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RIO DE JANEIRO
O histórico criminoso do BNP Paribas vencedor do leilão da CEDAE
Juan Chirioca
RIO DE JANEIRO
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Foto: Gonzalo Fuentes/Reuters

O processo de entrega da Companhia Estadual de Água e Esgoto do Estado do Rio de Janeiro, ainda que com idas e vindas, continua avançando como é do interesse dos governos estadual e federal dos pemedebistas Temer e Pezão.

O suposto leilão para ver que banco daria o empréstimo para o Estado do Rio para avançar no plano de recuperação fiscal tinha inicialmente a previsão de participação de 11 bancos privados. O Bradesco anunciou um dia antes que não iria participar do processo. Às 17h da quarta-feira, 1º de novembro, só um banco se apresentou no pregão. O BNP Paribas.

BNP Paribas é atualmente um dos maiores bancos franceses e também da Europa. O BNP Paribas tem atualmente presença em 75 países. O gigante financeiro nasceu em 23 de maio do ano 2000 por meio da fusão do Banco Nacional de Paris com o Paribas. Está listado como First Market na bolsa de valores francesa Euronext Paris. Segundo a Forbes, em 2016 o BNP Paribas ocupou a 24º lugar no ranking das 50 maiores empresas no mundo.

O resultado do pregão, a vitória do BNP Paribas por “W.O” poderia ser atribuído a inconsistências jurídicas e por tanto, a falta de interesse dos outros bancos em fechar um acordo de empréstimo com o Estado do Rio de Janeiro por este último estar numa situação que não passa muita segurança no pagamento de suas dívidas como vem acontecendo há um tempo com os salários dos servidores públicos. Mas como veremos os bancos se beneficiam mais ainda com as crises dos estados como acontece agora com o Rio de Janeiro. Mas um olhar mais atento precisa levar em consideração às práticas corruptas tanto do próprio banco como dos governos do PMDB no Brasil inteiro.

“O leilão foi uma encenação” afirmaram muitos dos cedaeanos presentes no ato na quarta-feira 31/10 em frente ao Palácio Guanabara. E não é a primeira vez que o BNP Paribas aparece envolvido em acontecimentos que prejudicam diretamente a vida do povo carioca e do Estado do Rio de Janeiro.

Em 2014, o RioPrevidência lançou a “Rio Oil Finance Trust” que emitiu bônus do petróleo para pré-pagar dívidas com o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal. A emissão desses títulos, permitiram o Rio Previdência arrecadar mais de R$3 bilhões. Foi essa operação, chamada de “operação Delaware”, que levou o Rio Previdência à falência gerando uma dívida que hoje supera os R$18 bilhões com a União.

O fundo para receber esse dinheiro foi criado no paraíso fiscal do estado de Delaware nos Estados Unidos com o envolvimento do Banco do Brasil, do BNP Paribas e também do atual Secretário de Fazenda, Gustavo Barbosa que levou à frente o suspeito leilão da privatização da CEDAE, que no período era presidente do RioPrevidência. Difícil não achar estranho que o secretário declarasse que o resultado do leilão foi “um sucesso” quando fecha um acordo por um empréstimo insuficiente para regularizar a situação do funcionalismo público e do sucateamento dos serviços essenciais, em troca da empresa estatal melhor sucedida e a preço de banana que é a CEDAE, e ainda com juros altíssimos de 145,7%. Se a operação foi um sucesso deve ter sido para os banqueiros franceses do BNP Paribas ou dos políticos do PMDB.

O nome do banco francês aparece vinculado à corrupta JBS dos irmãos Batista. O BNP Paribas foi contratado pela processadora de alimentos para servir de assessora no processo de venda da unidade de venda da MOY PARK, empresa britânica de alimentos. É bom lembrar para os mais desavisados que a JBS e os irmãos Batista estão envolvidos nos casos de corrupção investigados pela reacionária operação Lava Jato. Em 2016 foi iniciado um processo de investigação contra uma série de bancos acusados de terem se coordenado para controlar o valor cambial no Brasil. Um desses bancos era o BNP Paribas.

Também em 2016 na Argentina vinte ex-executivos do BNP Paribas foram acusados de lavagem de dinheiro com contas no exterior e em paraísos fiscais. O valor da operação investigada encontra-se por volta dos US$1.2 bilhão. A operação foi recorde na Argentina embargando mais de 750 milhões de dólares das propriedades dos ex-executivos do banco francês. Na Espanha, mesma coisa. Dez ex-diretores do BNP Paribas e do Santander são investigados atualmente por (pasmem!) lavagem de dinheiro.

Em 2014 o banco francês pagou uma multa histórica de US$8,97 bilhões como resultado de uma investigação criminal no centro do imperialismo. O banco também aparece citado no escândalo internacional dos paraísos fiscais no Panama Papers como um dos organizadores de lavagens de dinheiro no paraíso fiscal centro americano. Recentemente nos EUA o banco foi multado em US$246 milhões por “práticas inseguras e inadequadas” e anteriormente o corretor do BNP Paribas Jason Katz foi proibido de participar na indústria bancária por manipulação dos preços do mercado cambial. Em 2004 a superpotência imperialista também processo o banco por irregularidades nas transações financeiras no programa da ONU “petróleo por alimentos” no Iraque.

Em 2009 um tribunal em Hong Kong condenou o ex vice-presidente do BNP Paribas Ma Hon-Yeung por ter se aproveitado de informação confidencial numa transação financeira pelo valor equivalente a 120 mil dólares. O escândalo de pagamento de Sobornos na Siemens teve como um dos envolvidos o banqueiro suíço Jean-Claude Oswald, ex executivo do BNP Paribas. Em Moçambique o BNP Paribas também esteve envolvido na transferência de US$2 bilhões ao país e também na venda de títulos da dívida que no país já alcança níveis insustentáveis segundo o próprio governo.

Talvez o mais sujo e criminoso dos escândalos relacionados com o BNP Paribas, seja o envolvimento do banco com o genocídio em Ruanda no ano de 1994. O banco está sendo acusado por 3 Organizações Não Governamentais (Sherpa, o Coletivo de Partes Civis para Ruanda (CPCR) e a ONG Ibuka France) por ter participação e por ter ajudado a financiar a compra de armas após se iniciar o processo de embargo de armas no país. O BNP Paribas transferiu aproximadamente US$1 milhão do Banco de Ruanda para uma conta na Suiça de um comerciante de armas da África do Sul para ingressar no país mais de 80 toneladas de armas. O genocídio acabou com a vida de mais de 800 mil pessoas em 1994.

Os bancos e os banqueiros enriquecem com as crises econômicas, com o desemprego e a miséria do povo trabalhador. E é o que o BNP Paribas pretende com o empréstimo ao estado do Rio. Aproveitar a profunda crise no Brasil e no Estado do Rio para lucrar enormemente com a dívida e com a privatização das empresas estatais.

Enquanto isso a dívida pública continua crescendo e os banqueiros continuam lucrando ainda mais. O pagamento da dívida pública é uma verdadeira bolsa banqueiro onde eles mesmos decidem a taxa de juros que o estado deverá pagar sobre essa dívida. É o maior roubo da economia brasileira que suga do bolso dos brasileiros quase o 50% do PIB anualmente. Dinheiro que poderia melhorar os serviços públicos e servir para gerar muitas melhoras na qualidade de vida da população brasileira.

O plano de recuperação fiscal só servirá para aprofundar a entrega das riquezas ao capital privado internacional enriquecendo também os políticos corruptos que hoje governam o Brasil. O empréstimo que o BNP dará ao Estado do Rio de Janeiro por R$ 2,9 bilhões e que terá como garantia as ações da Cedae não será suficiente para pagar os salários atrasados e o resto de valores devidos ao funcionalismo público como o 13º salário de 2016 e gratificações. Muito menos ajudará ao governo golpista do Pezão a bancar as futuras obrigações, como por exemplo o abono de fim de ano de 2017.

Por isto é preciso lutarmos pelo não pagamento da dívida pública que enriquece os banqueiros e empobrece cada dia o bolso dos trabalhadores no Rio e no Brasil.

 
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