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OPERAÇÃO LAVA-JATO
Folha de São Paulo finge ter descoberto hoje que Lava Jato salva empresários
Taciana Garcia
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A Folha de São Paulo publicou uma matéria esta manhã (22/11) onde expõe que a comparação dos rigores das penas entre empresários e políticos leva a concluir que os empresários estariam sendo “protegidos”.

Um dos motivos seria o fato de que empreiteiros e empresários decidiram “colaborar” com a justiça firmando acordos de delação, o que fez reduzir suas penas, por isso teriam penas mais brandas, no entanto, este fato não explica tudo. Nos casos analisados pelo juiz Sérgio Moro, já nas fases iniciais do cálculo de pena, antes de serem analisados fatores atenuantes ou agravantes, como a confissão, por exemplo, a disparidade de tratamentos é grande.

Em matéria a Folha parece ter “descoberto”, apenas após analisar as penas julgadas em 4 anos de Lava-jato, que os grandes capitalistas ligados à corrupção são salvos pelos juízes. Há anos há inúmeros artigos no Esquerda Diário que analisam a forma como a Lava-Jato é parte de uma operação que tem por trás grandes capitalistas como atores enredados em uma disputa entre imperialismos, e não está em jogo ali nenhum combate real à corrupção, a operação nunca foi imparcial servindo para fortalecer instituições reacionárias como o judiciário e a Polícia Federal.

É fato que alguns dos empresários tiveram uma série de benefícios, como o caso conhecido dos irmãos Batista da J&F, contudo, a Folha não menciona as grandes empresas estrangeiras que apesar de terem uma série de citações nunca foram sequer investigadas, por exemplo, no contexto dos casos relacionados à Petrobrás.

Veja aqui diversas análises sobre a operação Lava-Jato publicadas no Esquerda Diário

Ao comparar as diferenças de tratamento dada pelo estabelecimento de penas na Operação Lava-jato entre políticos e empresários, a Folha de São Paulo constata que empresários estão em vantagem, contudo, se por um lado faz transparecer que empresários são salvos de seus crimes, dá um tom também como se os políticos fossem mais severamente punidos, com punições mais duras até do que os cidadãos comuns, como se nota na seguinte passagem:
“O rigor contra crimes de colarinho branco é um dos pilares da estratégia que procuradores e juízes à frente da Lava Jato adotaram no combate à corrupção. Na sua visão, a mão pesada pode inibir a repetição de delitos como esses, aumentando os riscos para quem os pratica. Várias sentenças têm sido mais duras do que as impostas aos culpados por alguns dos crimes mais chocantes da crônica policial recente.”

Contudo, a verdade é que além dos empresários se tornarem uma espécie de “aliados” por conta de suas delações premiadas, muitas vezes tendo penas como multas financeiras que pouco os atingem assistimos como também, pelas mãos da operação lava-jato, políticos também cumprem penas em regimes semiabertos em suas mansões, com uma série de regalias. Mesmo aqueles políticos que foram condenados a anos de prisão estiveram longe de receber tratamento parecido com os trabalhadores negros das periferias brasileiras. A Folha parece esquecer aqui que parcela significativa dos presos permanece anos sem nunca nem serem julgados, estão presos sem nunca terem sido oficialmente condenados.

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O artigo da Folha ainda aponta que a lava-jato “descobriu” algo sabemos ao menos desde o século XIX, em suas palavras: “O avanço da Lava Jato também contribuiu para alargar o entendimento de alguns crimes. Doações eleitorais feitas oficialmente, não com uso de caixa dois, têm sido tratadas pelos juízes como dinheiro sujo em vários casos, porque delatores vinculam as contribuições à obtenção de vantagens ilícitas pelos doadores.”. Em outras palavras, “O Estado é um balcão de negócios da burguesia”, ou “O o Estado é um instrumento de dominação de classe”, dizia Marx. O fato é que a Folha neste tempo todo foi até a metade em suas análises porque a mídia também esteve comprometida com interesses próximos aos da Lava-Jato.

No ultimo período a Lava-Jato perdeu forças, mas segue sendo uma ferramenta da burguesia para suas manobras políticas. Analisando matéria da Folha pode até parecer que a Lava-Jato cumpriu seu papel e puniu os políticos corruptos, mas com margens para mais interpretações, a Lava-Jato puniu quem lhe era interessante para as manobras políticas programadas pelas elites. Não existe uma forma de julgar e sim um jogo de interesses que na maioria das vezes privilegia os empresários. Não precisamos ir longe, a delação da JBS que foi um escândalo nacional, de inicio os irmãos Batista teriam que pagar uma multa e seguiriam suas vidas, mas como tudo é jogo político, uma investida contra o governo Temer numa tentativa de golpe dentro do golpe, culminou na prisão dos irmãos Batista. O que não podemos esquecer é que mesmo assim o patrimônio dessa empresa que é gigantesco e só foi possível por conta de acordos com a política brasileira e de jogos macabros de corrupção, não está em risco e permanece seguro nos EUA.

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A grande questão é que a Lava-Jato longe de ser uma fortaleza anticorrupção, é uma ferramenta do Imperialismo para ter controle sobre a economia e a política nacional e se choca diretamente com alguns interesses de parte da própria burguesia nacional, e enquanto os “grandões” se digladiam e entram em acordos, a classe trabalhadora sofre duramente os efeitos o golpe. Enquanto acordos milionários são firmados para livrar um ou outro político, como o banquete oferecido pelo golpista Temer para aprovar a PEC 241/55 (para citar um em vários exemplos), a reforma trabalhista é aprovada e entra em vigor criando condições cada vez mais precárias aos trabalhadores.

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