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CRISE NO RJ
A vida de quem sobrevive com menos de três reais por dia a 30 quilômetros de Ipanema
Douglas Silva
Professor de Sociologia

Um bairro, Jardim Gramacho, que se sustentou por três décadas com o maior lixão da América Latina, a 30 quilômetros de Ipanema, escancara a face mais cruel do capitalismo no país com a maior concentração de renda entre o 1% mais rico do mundo.

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No Jardim Gramacho, que manteve até 2012 o maior lixão da América Latina, a vida se passa com menos de três reais por dia. Uma vida miserável que convive com o luxo de Ipanema a 30 quilômetros de distância da comunidade. Para aqueles que dizem que o capitalismo deu certo, dizemos: somente para o 1% mais rico do mundo.

O bairro localizado em Duque de Caxias, região metropolitana do Rio, expressa a miséria mais profunda de tantos brasileiros que ainda vivem sem água encanada, eletricidade que mal chega na comunidade, sem rede de esgoto e, em algumas casas, nem banheiro. As casas construídas com aquilo que se pode encontrar no lixo – portas de guarda-roupas, chapas de madeira velha – não suportam nem os dias de chuva mais fraca. “Quando chove, cai mais água dentro do que fora”.

Das famílias que vivem na comunidade, Vanessa Dias de 31 anos e seu marido, pedreiro desempregado de 42 anos, são exemplos da miséria vivida por todos que vivem na região. A mulher, que trabalhou no antigo lixão sem nunca ter tido carteira assinada, sobrevive junto com a família com uma dieta longe de recomendada e com apenas 150 reais do Bolsa Família pelos três filhos que moram com ela e uns 200 reais que ganha vendendo desinfetante. A miséria dos 20.000 moradores de Jardim Gramacho se nota por todos os lados. As casas em péssimas condições, as cáries das crianças, a alta evasão escolar, o analfabetismo e o convive-o com ratos, escorpiões e moscas.

Vanessa Dias, 31 anos. Foto de ARIEL SUBIRÁ.

De acordo com o levantamento ONG Teto, que atua no local desde 2013, a renda per capita dos moradores chega a uns 11 reais por dia, praticamente o valor de duas passagens de trem ou metrô. Cerca de 45% dos moradores não possuem emprego. O desemprego atinge, sobretudo, a maioria dos moradores doentes, sem nenhuma formação – maioria analfabeta – e sem ter com quem deixar os filhos para trabalhar.

O lixão, o maior da América Latina, fechado em 2012, tirou o único sustento de boa parte dos moradores que sobreviviam como catadores de material reciclável. O fechamento do lixão veio acompanhado de promessas de cursos profissionalizantes, urbanização do bairro, novas fontes de rendas e tantas outras promessas que nunca chegaram a ser cumpridas. A miséria que já se fazia presente com o lixão se agravava retirando dos moradores o único sustento numa vida miserável abandonados pelo poder público.

A vida dos moradores de Gramacho só comprova a miséria vivida por tantos brasileiros num capitalismo que enriquece poucos à custa da miséria de tantos. Uma miséria que só aumenta. A fome que assola a família de Vanessa e tantas outras sustentam os banquetes e as taças de champagne dos ricos e poderosos no Brasil. Junto com os banquetes luxuosos de Temer para os golpistas em Brasília.

 
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