O Banco Mundial realizou uma pesquisa em escolas do Ceará em que professores foram treinados para aumentar a concentração dos alunos em sala de aula. Mas qual seria o interesse do Banco Mundial em pesquisas desse tipo?
Está claro que a educação pública brasileira está indo de mal a pior. Salas de aula lotadas, falta de investimentos, prédios precários e professores com problemas de saúde são frequentes na realidade escolar. Mas será que a a questão central desse problema é a falta de treinamento dos professores em sala de aula para saber lidar com a "falta de concentração" dos alunos ou "como controlar o caos" em sala de aula?
A cada 30 minutos, meio milhão de reais são cortados da educação no Brasil
PEC 55 (ou PEC 241) congelou por 20 anos todos os gastos na educação e na saúde no Brasil, aprofundando ainda mais a situação caótica que se encontram os serviços públicos. Com a aprovação da lei da terceirização, a precarização dos postos de trabalho também ocorrem na educação, pois ela possibilita que cargos como o de professores sejam terceirizados. No estado de São Paulo, Alckmin tentou fechar escolas, e após a resistência dos estudantes secundaristas, ele retrocedeu, entretanto ainda persistiu com sua política de sucateamento do ensino público e fechou salas de aula, aumentando ainda mais a superlotação. Fica evidente que o real problema da educação pública no nosso país são os ataques contra um direito básico.
Todos esses ataques têm um objetivo muito claro: a privatização da educação pública. Isso responde a pergunta inicial do texto: qual seria o interesse do Banco Mundial em pesquisas como essa, se não culpar os professores pela falta de rendimento das escolas, livrando o peso dos governos e do projeto nacional de sucateamento da educação com o objetivo de privatizá-la, favorecendo os grandes empresários da educação privada como a Kroton-Anhanguera?
A culpa da indisciplina e falta de concentração em sala de aula não é dos professores. É dos governos, que cada vez mais precarizam a educação, reservando à juventude um ensino raso, tecnicista e sem sentido.
A educação é um direito e deve ser público, gratuito e de qualidade para todos.
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