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CAMPANHA IGUAL TRABALHO, IGUAL SALÁRIO
MG: Trabalhadoras negras terceirizadas: as mulheres que sustentam a nossa universidade
Maré
Professora designada na rede estadual de MG
Caline Gambin
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Por serem mulheres, enfrentam a desigualdade salarial em relação aos homens. Por serem mulheres e negras, ocupam os piores cargos de trabalho, herdados da lucrativa relação entre o racismo e a exploração de mão de obra escrava que ergueu Minas Gerais e todo o Brasil. Por serem trabalhadoras são, dentre as mulheres e dentre as negras e negros, as mais vulneráveis às opressões e as principais alvos da reforma trabalhista. São essas as mulheres que garantem o funcionamento básico das universidades.

Basta olhar para os uniformes para constatar quem recebe menos e mais na UFMG. A categoria de professores universitários, por exemplo, é composta majoritariamente por brancos. Para a maioria dos negros a entrada na universidade ainda é restrita ao cumprimento dos trabalhos “não-intelectuais”. São eles seguranças, cantineiras, jardineiros, marceneiros, pedreiros e faxineiras. Essa divisão não tem só raça. Novamente: basta olhar para os uniformes e contar quantas são mulheres.

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Com às cotas essa realidade começa a se transformar, mas, por outro lado, o filtro social e racial do vestibular aliado à necessidade de manter o funcionamento das salas de aula, laboratórios e outros espaços por um baixo custo (dentre outras questões) insiste em tentar conservar a universidade tal como é, com mulheres negras na limpeza e homens brancos na pesquisa. Mas mesmo essa conservação, com todos os problemas, mas também com os direitos duramente conquistados pelos trabalhadores, começa a se mostrar extremamente frágil em momentos de crise e requer olhos atentos não só para resistir, mas para barrar os ataques desde a raiz.

Querem retroceder com os direitos básicos conquistados, impondo a essas mulheres negras a terceirização irrestrita, a reforma trabalhista e começam a se apressar com a reforma da previdência.

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Na UFMG, frente à crise comandada por Temer e gerida pela reitoria para garantir que seja descarregada nos ombros da juventude e dos trabalhadores, quem paga muito caro são os terceirizados, em sua maioria mulheres e negras. A terceirização, que graças às reformas de Temer agora é irrestrita, é a solução encontrada para pagar menos aos trabalhadores que desenvolvem o mesmo serviço e às vezes serviços mais precários do que trabalhadores efetivos. No caso das mulheres negras existe ainda uma gritante diferença salarial de 60% em relação aos homens brancos. Essa realidade é possível, pois o capitalismo usa o machismo e o racismo para oferecer a elas os cargos mais precários e desvalorizados.

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Além do trabalho terceirizado já ser superexplorado e precarizado, são os terceirizados os primeiros a serem demitidos quando existe a necessidade de cortar gastos, e com a possibilidade de demissão sempre presente os trabalhadores chegam a trabalharem doentes, realizar tarefas dobradas com o medo do descarte. Não bastando, essas mulheres ainda sofrem com a jornada dupla de trabalho, a falta de educação, saúde e cultura. O direito ao aborto lhes foi negado e hoje o incessante trabalho lhes nega o direito à maternidade. Na UFMG não há creches e escolas que seus filhos possam acessar.

Explorar e manter os lucros, sugar até a última gota de suor dos trabalhadores: esse é o objetivo de Temer e dos capitalistas com a reforma trabalhista que, iminente, entra em vigor a partir do dia 11 de novembro. A reforma trabalhista junto a lei da terceirização irrestrita é o combo perfeito para que os capitalistas mantenham seus lucros e as trabalhadoras negras continuem recebendo 60% a menos que os homens brancos, e as terceirizadas sigam pagando pela crise.

Esse objetivo não pode ser perdoado nem aceito na UFMG ou em qualquer universidade que é mantida com o trabalho dessas mulheres. Desde cada campus, de cada universidade, por essas e com essas mulheres, precisamos todos gritar: “igual trabalho, igual salário!”; “abaixo à reforma trabalhista!”; “pela efetivação de todos os terceirizados sem concurso público!” e "pela readmissão dos terceirizados demitidos".

 
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