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TRABALHO ESCRAVO
Governo Italiano teria financiado a escravidão na Líbia para conter a migração
Pedro Cheuiche

Governo italiano se associou com milicias armadas em troca de conter imigração no solo europeu, videos de venda de escravos levantam suspeitas da participação direta do governo italiano, pois os mesmos traficantes que levavam pessoas para a Europa agora estariam transformando os imigrantes em escravos.

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Em agosto desse ano para setembro o numero de migrantes caiu 85%. Somente 2.729 deles chegaram à costa italiana, comparados com os mais de 18 mil no ano anterior, de acordo com a agência de refugiados da ONU. As chegadas de migrantes vindos da Líbia caíram 50% em julho e caiu também o número de mortes no mar—11 em agosto, em comparação com as 42 no mesmo período em 2016. (fonte)

A abrupta queda do numero de refugiados na Europa suscitou uma serie de questionamentos acerca de qual método a UE adotou para conter as milicias que ficam na fronteira e fazem a travessia de refugiados. A Itália tem um histórico de como trata da imigração, durante o governo Muammar Kadafi, a Itália financiou em bilhões de dólares o ditador líbio em troca de conter a migração entre outras medidas estratégicas para o governo Italiano(fonte). Porque seria diferente agora?

O arranjo se desfez quando Kadafi foi derrubado em 2011 durante a primavera árabe e a mudança de governo mudou a postura da Itália, que agora segundo Mattia Toaldo, um especialista em Líbia no Conselho Europeu de Relações Exteriores ao NY Times sobre a nova politica italiana na Líbia: "Isso é basicamente o que a Itália fez com Kadafi, mas em uma escala muito maior, porque em vez de um único ditador, você precisa pagar dez chefes de milícia".

A nova postura italiana após anos seguindo a cartilha da UE mudou após que ela decidiu "agir por si só", as aspas estão aí pois boa parte do trabalho de financiamento das milicias é feito pela própria ONU. O líder da principal milícia, Ahmed Dabbashi, falou ao "The Times" de Londres que o governo de unidade apoiado pela ONU em Trípoli havia lhe prometido veículos, barcos e salários em troca de cooperação.

Há poucos dias diversas denuncias e até um vídeo divulgado pela CNN apontaram para a existência de um consolidado mercado de escravos na Líbia. No vídeo é possível ver vários homens sendo leiloados por 900, 1000, ou 1100 dinares, o equivalente a 800 dólares. Um dos refugiados vendido como escravo foi identificado pela CNN como de origem nigeriana, e foi introduzido no leilão como parte de um “grupo de homens fortes para trabalho agrícola”. A repórter da CNN, Nima Elbagir, foi a um desses leilões e divulgou imagens. Ele ocorreu próximo a Tripoli, capital da Líbia:

A imbricada relação entre governo italiano e as milicias nos leva a questionar se esses mesmos grupos, aliados ao governo italiano não teriam desviado seus ganhos com o tráfico de pessoas intercontinental para o tráfico de pessoas escravizadas. Mesmo que a hipótese não se confirme é evidente a participação da Itália em promover grupos milicianos e incentivar suas práticas, das mais nefastas possíveis em troca de manter seus privilégios de país europeu enquanto os imigrantes sofrem em seus países de origem com um caos social e politico.

Na entrevista acima da CNN, ainda sem tradução, com Victory, de 21 anos, da Nigeria conta que tentou escapar para a Europa e gastou todo seu dinheiro na empreitada para pagar o "resgate" aos traficantes, quando foi vendido no mercado de escravos na Líbia. Agora foi deportado de volta para seu país de origem.

Esse relato é ainda mais contundente de como os mesmos traficantes que o tiraram da Nigéria o transformaram em escravo na Líbia, levantando a suspeita de que o Governo Italiano tenha financiado uma rede de escravos internacional com sua politica de "contenção de imigrantes".

A assistência italiana, financeira e de outros tipos, é enviada através do governo de unidade apoiado pela ONU em Trípoli, que por sua vez é financiado pela Itália. Por telefone ao NY Times, vários representantes do governo de unidade disseram que Roma aumentou os pagamentos e os fornecimentos de equipamentos para milícias em Sabratha, Zuwarah e outros pontos de contrabando costeiros. "Nós nos encontramos com os italianos hoje, e esperamos receber 200 milhões de euros (R$ 746 milhões), que distribuiremos de acordo com nossas necessidades", disse ao Times Tarek Shanbour, diretor do departamento de segurança costeira em Trípoli.

Giro, o ministro italiano das Relações Exteriores, reconheceu que alguns ex-traficantes haviam recebido medicamentos, verba para hospitais e outras formas de assistência. Entretanto instituiu que nenhum dinheiro foi repassado para as milicias, o que é um tanto difícil de acreditar. Mohamed Eljarh, um analista do Atlantic Council ao Times se pronunciou: "Não acho que eles abririam mão de grandes quantias de dinheiro assim", ele disse. "Sem dinheiro, esses grupos não têm poder em suas áreas".

"Nós conhecemos a ganância desses grupos", disse Mohamed Dayri, ministro das Relações Exteriores para um dos três governos rivais da Líbia, que descreveu a política italiana como um desastre. "Eles vão usar o dinheiro para comprar mais armas", ele disse.

Fonte da Foto: Opinião e Notícia

 
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