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28S: DIA DE LUTA PELA DESCRIMINALIZAÇÃO DO ABORTO
Entrevista com Cristiane Gandolfi, militante do PSOL ABC
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Cristiane Gandolfi é diretora do sinpro ABC e da Adims e executiva do PSOL de São Bernardo.

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Esquerda Diário: Qual a importância da luta pelo direito ao aborto no Brasil, frente às diversas medidas de ataques ao conjunto da população e à mulheres em especial?

Cristiane: Desde 2013 uma onda conservadora se constituiu no Brasil com o projeto de retirar todos os vestígios dos pequenos avanços que obtivemos com muitas lutas ao longo dos últimos séculos. O corpo da mulher sempre foi uma ameaça à ordem reacionária, pois diante da divisão sexual do trabalho cabe ao homem o poder de produzir e a mulher o de reproduzir. Diante do pensamento mais conservador nascemos para engravidar, cabe a nós a reprodução. No Brasil o direito ao aborto tem muitas restrições, somente é permitido no caso de estupro. E até mesmo neste caso corre-se o risco de perder este direito obvio, pois houve uma violência contra o corpo da mulher. Impedir a interrupção da gravidez indesejada nessa situação em dedução nos faz pensar que o governo está permitindo ao homem que procrie por meio de métodos violentos como esse. Por sinal, comuns em situação de guerra.

Junto a isso é preciso lembrar que diante das tecnologias advindas do pós anos 60 com a difusão da pílula anticoncepcional, a presença natural de preservativos masculinos em farmácias e supermercados, a pílula do dia seguinte que deve ser usada com cautela porque repercute junto ao corpo da mulher, mas diante de tantas opções que se diferenciam dos anos anteriores aos sessenta do séc XX, é preciso que a sociedade brasileira conceba o corpo da mulher de outro modo. Em primeiro lugar ele é da mulher e não da sociedade, trata-se de um direito particular, de fórum privado. Segundo a mulher tem direito ao gozo portanto o corpo é para si, para o seu prazer e não meio para o prazer do homem. Não vivemos mais os tempos da caverna em que o corpo da mulher era visto como deposito de esperma para a reprodução e por fim o aborto é a morte de uma relação mal vivida, nenhuma mulher aborta com prazer, há uma perda aqui de projeto de vida que devido as determinações sociais e circunstâncias no plano da razão o adequado é interromper o que nunca deveria ser vivido ou ter vivido de outro modo. Nesse 28 de setembro não podemos perder o direito de garantir a interrupção de gravidez indesejada devido a violência do estupro e sempre é bom lembrar que nós mulheres temos a liberdade de ir e vir, de disputar e ocupar o espaço público no mercado de trabalho, de ter nossa profissão e planejar nossas famílias com nossos companheiros. Temos direito ao prazer e a liberdade de amar. Corpo para si é um direito da mulher, pelo direito ao aborto e a consciência sobre o corpo na contemporaneidade.

 
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