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CATALUNHA
Toda solidariedade ao direito de decidir na Catalunha: viva a Greve Geral do 3-O
Marie Castañeda
Estudante de Ciências Sociais na UFRN
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A partir da declaração política da CRT, Corrente Revolucionária dos Trabalhadores, organização irmã do MRT no Estado espanhol

O referendo pela independência realizado na Catalunha obteve 2.020.144 votos, dos quais 90% votaram pelo sim, ou seja, pela saída da Catalunha do Estado Espanhol. As condições do referendo foram completamente diferentes de 2014, com fortíssima repressão e a população nas ruas e escolas ocupadas para defender o direito de decidir. As escolas fechadas pela polícia deixaram 670.000 pessoas sem votar. Em 2014, votaram 2,3 milhões de pessoas. A estimativa do censo é de 42% dos votantes puderam votar. O ‘Não’ somou 176.666 votos, 7% do total. 0,89% dos votos foram nulos e 2% brancos.

As fortes imagens dos jovens e trabalhadores catalães fazendo a polícia recuar ou sendo duramente reprimidos nas ocupações tomaram as redes sociais, gerando solidariedade e inspiração no mundo todo. O que possibilitou a votação hoje foi um grande movimento de massas pelo direito de decidir a partir da reemergência do movimento estudantil com assembleias de base e ocupação das escolas, institutos e demais centros de votação. Centenas de estudantes, trabalhadores e ativistas deram início às votações com grandes concentrações massivas nas ruas.

Repúdio à polícia na Catalunha

Após toda a repressão implementada pelo governo do PP à frente, mas com apoio do PSOE (Partido Socialista Operário Espanhol) e de todos os setores do Regime de 78, Rajoy, presidente do governo da Espanha e responsável por toda a ação policial, afirma que não existiu referendo. O resultado da ação da polícia nacional e da guarda civil em 100 escolas, de mais de 800 feridos, não foi suficiente para cogitarem respeitar este direito democrático de poder decidir dos catalães, questionamento que precisa ser levado ao conjunto das leis que regem o país.

Ainda que setores como o Podemos ou os populistas como Ada Colau tenham repudiado a imensa repressão, estes seguem seus projetos de governos de coalizão até mesmo com o PSOE, que apoia ativamente a repressão na Catalunha; isso não é nem de longe equivalente à defesa do direito de decidir dos jovens e trabalhadores que colocaram seus corpos contra a repressão estatal hoje. Os setores “soberanistas” pretendem declarar a independência da Catalunha em no máximo 48 horas, são estes PDCat (Partido Democrático da Catalunha) e ERC (Esquerda Catalã), partidos tradicionais da burguesia catalã, e Puigdemont, presidente da Catalunha.

A CRT, organização irmã do MRT no Estado espanhol e impulsionadora do IzquierdaDiario.Es, integrante da Rede Internacional de Diários Esquerda Diário, emitiu uma declaração se colocando contundentemente em defesa de garantir a vontade da amplíssima maioria que votou. Dentro disso, frisou o quanto uma república catalã está distante de poder responder aos anseios da população, que vive as mazelas da crise econômica internacional expressa em um índice de desemprego de 22,1%, ainda mais após a demonstração de capacidade de autoorganização dos trabalhadores e jovens: a burguesia catalã não serve para estar à frente do processo de auto-determinação verdadeiro.

É evidente que as forças repressivas que tentaram impedir o referendo hoje respondem aos interesses dos governos e para poder realmente combatê-las, é necessário questionar o Regime de 78 de conjunto, questionar inclusive estes setores da burguesia catalã, que não tem nenhum interesse em resolver as necessidades mais candentes do povo trabalhador. Por isso é necessário concentrar apoio internacional à Greve Geral convocada para o dia 03 de Outubro na Catalunha convocada pela esquerda sindical e à qual se somaram a CCOO e a UGT, cujas cúpulas burocráticas foram obrigadas a isso pela fermentação das bases.

A classe trabalhadora precisa estar à frente de uma forte luta contra a repressão, em defesa do direito de decidir, sua auto-determinação e do resultado do referendo de hoje, e assim colocar as demandas dos trabalhadores, das mulheres, da juventude e dos imigrantes na linha de frente. Para que estas demandas possam realmente estar em pauta, é necessário ir além da Lei de Transitoriedade para um processo de constituinte onde a população realmente possa decidir sobre o que atinge suas vidas, como o aumento do salário mínimo, o fim do trabalho precário, o não pagamento da dívida externa, uma educação pública totalmente gratuita e sustentada com os impostos às grandes fortunas e estatização dos bancos e grandes empresas.

E para isso, é necessário construir uma luta independente do “Juntos pelo Sim” cuja cúpula apoia a greve geral apenas para garantir que possam manobrar para sua república, um novo estado capitalista. Para ganhar força, a classe trabalhadora de todo o Estado Espanhol e também internacionalmente deve transformar a defesa do direito de decidir por parte dos catalães em parte de suas próprias bandeiras, para construir uma unidade de classe contra o Regime de 78 herdeiro do franquismo, e impor um processo constituinte livre e soberano, capaz de determinar os rumos de todo o país, para preparar as bases da conquista de governos de trabalhadores a partir de organismos de autoorganização desenvolvidos no calor desta luta, na perspectiva de conquistar uma federação livre de repúblicas operárias da Península Ibérica e assim avançar na luta contra o capitalismo internacionalmente.

 
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