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TERREMOTO NO MÉXICO
Terremoto no México matou quase o dobro de mulheres, entenda o porque
Amanda Navarro

O terremoto no México deixou quase o dobro de mortes de mulheres quando comparada aos homens. A causa desta diferença brutal está relacionada ao papel doméstico imposto a mulher que são obrigadas a ficar em casa. Essa tragédia expressa também uma cara do machismo de todos os dias.

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Dos 198 mortes na capital mexicana após terremoto, o número de mulheres mortas é quase o dobro do que dos homens. Segundo dados divulgados pelo governo da capital, foram 127 mulheres mortas, contra 71 homens. Os dados mais recentes contabilizaram um total de 355 mortes em todo México e as principais vítimas têm sido as mulheres. São as mulheres aquelas que mais se encontram embaixo dos escombros, considerando os 38 prédios que desabaram com o abalo.

Existe uma explicação para tal diferença: quando ocorreu o terremoto, as maioria das pessoas que estavam dentro dos edifícios eram mulheres. Das mortes que ocorreram, 52,8% foram decorrentes da queda de habitações, o que explica boa parte da alta mortalidade em mulheres. Essa tese apóia-se por um problema central: o machismo e o patriarcado.

No México, 95% das empregadas domésticas são mulheres, e também são aquelas que mais se dedicam ao cuidado da casa e das pessoas. O machismo se expressa também durante catástrofes naturais, porque o aprisionamento de mulheres nas suas casas, e a obrigação com o cuidando do serviço doméstico e da família, foi o que caracterizou o número tão grande de mortes quando comparado aos homens.

Do total de horas de serviços domésticos realizados, apenas 22,8% é contribuição masculina, ou seja, 77,2% é fruto do trabalho feminino, colocando-as em casa desempenhando a maioria esmagadora das tarefas do lar.

As demais possibilidades de explicação do porquê desta imensa diferença nos números de mortes entre os gêneros não pode ser baseada em outra explicação, como por exemplo a diferença entre o total de mulheres e o total de homens na população, uma vez que a diferença é que há apenas 2,52% a mais de mulheres no México. Também não pode ser um fruto do acaso, pois por questões de probabilidade essa hipótese seria excluída. Não há outra forma de ler esta absurda diferença entre morte dos dois sexos se não pelo machismo e patriarcado na sociedade.

As tragédias também vem a tona como forma de escancarar o machismo latente na sociedade. A opressão contra as mulheres, que as coloca nos postos de trabalho mais precarizados e que muitas vezes são reproduções das mesmas tarefas que fazem no ambiente doméstico, que é o cuidado e limpeza dos lugares e pessoas, se expõe quando o número de mortes após um terremoto é o dobro para mulheres. Presas no seus próprios lares ou nos lares de outros, repousam sobre seus corpos não apenas os escombros de uma catástrofe natural, mas a opressão machista de todos os dias.

 
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