais para garantir a campanha dos deputados, governadores, prefeitos e vereadores

Por isso, nós do Movimento Revolucionário de Trabalhadores, junto com o Movimento Nossa Classe e a juventude Faísca, achamos ser fundamental que as mobilizações contra o aumento da passagem neste ano, estejam vinculadas com a luta contra ataques como a privatização do Metro de SP. Para construir essa luta, é preciso que as organizações que dirigem o movimento de juventude como UNE e de trabalhadores como as centrais sindicais CUT e CTB rompam com seu imobilismo e organizem uma luta unificada contra estes ataques para conseguirmos de fato barrar o aumento e a privatização do setor. Os transportes não estão à venda!

 
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