Corpos de mais dois palestinos foram encontrados na manhã deste sábado, 9, na Faixa de Gaza, em meio confrontos com soldados israelenses no “dia de fúria” dos muçulmanos contra a decisão do presidente dos EUA, Donald Trump, de reconhecer Jerusalém como capital de Israel. Neste sábado, ataques aéreos do sionista Benjamin Netanyahu mataram mais duas pessoas, e o total de mortos subiu para pelo menos quatro - todos palestinos
Os confrontos mais violentos ocorreram em cidades da Cisjordânia, após os líderes do Hamas convocarem a população para uma nova intifada – “levante”, em árabe. Pelo menos 300 pessoas ficaram feridas e até agora 4 pessoas morreram. Nas cidades de Hebron, Belém, Jericó e Nablus, os manifestantes arremessaram pedras contra as forças israelenses, que responderam com bombas de gás lacrimogêneo e balas de borracha. Neste sábado, os israelenses seguiram a defensiva e fizeram ataques aéreos.
Na sexta, o Hamas lançou três foguetes contra o sul de Israel. Dois foram interceptados pelo sistema antimísseis conhecido como “Domo de Ferro”. O terceiro atingiu a cidade de Sderot, acertando carros sem deixar feridos. “As Forças de Defesa responsabilizam apenas e tão somente o Hamas por todos os atos hostis que emanam da Faixa de Gaza contra Israel”, escreveu o Exército.
A reação contra a declaração de Trump se espalhou. Após as tradicionais orações de sexta-feira, centenas de pessoas marcharam na capital iraniana, Teerã, onde os clérigos pediram aos palestinos que preparem uma revolta. Manifestantes jordanianos tomaram as ruas em Amã e milhares de turcos se reuniram em Istambul e outras cidades do país. No Cairo, os manifestantes se reuniram na Mesquita de Al-Azhar, onde cantaram: “Com sangue e alma, nos sacrificaremos por você, Al-Quds!” – nome árabe de Jerusalém.
Em Amã, na Jordânia, um dos dois únicos países, ao lado do Egito, que assinaram um tratado de paz com Israel, o protesto reuniu mais de 20 mil pessoas. Muitos portavam cartazes e gritavam que “Jerusalém é capital da Palestina”. Irã e Arábia Saudita, inimigos ferrenhos que lutam pela hegemonia no Oriente Médio, emitiram opiniões similares sobre a decisão americana.
O príncipe Turki bin Faisal, ex-chefe dos serviços de inteligência da Arábia Saudita, afirmou que a decisão americana foi um “passo irresponsável”. O presidente do Irã, Hassan Rohani, afirmou que o país “não vai tolerar” o que considera uma violação internacional dos americanos. Hassan Nasrallah, líder da organização libanesa xiita Hezbollah, apoiada pelo Irã e com milhares de mísseis apontados para Israel na fronteira do Líbano, exortou os palestinos a se levantarem contra os israelenses.
A decisão de Trump de reconhecer Jerusalém como a capital de Israel não só significa um respaldo aberto ao governo direitista e colonialista de Netanyahu, mas também uma provocação aberta ao povo palestino que considera Jerusalém como a capital do futuro estado próprio. As repercussões vieram de imediato não só no rechaço da maioria dos países, mas também nos protestos que começaram em todo o Oriente Médio, uma região que por si já é convulsiva e que com a decisão de Trump, ameaça acender fogo.
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