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DEMISSÕES NA VALLOUREC
Por que os trabalhadores estão sendo demitidos?
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais

Após cerca de 160 demissões na Vallourec em sua unidade mineira na semana passada, mais de uma dezena de trabalhadores foram demitidos em algumas das superintendências da empresa. Afetada por uma perda de caixa, a Vallourec joga nas costas dos trabalhadores a crise da indústria e do baixo crescimento da economia no país que no caso desta empresa tem seu caixa afetado também devido à crise no setor petrolífero e os impactos de queda de vendas destinas à Petrobrás.

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Como já foi publicado no Esquerda Diário, a Vallourec é uma empresa de capital fechado de atuação mundial cuja maior parte das vendas de 2014 veio do setor de petróleo e gás natural (66,6%). Na América Latina, o Brasil que ocupava o segundo lugar em relevância de vendas para a empresa, teve em 2014 a queda para 16,1% do total da vendas. Hoje esse número é ainda mais impactado na medida em que se aprofunda a crise na Petrobrás com as investigações de corrupção na estatal, a queda no preço do petróleo e a recessão econômica no país.

A maior preocupação da Vallourec é então com a perda de caixa (perda em valor de vendas e em valor de seus investimentos). E para dar uma resposta a esse problema a empresa descarrega a crise nas costas dos trabalhadores. Como a Vallourec tem uma perda de caixa, apenas incentivos do governo não responde aos problemas de lucro da patronal que precisa cortar no imediato custos e força de trabalho.

As empresas junto ao governo apostam em vias de ataques aos trabalhadores, seja por via de reestruturação produtiva devido à perda de caixa como faz a Vallourec; seja por via da intervenção do estado pagando para as empresas manterem seus lucros enquanto reduzem os salários e as jornadas dos trabalhadores como proposto pelo governo de Dilma e do PT.

Aos trabalhadores, porém, não interessa uma saída que visa a manutenção ou ressarcimento dos lucros de um punhado de capitalistas.

Abertura do livro caixa da empresa

As empresas seguem com seus segredos de produção que faz com que aos trabalhadores, que tudo produzem, sejam negados todo acesso ao livro caixa da empresa para poderem analisar o quanto o lucro da empresa retira as riquezas dos trabalhadores e do povo. Porém, os segredos existem apenas para os trabalhadores e para a população uma vez que entre si os capitalistas trocam informações para fazerem suas negociações. E o estado capitalista serve como balcão de negócios para esses interesses.

Exemplo disso são alguns casos das empreiteiras investigadas pela operação Lava Jato que tiveram o contrato rompido com a Petrobrás acusadas de pagarem propinas para executivos da estatal. Ou mesmo os contratos de milhares de reais pagos em nome de “consultorias” como a recém divulgada associação da empresa de José Dirceu, ex-ministro da Casa Civil, com desvios e lavagem de dinheiro nas obras da Refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.

Aos capitalistas e seus governos interessa o lucro de suas empresas e a saída para isso é extrair o máximo dos trabalhadores.

A Vallourec é uma multinacional que em nome do “progresso” e do “desenvolvimento” sempre espoliou dos trabalhadores e do povo suas riquezas a favor de um punhado de capitalistas. Em sua fundação com a antiga Mannesmann servia aos interesses de capitalistas alemães e hoje a capitalistas franceses e japoneses com a Vallourec e a VSB no interior do estado. Não deve seguir sendo os trabalhadores a pagarem pela ganância de um punhado de empresários aliados aos interesses imperialistas.
A empresa que alega estar com perda de caixa deve ter suas contas abertas junto a seu livro caixa para que os trabalhadores conheçam a real situação da empresa de danos causados pelos capitalistas, inclusive para que em momentos de crise os trabalhadores possam planejar a redução da jornada sem a redução de salário.

Isso só poderá ser possível com a força organizada e mobilizada dos trabalhadores, com lutas unificadas por categorias para não ficar à mercê da chantagem e terror patronal e das manobras divisionistas das burocracias sindicais. Assembleias gerais, assembleias por fábricas, comitês de luta eleitos nas bases, pois não é possível nenhuma confiança nos burocratas sindicais quando são os interesses dos trabalhadores que estão em jogo.

Sindicato da CUT impede resposta dos trabalhadores à altura dos ataques

Assim como na Vallourec, outras empresas da região demitem, implementam férias coletivas, banco de horas. Como alternativa para combater as demissões o sindicato dos metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem oferece aos trabalhadores no boletim de junho de 2015 o lay-off, banco de horas, licença remunerada e a suspensão do contrato de trabalho. Isso porque a estratégia da direção do sindicato, ligada à CUT, é a de negociar saídas paliativas frente a uma crise que é estrutural e já alcançou os patamares de 2008 e 2009, momento em que a indústria também foi duramente afetada pela crise.

Essa estratégia do sindicato é a mesma defendida pelo governo federal e o PT com a MP680 que quer introduzir com o PPE (Plano de Proteção ao Emprego) a redução da jornada de trabalho com redução do salário. Porém, com o fim do período de crescimento econômico em que se ergueu o chamado lulismo, já se tornou impossível seguir contentando empresários e os trabalhadores. Cada vez mais os trabalhadores sentirão na pele que tudo que a patronal dá com uma mão ela vai tirar em dobro com a outra.

Por isso a estratégia do sindicato de metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem impede por hora qualquer tipo de resposta dos trabalhadores à altura dos ataques que estão sendo implementados.

Apenas os trabalhadores, que tudo produzem, podem dar uma saída que responda aos interesses de toda a população, contra as demissões , contra os lucros dos capitalistas e contra as mazelas que atingem a população que começa a sentir mais os problemas das quedas no emprego, altas na conta de luz, falta de transporte público e educação de qualidade.

 
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